Essa história é mais do que uma narrativa sobre economia ou administração. É uma profunda metáfora sobre o que Deus espera de cada um de nós. Homilia diária — Evangelho de hoje, 4ª-feira, 20/11/24
Homilia diária — Evangelho de hoje, 4ª-feira, 20/11/24
Hoje nos encontramos diante de uma parábola provocante e desafiadora. Jesus, a caminho de Jerusalém, aproveita o contexto da proximidade da cidade para ensinar sobre o Reino de Deus, sobre a responsabilidade que Ele nos confia, e sobre as consequências de nossas escolhas.
Essa história é mais do que uma narrativa sobre economia ou administração. É uma profunda metáfora sobre o que Deus espera de cada um de nós e como respondemos ao chamado de sermos cooperadores em Sua obra.
O homem nobre: um símbolo de Cristo
O homem nobre que parte para ser coroado rei é claramente uma figura de Jesus. Ele fala de sua própria missão: Ele veio ao mundo, realizou Sua obra, mas partirá para o Pai, e um dia voltará como Rei. A viagem a “um país distante” representa essa espera pelo retorno de Cristo na glória.
Mas vejam: antes de partir, o homem entrega aos seus empregados algo precioso — cem moedas de prata, ou seja, dons, talentos e oportunidades. Isso nos mostra que Deus confia em nós. Ele nos dá recursos espirituais, materiais, capacidades e, acima de tudo, a liberdade para usá-los.
A missão confiada: “Negociai até que eu volte”
Este comando é o coração da parábola: “Negociai até que eu volte.” Jesus não nos deixa na inércia ou na espera passiva. Ele nos chama à ação! Ele espera que trabalhemos com aquilo que nos foi confiado, que coloquemos nossas vidas a serviço do Reino.
Mas o que significa negociar? Não é apenas multiplicar bens, mas multiplicar o amor, a justiça e a misericórdia. É viver a fé de forma ativa, tocando a vida das pessoas ao nosso redor, usando os dons que recebemos para espalhar o Evangelho.
Os servos fiéis: resultados e recompensa
Dois dos servos compreendem o que significa servir ao seu Senhor. Eles negociam e multiplicam o que receberam. Um transforma cem moedas em mil; o outro, em quinhentas. Ambos recebem elogios e são recompensados com autoridade sobre cidades.
Aqui está uma mensagem clara: a fidelidade nas pequenas coisas conduz à grandeza no Reino de Deus. Não importa a quantidade inicial de dons, mas a nossa disposição em usá-los com coragem, sabedoria e dedicação.
Deus não exige perfeição, mas espera nossa cooperação. Ele deseja que sejamos bons e fiéis, mesmo com o pouco que temos. Ele se alegra em ver nossos esforços.
O servo medroso: a inércia que condena
E, então, aparece o terceiro servo. Diferente dos outros, ele não fez nada com o que recebeu. Ele guardou as moedas num lenço, alegando medo de seu Senhor. Mas, na verdade, esse servo nos mostra o que a falta de confiança em Deus pode fazer. Ele não usou as moedas porque tinha uma visão distorcida do Senhor — como um patrão severo e distante, e não como um Deus amoroso e confiável.
Essa é uma lição dura, meus irmãos. Quantas vezes deixamos de agir por medo? Quantas vezes enterramos nossos talentos, achando que Deus não espera nada de nós ou, pior, temendo errar? A inércia é uma forma de rejeição ao amor de Deus, pois Ele nos criou para sermos fecundos, para darmos frutos.
E o julgamento do servo é severo: até o que ele tinha foi tirado e dado ao que trabalhou. Isso nos ensina que o Reino de Deus é um reino de abundância, mas também de responsabilidade.
Os inimigos: aqueles que rejeitam o Rei
Por fim, a parábola menciona os inimigos que não queriam que o homem nobre reinasse. Estes representam os que rejeitam abertamente o Reino de Deus. Essa parte final nos lembra que haverá consequências para as escolhas que fazemos. A justiça divina é real, e Deus não ignora a rebeldia daqueles que deliberadamente se afastam d’Ele.
Mas, antes de julgarmos esses “inimigos”, olhemos para dentro. Será que, às vezes, nós também resistimos ao reinado de Cristo em nossas vidas? Será que dizemos “não” a Deus quando Ele nos pede mais fé, mais amor, mais entrega?
A caminhada para Jerusalém: a decisão está à nossa frente
O Evangelho termina com Jesus caminhando à frente de seus discípulos, subindo para Jerusalém. É um prenúncio do sacrifício d’Ele, que será coroado Rei na cruz. Mas, também, é um convite. Ele não força ninguém a segui-Lo, mas caminha à frente, mostrando o caminho.
Nós estamos diante de uma escolha: seguiremos esse Rei e colocaremos os dons que Ele nos confiou em prática, ou ficaremos parados, com medo, enterrando tudo o que recebemos?
Conclusão: viva como servo bom e fiel
Hoje, Jesus nos chama a refletir: o que temos feito com as moedas que Ele nos entregou? Estamos negociando, multiplicando o amor e a graça, ou estamos guardando tudo por medo, preguiça ou indiferença?
O Reino de Deus não é estático. Ele cresce com a nossa ação. E o Rei que voltará não é um estranho, mas nosso Salvador, que nos conhece pelo nome e deseja nos acolher na alegria eterna.
Irmãos e irmãs, que possamos ser como os servos fiéis, vivendo com coragem, entregando tudo ao Senhor e aguardando com esperança o dia em que Ele virá, com grande poder e glória. Amém!