Homilia diária da liturgia católica — 4ª-feira, 15/01/25

Homilia diária 4ª feira

Que possamos, como Jesus, ser instrumentos de cura e libertação. Homilia diária da liturgia católica — 4ª-feira, 15/01/25

Homilia

Queridos irmãos e irmãs, o Evangelho de hoje nos traz uma narrativa simples, mas profundamente rica em significado. Jesus sai da sinagoga e vai à casa de Simão Pedro, onde realiza uma cura aparentemente pequena: Ele “segurou a mão da sogra de Simão, ajudou-a a levantar-se, e a febre desapareceu.”

Esse gesto de Jesus pode parecer discreto, mas contém uma grande lição. Jesus, o Filho de Deus, que veio para libertar a humanidade do pecado e da morte, não ignora as pequenas dores da vida cotidiana. Ele se preocupa com a febre de uma senhora idosa e, com um toque cheio de compaixão, a levanta.

Esse é o nosso Deus: um Deus que se aproxima, que toca nossas feridas, que se importa com cada detalhe da nossa vida.

Essa cena também nos ensina algo importante sobre a resposta à cura que recebemos de Deus. A sogra de Pedro, ao ser curada, “começou a servi-los.”

Vejam, irmãos, que a cura não é apenas para o benefício dela mesma. Ela é restaurada para que possa servir. Esse gesto nos ensina que todo presente que recebemos de Deus – seja saúde, dons, ou oportunidades – deve ser usado para servir ao próximo. A resposta à graça de Deus é o serviço.

Quantas vezes pedimos a Deus que nos cure, que nos ajude, que nos liberte de algum sofrimento! Mas, quando recebemos essa graça, será que nos lembramos de nos colocar a serviço dos outros? Ou ficamos apenas satisfeitos com a nossa própria cura?

A sogra de Pedro nos ensina que o caminho do discípulo é o caminho do serviço. Quem experimenta a presença de Jesus em sua vida não pode permanecer passivo. Deve levantar-se e servir.

No mesmo dia, o Evangelho nos conta que, à tarde, depois do pôr-do-sol, a cidade inteira se reúne em frente da casa de Pedro. As pessoas trazem seus doentes, seus oprimidos, aqueles que precisam de libertação. E Jesus, com paciência e compaixão, cura muitos e expulsa demônios.

Essa multidão que busca Jesus representa todos nós. Todos carregamos alguma ferida, algum peso, alguma dor. E todos precisamos da presença curadora de Jesus. Mas notem: Jesus não faz milagres para se exibir. Ele não permite que os demônios falem, porque Sua missão não é ser reconhecido como um milagreiro.

Jesus veio para trazer libertação total – do corpo e da alma. Ele não apenas cura doenças físicas; Ele expulsa tudo o que nos oprime, tudo o que nos afasta de Deus.

E aqui vem um detalhe que não podemos ignorar. Depois de um dia tão intenso, cheio de curas e encontros, Jesus, de madrugada, quando ainda estava escuro, levantou-se e foi rezar num lugar deserto.

Esse gesto de Jesus é um exemplo claro para todos nós. Mesmo sendo o Filho de Deus, Ele sabia da importância da oração. Ele sabia que precisava estar em comunhão com o Pai, que Sua força vinha desse contato íntimo com Deus.

Quantas vezes, em meio às nossas ocupações e preocupações, esquecemos de reservar tempo para a oração? Achamos que estamos muito ocupados, que não temos tempo, mas Jesus nos mostra que, quanto mais intensa é a missão, mais necessário é buscar o silêncio, a intimidade com Deus.

A oração não é um luxo, irmãos. É a fonte da nossa força. É o que nos sustenta, nos orienta, nos dá clareza e paz.

Quando os discípulos encontram Jesus, dizem: “Todos estão te procurando.”

Essa frase é verdadeira até hoje. Todos procuram Jesus, mesmo que não o saibam. O mundo inteiro está em busca de sentido, de paz, de cura. Mas a resposta de Jesus nos surpreende:

“Vamos a outros lugares, às aldeias da redondeza! Devo pregar também ali, pois foi para isso que eu vim.”

Jesus não se deixa prender pelo sucesso local. Ele sabe que Sua missão é maior. Ele não veio para ficar em um lugar, mas para levar a Boa Nova a todos.

Esse chamado à missão também é para nós. Não podemos nos acomodar em nossa fé. Não podemos ficar apenas dentro de nossas comunidades, satisfeitos com o que já recebemos. Somos chamados a levar o Evangelho a outros, a ser testemunhas de Cristo onde quer que estejamos.

Queridos irmãos, o Evangelho de hoje nos ensina três grandes lições:

  • Deixar-se curar por Jesus. Assim como a sogra de Pedro, devemos permitir que Jesus toque nossas feridas e nos levante.
  • Servir após a cura. A cura que recebemos de Deus deve nos transformar em servos, em pessoas que colocam seus dons e seu tempo à disposição do próximo.
  • Rezar e sair em missão. Como Jesus, precisamos buscar a força na oração e levar Sua mensagem a todos os lugares, especialmente onde ainda há sofrimento, dor e ausência de Deus.

Que possamos, como Jesus, ser instrumentos de cura e libertação. Que possamos encontrar tempo para a oração e que sejamos sempre discípulos em saída, levando o amor de Cristo a todos que encontrarmos pelo caminho. Amém!