O Filho do Homem vai ser entregue… Se alguém quiser ser o primeiro, que seja aquele que serve a todos! — Homilia diária — Domingo, 22/09/24 — Mc 9, 30–37
Homilia diária – Domingo, 22/09/24 – Mc 9, 30-37
O Evangelho de hoje nos leva a um dos momentos mais profundos e simbólicos da vida pública de Jesus. Vemos aqui, de maneira clara, a inversão de valores que Cristo nos apresenta, uma inversão que desafia nossa lógica humana. Jesus caminha com Seus discípulos, e enquanto eles discutem quem será o maior entre eles, o Mestre os prepara para algo muito maior do que o poder ou a glória terrena. Ele fala sobre Sua morte e ressurreição, e, ao mesmo tempo, nos ensina o verdadeiro caminho para o Reino dos Céus: o caminho do serviço e da humildade.
Três dias após sua morte, ele ressuscitará
Jesus começa anunciando Seu destino: “O Filho do Homem vai ser entregue nas mãos dos homens, e eles o matarão. Mas, três dias após sua morte, ele ressuscitará.” Aqui, temos um dos primeiros prenúncios da paixão. Jesus fala abertamente de Sua entrega, de Seu sacrifício. Mas os discípulos não compreendem. Como poderiam? Eles ainda estavam presos à visão humana de um Messias poderoso, que viria para restaurar Israel com força e majestade.
A ideia de um Messias que sofre e falece era, para eles, um mistério. No entanto, esse mistério é a chave de todo o Evangelho: é na cruz, na entrega total, que a glória de Deus se manifesta. A vida eterna brota do sacrifício, e a ressurreição é a vitória definitiva sobre a morte.
Logo depois, chegando em casa, Jesus percebe que os discípulos estavam discutindo quem era o maior. Essa discussão, por si só, revela o quanto eles ainda não entenderam a mensagem de Jesus. Eles estavam presos ao desejo de poder, de prestígio, de serem os “primeiros” no Reino de Deus. Mas Jesus, com paciência e amor, dá a eles — e a nós — uma lição transformadora.
Ele diz: “Se alguém quiser ser o primeiro, que seja o último de todos e aquele que serve a todos!” Aqui está o centro do Evangelho. A grandeza no Reino de Deus não é medida pela posição, pelo status ou pela influência. A verdadeira grandeza é encontrada no serviço, na capacidade de se fazer pequeno, de se colocar à disposição dos outros.
Jesus nos ensina que a liderança no Reino é servidora. Aqueles que ocupam os lugares mais altos são aqueles que se abaixam para servir os outros. Este é o paradoxo do Evangelho: os últimos serão os primeiros. O mundo nos diz para buscar o poder, o prestígio, a glória. Mas Jesus nos chama a buscar a humildade, a simplicidade, a doação.
Quem acolher em meu nome uma destas crianças
E, para ilustrar essa verdade, Jesus coloca uma criança no meio dos discípulos. A imagem da criança aqui é carregada de simbolismo. Na cultura da época, as crianças eram consideradas as mais frágeis e insignificantes da sociedade, sem voz ou poder. Ao abraçar essa criança e dizer: “Quem acolher em meu nome uma destas crianças, é a mim que estará acolhendo”, Jesus nos mostra que o Reino de Deus pertence aos pequenos, aos simples, aos que não têm pretensões de grandeza.
A criança simboliza a pureza, a confiança, a dependência. Ao acolher uma criança, acolhemos a Cristo. E ao acolher a Cristo, acolhemos o próprio Deus. Isso significa que, ao cuidarmos dos menores, dos vulneráveis, dos que não podem nos dar nada em troca, estamos, na verdade, acolhendo o próprio Deus em nossas vidas. Esse é o verdadeiro serviço, a verdadeira grandeza.
Conversão de coração
Irmãos e irmãs, quantas vezes caímos na armadilha de buscar reconhecimento, de querer ser o “maior” em nossos círculos, de medir nosso valor pelas conquistas e pela aprovação dos outros? Mas o Evangelho de hoje nos chama a uma conversão de coração. Jesus nos convida a mudar nossa mentalidade, a sair dessa busca egoísta pelo poder e a abraçar o caminho do serviço. O maior no Reino é aquele que se coloca a serviço dos outros, aquele que, como uma criança, confia em Deus e se abandona à Sua vontade.
Este Evangelho nos desafia a viver de maneira diferente. Jesus nos chama a olhar para o mundo com os olhos do Reino. Em vez de buscar posições de destaque, devemos buscar servir. Em vez de querer ser o primeiro, devemos nos colocar em último lugar. E, ao fazermos isso, encontramos a verdadeira grandeza, a verdadeira felicidade.
Rezemos
Que possamos, como os discípulos, aprender essa lição de Jesus. Que possamos abraçar o caminho da humildade, do serviço, da simplicidade. E que, ao acolhermos os pequenos, os esquecidos, os mais frágeis, possamos, de fato, acolher o próprio Cristo em nossas vidas. Amém.
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