Os pecados contra a esperança

ESPERANÇA

Os pecados contra a esperança

O desespero da salvação e a presunção da salvação são os dois principais pecados contra a virtude da esperança. A luxúria, a gula e a ganância levam ao desespero; vanglória e orgulho nos levam a acreditar que podemos ser perdoados sem arrependimento.

Hoje vemos PECADOS CONTRA A VIRTUDE DA ESPERANÇA

Como referência temos sempre a Soma Teológica, II-II, quaestio 20 e 21 , e falamos dos dois principais pecados contra a Esperança: o DESESPERO DA SALVAÇÃO E A PRESUNÇÃO DA SALVAÇÃO , ou a presunção de se salvar sem mérito. Estes dois pecados contra a Esperança pertencem aos SEIS PECADOS CONTRA O ESPÍRITO SANTO ; as outras são: desafiar a verdade conhecida, inveja da graça alheia, obstinação dos pecados e impenitência final. Estes são os pecados contra o Espírito Santo que, diz Jesus no Evangelho, não serão perdoados.

1. DESESPERO DA SALVAÇÃO

Para entender o que significa desesperar da salvação, devemos lembrar o que é a esperança.
A esperança é aquela virtude teologal que reside na vontade (e não no intelecto, onde a fé adere), e que nos conduz a Deus, porque Deus é a nossa bem-aventurança e quer dar-nos os meios para alcançar esta bem-aventurança. A esperança adere a Deus como o bem supremo e nutre uma confiança inabalável de que pode alcançá-lo, porque sabe que Deus quer nos salvar e nos dar os meios de salvação, entre os quais o perdão dos pecados para aqueles que pedem o perdão de Deus e eles se arrependem. Este é um meio fundamental de alcançar Deus como nossa bem-aventurança.

– Qual é então o movimento de desespero?

É acreditar que Deus não perdoa ou não dá os meios para alcançá-lo ou não dá o bem da graça santificante. O desespero de alguma forma afeta esse aspecto de duas maneiras: Deus como nossa bem-aventurança, que não é mais esperado e esperado como nossa bem-aventurança; Deus que não pode ou não quer nos conceder os meios para alcançá-lo e especificamente o perdão dos pecados. 

Este é o resumo do primeiro artigo. No segundo artigo, porém, São Tomás se pergunta se o desespero é possível sem incredulidade. Pode-se pensar que a pessoa que cai em desespero basicamente não acredita que Deus é sua bem-aventurança e que Deus pode ou vai salvá-la. Na verdade, São Tomás nos diz com maior precisão que o desespero não é tanto a incredulidade no abstrato que Deus não pode ou não quer perdoar na Igreja – esta é precisamente a heresia de Novaciano no século III -, mas no nível concreto. São Tomás diz:

“Por isso, tendo verdadeira fé no abstrato, pode faltar um movimento de apetite para o particular, uma vez que seu juízo particular foi corrompido por um hábito ou uma paixão” (q. 20, a. 2).

E, portanto, ele conclui que, em desespero, a fé não pode falhar.
A pessoa que cai no desespero da salvação, de fato, é aquela que em seu caso concreto, em particular, acredita que Deus não a quer ou não pode perdoá-la. O pecado neste caso não é um pecado de fé em geral, ou seja, que Deus não perdoe genericamente, mas em particular: que Deus não o perdoe, em sua situação.

– Quais são essas paixões que estão enraizadas na alma e que, mantendo a fé, corrompem o juízo particular, a ponto de levar ao desespero?

“Ora, somos levados a não saborear os bens espirituais, e a não considerá-los grandes bens, especialmente pelo fato de que nossa afeição é manchada pelo amor dos prazeres materiais e, em particular, pelos prazeres venéreos. desgosto. pelos bens espirituais, e não os espera como tantos bens árduos, pelo apego a esses prazeres. E deste lado surge o desespero da luxúria “(q. 20, a. 4).

Quando as paixões da luxúria, da gula e da avareza se enraízam na pessoa, o desespero espreita deste lado, porque o homem não é mais atraído pelos bens espirituais, pela bem-aventurança que é Deus, mas pelo que ela lhe traz.

