Homilia — Mt 13,16-17 — Missa de sábado, 26/07/25
Homilia — Mt 13,16-17 — Missa de sábado, 26/07/25
Hoje a Igreja volta seu olhar para Santos Joaquim e Ana, os pais da Bem-aventurada Virgem Maria e, portanto, avós de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo a carne. Embora os Evangelhos canônicos digam pouco sobre eles, a Tradição viva da Igreja preservou sua memória como alicerces silenciosos de um grande mistério. Porque se Deus preparou para Seu Filho uma Mãe Imaculada, também suscitou um lar, uma família, um ambiente de fé onde esta Mãe pudesse nascer e crescer.

História de Joaquim e Ana
Segundo a tradição, Joaquim e Ana eram um casal justo, temente a Deus, mas experimentavam a dor da esterilidade. Na cultura de Israel, a ausência de filhos era um peso social e espiritual profundo. No entanto, como Abraão e Sara, como Zacarias e Isabel, eles confiaram contra toda esperança, e Deus, que escreve retamente por linhas humanas, deu-lhes uma filha única, Maria — a cheia de graça.
Aqui já aprendemos algo essencial: Deus age na história humana através da paciência da fé. Joaquim e Ana não sabiam que sua filha seria a Mãe do Salvador, mas viveram sua vocação com fidelidade, transmitindo-lhe amor pela Lei, vida de oração e coração voltado para o Senhor. Sua santidade não se manifesta em grandes feitos, mas no cotidiano vivido com justiça.
Por isso, a liturgia de hoje não celebra apenas dois indivíduos, mas a santidade do ambiente familiar. Santos Joaquim e Ana nos recordam que a história da salvação passa por famílias concretas, por pais e mães que educam na fé, que transmitem valores, que preparam terreno para que Deus semeie. De fato, Maria é fruto de um lar que acreditou na promessa.

Doutrina
Catequeticamente, esta memória nos convida a olhar para a importância dos nossos próprios lares como espaços de santificação. A família é chamada a ser Igreja doméstica, lugar onde a fé é ensinada, cultivada e celebrada. A santidade de Joaquim e Ana ecoa em cada avô que ensina a rezar, em cada avó que transmite a esperança, em cada pai e mãe que, mesmo entre dificuldades, mostram aos filhos o caminho de Deus.
Teologicamente, celebrar os pais de Maria nos mostra a lógica da encarnação. Deus quis vir ao mundo não como um meteoro que rompe a história de fora, mas nascendo no seio de uma família. Jesus não caiu do céu pronto; Ele veio por uma linhagem, por uma história, por um sim humano. Desse modo, este sim começou antes mesmo do “faça-se” de Maria: começou com a fé silenciosa de Joaquim e Ana, que geraram e educaram aquela que seria o tabernáculo vivo de Deus.

Atitudes
Na prática, irmãos e irmãs, esta festa nos chama a duas atitudes.
Primeiro, agradecer por nossas famílias, por aqueles que nos transmitiram a fé, mesmo que de maneira simples, mesmo que imperfeita. A fé que temos hoje é, muitas vezes, fruto de pais, avós, catequistas, testemunhas anônimas que plantaram uma semente.
Segundo, renovar nosso compromisso de sermos transmissores de fé. Seja você pai, mãe, avô, avó, padrinho, madrinha ou simplesmente cristão no meio de outros: você também é chamado a gerar fé nos corações.
Assim, pedimos hoje a intercessão de Santos Joaquim e Ana. Que eles nos ensinem a valorizar a vida familiar, a ter paciência nas esperas, a acreditar que Deus escreve sua história através de pequenos atos de amor. E que, como eles prepararam um lar para Maria, nós também possamos preparar corações onde Cristo sempre encontre espaço para nascer.
Santos Joaquim e Ana, rogai por nós. Amém.