Que possamos seguir as bem-aventuranças, caminhando com os olhos voltados para o céu e os pés firmes na terra. Homilia diária — Evangelho de hoje — Domingo, 02/11/24
Homilia diária — Evangelho de hoje — Domingo, 02/11/24
Queridos irmãos e irmãs, hoje a Igreja celebra a Festa de Todos os Santos, um dia em que somos convidados a olhar para o céu, para o exemplo daqueles que nos precederam na fé e já estão na plenitude da alegria, contemplando a face de Deus. E o Evangelho que ouvimos nos conduz ao coração da santidade: as bem-aventuranças. Com palavras simples, Jesus nos mostra o caminho para o céu, um caminho que passa por atitudes e escolhas que, à primeira vista, podem parecer estranhas ao mundo, mas que são o segredo da verdadeira felicidade.
Quando Jesus sobe ao monte e começa a falar, Ele não está apenas dando um conjunto de regras. Não, Ele está revelando o que é o coração de Deus, está nos mostrando como devemos viver para sermos semelhantes a Ele. As bem-aventuranças são, na verdade, o retrato de Jesus e, ao mesmo tempo, o caminho que nos leva a Ele. Cada uma delas é como um degrau que nos aproxima da santidade.
“Bem-aventurados os pobres em espírito, porque deles é o Reino dos Céus.” Jesus começa nos lembrando da humildade. O pobre em espírito é aquele que sabe que tudo vem de Deus, que reconhece a própria fragilidade e dependência. A santidade começa aqui, irmãos: na humildade, no desprendimento, na entrega confiada a Deus. Os santos foram homens e mulheres que entenderam que nada do que tinham era realmente deles, mas de Deus. Eles abriram mão de si mesmos para se encherem da graça divina.
“Bem-aventurados os aflitos, porque serão consolados.” Jesus fala aos que choram, aos que sofrem, aos que carregam as dores e as angústias deste mundo. Santidade não é ausência de sofrimento, mas encontrar consolo em Deus e ser consolo para os outros. Quantos santos passaram por noites escuras, por desertos de aflição, mas jamais perderam a fé! Ao contrário, foram fortalecidos por ela e se tornaram consolo para os aflitos.
“Bem-aventurados os mansos, porque possuirão a terra.” Ser manso não é ser fraco, mas ter o coração forte na paciência, na serenidade e na bondade. Os santos foram mansos porque se deixaram moldar por Deus. Eles não procuraram impor suas vontades, mas fazer a vontade do Pai, mesmo quando isso implicava renúncia, sacrifício. Ser santo é ter a coragem de ser manso num mundo que valoriza a violência e o egoísmo.
“Bem-aventurados os que têm fome e sede de justiça, porque serão saciados.” Irmãos, a santidade não é passiva. Os santos foram aqueles que tiveram uma sede insaciável de justiça, que não se conformaram com as injustiças do mundo. Eles lutaram por um mundo mais justo, não com armas ou violência, mas com o amor, com a palavra, com o exemplo. Eles foram vozes que ecoaram o clamor de Deus pelos pobres, pelos marginalizados, pelos esquecidos.
“Bem-aventurados os misericordiosos, porque alcançarão misericórdia.” A santidade é marcada pela misericórdia, pela capacidade de perdoar, de compreender, de acolher. Os santos foram homens e mulheres que estenderam a mão ao próximo, que olharam para o outro com compaixão, que foram reflexo da misericórdia de Deus. Quantas vezes somos rápidos para julgar, para condenar, mas a santidade nos chama a sermos instrumentos da misericórdia divina.
“Bem-aventurados os puros de coração, porque verão a Deus.” A pureza de coração é a transparência diante de Deus e dos outros. Ser santo é viver com o coração limpo, com intenções puras, é viver na verdade. Os santos viveram assim, com um amor sincero, sem segundas intenções, e por isso, viram Deus em tudo, no mundo, nas pessoas, nas pequenas coisas.
“Bem-aventurados os que promovem a paz, porque serão chamados filhos de Deus.” Os santos foram construtores de paz, não só pela ausência de conflitos, mas porque trouxeram a paz do coração, a paz que vem de Deus. Eles foram pacificadores porque tinham Deus em seus corações e, onde quer que fossem, levavam essa paz.
“Bem-aventurados os perseguidos por causa da justiça, porque deles é o Reino dos Céus.” Os santos muitas vezes foram perseguidos, incompreendidos, até martirizados. Mas eles não desistiram, porque sabiam que sua recompensa estava nos céus. A santidade, irmãos, nos pede coragem, nos chama a permanecer fiéis, mesmo quando somos ridicularizados, rejeitados. Porque o que buscamos não é a glória deste mundo, mas a glória que só Deus pode nos dar.
E, finalmente, Jesus nos diz: “Alegrai-vos e exultai, porque será grande a vossa recompensa nos céus.” Ser santo é viver para essa recompensa. Não é uma felicidade passageira, é a alegria eterna que só Deus pode dar.
Queridos irmãos e irmãs, a festa de Todos os Santos nos lembra que a santidade não é uma meta distante, reservada a poucos, mas é o chamado de todos nós. Hoje, celebramos não apenas os santos canonizados, mas todos aqueles que, em suas vidas simples e escondidas, viveram com amor, com humildade, com fé. Eles são nossos exemplos, nossos intercessores. E nos dizem que o caminho da santidade começa aqui e agora, nas pequenas atitudes, nos pequenos gestos.
Que possamos seguir as bem-aventuranças, caminhando com os olhos voltados para o céu e os pés firmes na terra, fazendo o bem, amando, servindo e vivendo com o coração aberto ao amor de Deus. Amém.