Homilia diária — Mt 25,14-30 — Missa de sábado, 30/08/25

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Homilia diária — Mt 25,14-30 — Missa de sábado, 30/08/25

“Foste fiel no pouco… vem participar da minha alegria”


Amados irmãos, o Senhor nos coloca diante de uma parábola que exige decisão. Ele não nos distrai com imagens poéticas, mas nos confronta com o peso da responsabilidade e a beleza da fidelidade. Em Mt 25,14-30, Jesus narra a história de um senhor que entrega seus bens a três servos e, depois de muito tempo, volta para ajustar contas. Não se trata somente de um ensinamento moral ou empresarial, mas de uma revelação escatológica: o Reino de Deus exige vigilância ativa, responsabilidade concreta e fidelidade criativa.

A pedagogia da liberdade

    Jesus inicia a parábola dizendo que o Reino dos Céus se assemelha a um homem que, prestes a viajar, entrega seus bens a seus servos. Aqui, o Mestre nos revela algo essencial: Deus confia em nós. Ele parte, não por abandono, mas para permitir que exerçamos nossa liberdade. Ele nos entrega talentos, dons naturais e responsabilidades espirituais, vocações únicas, oportunidades sagradas.

    Cada servo recebe “conforme sua capacidade”. Ou seja, Deus não exige o impossível. Ele conhece o barro com o qual nos moldou. No entanto, Ele espera que multipliquemos o que recebemos. Assim, o tempo da ausência do Senhor torna-se o tempo da prova, da maturação da liberdade, da transformação do dom em fruto.

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    A fidelidade se manifesta no concreto

      Os dois primeiros servos agem com prontidão. Eles guardam o talento e o colocam em movimento. Trabalham, arriscam e fazem crescer aquilo que receberam. Por isso, ao voltar, o Senhor os chama de “bons e fiéis“. Eles não se destacam pela quantidade de talentos recebidos, mas pela fidelidade na missão.

      A fidelidade, aqui, não é passiva. Ela exige criatividade, empenho e, sobretudo, coragem de agir. Deus não quer servos imóveis. Ele não recompensa a timidez espiritual nem o medo paralisante. Ele se alegra quando fazemos o dom florescer — seja na vida familiar, no trabalho honesto, na evangelização cotidiana, na caridade silenciosa.

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      O medo que paralisa e o juízo que revela

        Por outro lado, o terceiro servo cava um buraco e esconde o talento. Ele age movido pelo medo. Teme o Senhor e, por isso, prefere a segurança da omissão ao risco da ação. No entanto, o Senhor o repreende severamente. Ele não o acusa por perder o talento, mas por não usá-lo.

        Aqui, Jesus denuncia uma falsa imagem de Deus: um senhor severo, injusto, impiedoso. O servo que escondeu o talento projetou no Senhor seus próprios temores, e esse medo o impediu de amar com liberdade. Na verdade, o que nos impede de frutificar espiritualmente não é a pobreza de dons, mas o coração fechado — fechado por medo, egoísmo ou indiferença.

        O juízo final, então, não será uma surpresa. Ele revelará o que fizemos com o tempo, os dons e as situações que o Senhor nos confiou. Deus não pedirá resultados empresariais, mas frutos de amor, generosidade e coragem.

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        A alegria como destino do servo fiel

        Jesus conclui com uma promessa que não podemos ignorar: “Foste fiel no pouco, vem participar da minha alegria.” O Senhor não chama à sua alegria aqueles que realizaram grandes obras aos olhos do mundo, mas os que foram fiéis no cotidiano, nos gestos escondidos, nos deveres bem cumpridos, nas palavras ditas com caridade, nas lutas travadas em silêncio.

        Essa promessa deve nos mover hoje. Cada um de nós recebeu talentos: fé, tempo, inteligência, afeto, recursos, posição social. O Senhor nos chama a investir tudo isso para a glória d’Ele e o bem do próximo. Ele nos observa com amor, torcendo para não enterrarmos o dom, mas o façamos crescer.

        Por isso, irmãos, não deixemos que o medo nos paralise. Se hoje estamos cansados, reanimemos a coragem, e se porventura caímos na omissão, levantemo-nos com esperança. Se desperdiçamos talentos, peçamos perdão e recomecemos. O Senhor não exige perfeição, mas fidelidade.

        E no fim, e esse fim se aproxima para todos, Ele nos receberá com um sorriso e dirá: “Vem, servo bom e fiel… vem participar da minha alegria.”. Assim seja.