Vivamos como quem já pertence ao Reino eterno, buscando aquilo que é duradouro, confiando na promessa de vida plena e gloriosa com Deus. Homilia diária — Liturgia católica — Sábado, 23/11/24
Homilia diária — Liturgia católica — Sábado, 23/11/24
O Evangelho de hoje nos apresenta um encontro de profundidade teológica e espiritual. Alguns saduceus, que não acreditavam na ressurreição, tentam colocar Jesus em uma situação embaraçosa. Eles apresentam uma questão elaborada, quase absurda, envolvendo uma mulher que se casa sucessivamente com sete irmãos, questionando: “Na ressurreição, ela será esposa de quem?” Mas Jesus, com Sua sabedoria divina, transforma esse debate em uma grande lição sobre a vida eterna e a essência de Deus.
A questão dos saduceus: um mal-entendido sobre a ressurreição
Os saduceus partem de um ponto de vista limitado. Eles reduzem a ressurreição a uma extensão da vida terrena, como se os relacionamentos e instituições deste mundo simplesmente continuassem no próximo. A pergunta deles é irônica e cheia de malícia, mas também reflete algo humano: nossa dificuldade em imaginar a vida eterna como algo completamente diferente do que conhecemos aqui.
Jesus não apenas corrige esse erro, mas amplia a visão. Ele nos lembra que a ressurreição não é uma simples continuidade da vida como a conhecemos, mas uma transformação gloriosa. Na vida futura, seremos “iguais aos anjos”, filhos de Deus em plenitude. Isso nos convida a refletir: estamos focando demais nas coisas temporais, ao invés de buscar as eternas?
A ressurreição: um chamado à esperança
A resposta de Jesus não é apenas um ensinamento teológico, mas um convite à esperança. Quando Ele afirma que os ressuscitados não se casam nem morrem, está revelando uma realidade mais elevada: na eternidade, não há limitações, separações ou sofrimentos como conhecemos aqui. Nossa relação com Deus será direta, perfeita, completa.
Esse é o destino que aguardamos, irmãos! A ressurreição não é um detalhe secundário da nossa fé, mas o centro da nossa esperança. É por isso que proclamamos no Credo: “Creio na ressurreição da carne e na vida eterna.” Jesus, com Sua morte e ressurreição, abriu para nós as portas desse futuro glorioso.
Deus dos vivos
A parte mais impactante da resposta de Jesus é quando Ele diz: “Deus não é Deus dos mortos, mas dos vivos, pois todos vivem para Ele.” Essa declaração transforma completamente nossa visão sobre a vida e a morte. Se Deus é o Deus de Abraão, Isaac e Jacó, então esses patriarcas ainda estão vivos para Ele, porque Deus é eterno, e quem está unido a Ele participa dessa vida eterna.
Essa verdade nos consola diante do mistério da morte. Nossos entes queridos que partiram em Cristo não estão perdidos; eles vivem para Deus. Isso nos chama a viver, desde já, como filhos e filhas do Deus dos vivos, confiando que nossa vida não termina com a morte, mas se transforma em algo infinitamente maior.
Um desafio para nós: viver com os olhos na eternidade
Ao refletirmos sobre este Evangelho, somos desafiados a reavaliar nossas prioridades. Vivemos como quem acredita na ressurreição? Ou estamos presos demais às preocupações e aos apegos deste mundo?
Os saduceus não acreditavam na ressurreição porque estavam apegados a uma visão limitada de Deus e da vida. Mas Jesus nos convida a uma fé que olha além, que confia na promessa de que, em Deus, todos vivemos para sempre.
Conclusão: Deus dos vivos em nosso coração
Meus irmãos, este Evangelho nos lembra que nossa fé no Deus dos vivos não é apenas um consolo, mas uma chamada à ação. Vivamos como quem já pertence ao Reino eterno, buscando aquilo que é duradouro, confiando na promessa de vida plena e gloriosa com Deus.
E que essa certeza da ressurreição nos inspire a amar mais, a servir mais, a perdoar mais. Porque, ao vivermos para Deus aqui, estamos preparando nosso coração para viver com Ele para sempre. Amém!