“Em vez disso, somos levados a considerar um bem árduo como inatingível por causa de um excesso de degradação; que, quando domina no afeto de um homem, faz parecer que ele não pode mais aspirar a nenhum bem. E como a preguiça é uma tristeza que degrada a alma, segue-se que assim o desespero surge da preguiça. – Mas que é possível alcançar a bem-aventurança é o próprio objeto da esperança: de fato, o bom e o árduo também pertencem a outras paixões. especialmente da preguiça” (q. 20, a. 4).

São Tomás nos diz que a preguiça – ou o que os padres consideravam o mais temido dos demônios, o demônio meridiano – se apega à alma, a suga, a faz cair em prostração e tristeza tal que a alma desespera de alcançar a bem-aventurança.

2. PRESUNÇÃO DE ECONOMIA SEM MÉRITO

O que é presunção?

São Tomás in quaestio 21 fala do excesso de esperança, mesmo que não seja estritamente possível exceder nas virtudes teologais.
Mas quando São Tomás usa este termo, ele quer dizer uma esperança desordenada. No artigo primeiro da quaestio 21 afirma que a presunção existe segundo dois tipos e modalidades.

– A primeira está menos diretamente ligada à virtude da esperança e é um EXCESSO DE CONFIANÇA EM SUAS HABILIDADES , para alcançar um bem que supera as capacidades do homem. No nosso caso, seria como dizer que o homem conta com suas virtudes, suas obras, suas habilidades para alcançar o bem infinito que é Deus. É uma presunção, porque Deus excede as habilidades do homem.

– O segundo tipo de presunção – que pertence propriamente à esperança – diz respeito à possibilidade de ALCANÇAR O BEM PELA MISERICÓRDIA DE DEUS, MAS BUSCAR COMO BOM O QUE NÃO É BOM.

“Por outro lado, em relação à esperança, com a qual se apóia no poder de Deus, pode-se presumir que se busca como um bem alcançável pelo poder e pela misericórdia de Deus, algo que não é tal: como quando alguém espera obter o perdão sem arrependimento, ou a glória sem mérito” (q. 21, a. 1).

E então especifica:

“A presunção da misericórdia divina implica tanto a conversão a um bem transitório, na medida em que surge do desejo desordenado do próprio bem, quanto o afastamento do bem eterno, na medida em que atribui ao poder de Deus o que não lhe convém; de fato o homem assim se distancia da verdade divina” (q. 21, a. 1, ad 3).

– O que é atribuído a Deus que não lhe convém?

Perdão sem arrependimento. Assumir que Deus perdoa o pecador impenitente não significa ter uma esperança mais forte na misericórdia de Deus, mas significa ter uma esperança desordenada, ou seja, atribuir a Deus o que não é atribuído a Deus.

Portanto, a presunção é um pecado, pois é uma esperança não regulamentada:

“Ora, a presunção é um movimento do apetite: porque implica uma esperança desregulada. E está de acordo com um conceito errado, assim como o desespero. De fato, quão falso é que Deus não perdoa aqueles que se arrependem, ou que ele perdoa não move a penitência aos pecadores, por isso é falso que conceda o perdão aos que perseveram no pecado, e que conceda glória aos que deixam de fazer o bem: esta convicção com que se concede o ato de presunção. (q. 21 a. 2).

E logo depois especifica que é uma desordem, não um excesso de esperança:

“A presunção não implica um excesso de esperança, porque se espera demais de Deus, mas porque se espera de Deus o que não é digno de Deus. a sua virtude”   (q. 21 a. 2, ad 2) .

Por que a virtude de Deus é diminuída? Porque fingimos receber de Deus algo que não é bom (perdão sem arrependimento).

Encontramos um esclarecimento final no quarto artigo. Assim como o desespero se desenvolve por causa de algumas paixões que se apegam à alma, também por presunção temos paixões que prendem a alma e a levam a esse pecado contra a esperança.

– Quais são essas paixões?

A primeira presunção, aquela causada por um excesso de autoconfiança, “deriva claramente da vanglória: de fato, do desejo que se tem de obter muita glória, segue-se a tentativa de fazer coisas além de suas forças”.

“A segunda presunção, por outro lado, baseia-se de maneira desordenada na misericórdia e no poder de Deus, dos quais se espera obter glória sem méritos e perdão sem arrependimento. que assim se estima a ponto de pensar que Deus não o castiga nem o exclui da glória ainda que peque” (q. 21, a. 4).

FONTE: LA NUOVA BUSSOLA QUOTIDIANA

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