Homilia diária — O significado espiritual da imposição de mãos sobre crianças
O significado espiritual da imposição de mãos sobre crianças
Hoje, refletimos sobre um breve, mas profundamente significativo, trecho do Evangelho de Mateus, capítulo 19, versículos 13 a 15. Neste relato, encontramos Jesus em um momento de ternura e compaixão, quando pais e mães trazem suas crianças até Ele para que lhes imponha as mãos e faça uma oração. Os discípulos, talvez por não compreenderem plenamente a importância do momento, tentam afastar as crianças, mas Jesus prontamente os corrige, dizendo: “Deixai as crianças, e não as proibais de virem a mim, porque delas é o Reino dos Céus.”
A imposição de mãos
A imposição de mãos é um gesto carregado de significado teológico e espiritual. Ao longo das Escrituras, vemos que a imposição de mãos simboliza a transmissão de bênçãos, autoridade, cura e a consagração para uma missão especial. No Antigo Testamento, os patriarcas impunham as mãos sobre seus filhos e netos para abençoá-los, transmitindo as promessas de Deus para as gerações futuras. Da mesma forma, no Novo Testamento, a imposição de mãos é usada para conferir o Espírito Santo, curar os enfermos e abençoar os fiéis.
Jesus impõe as mãos sobre as crianças
Quando Jesus impõe as mãos sobre as crianças, Ele não apenas as abençoa, mas também as inclui plenamente no Reino de Deus. Este gesto nos revela o coração acolhedor de Jesus, que vê nas crianças a pureza, a humildade e a receptividade necessárias para entrar no Reino dos Céus. As crianças, em sua simplicidade e dependência, representam os que são verdadeiramente abertos à graça de Deus, sem os impedimentos do orgulho ou da autossuficiência.
O lugar dos pequenos e humildes no Reino
Jesus, ao impor as mãos sobre as crianças, nos ensina que todos, independentemente da idade, são dignos da graça e da atenção divina. Ele quebra as barreiras sociais e culturais da época, que muitas vezes consideravam as crianças como insignificantes ou secundárias, mostrando que no Reino de Deus, os pequenos e humildes têm um lugar especial. O gesto de Jesus é uma afirmação da dignidade e do valor intrínseco de cada pessoa, independentemente de sua condição ou idade.
A imposição de mãos no Batismo
Teologicamente, a ação de Jesus ao impor as mãos sobre as crianças também aponta para o sacramento do Batismo. No Batismo, a Igreja, em nome de Cristo, impõe as mãos sobre os batizandos, invocando o Espírito Santo e conferindo-lhes a graça santificante. Assim como Jesus acolheu as crianças e as abençoou, o Batismo nos acolhe na família de Deus, nos purifica do pecado original e nos dá uma nova vida em Cristo. A imposição de mãos no Batismo é um sinal visível da inclusão na comunidade dos fiéis e do início de uma caminhada de fé que deve ser vivida com a mesma simplicidade e confiança das crianças.
Deixai as crianças, e não as proibais de virem a mim
Além disso, Jesus afirma: “Deixai as crianças, e não as proibais de virem a mim, porque delas é o Reino dos Céus.” Esta declaração é uma poderosa mensagem sobre a espiritualidade da infância. Jesus nos chama a ser como crianças em nossa fé – não no sentido de uma infantilidade imatura, mas em termos de uma confiança plena, uma dependência sincera e uma receptividade total à vontade de Deus. As crianças, em sua vulnerabilidade, sabem que dependem completamente dos pais para tudo. Da mesma forma, somos chamados a reconhecer nossa total dependência de Deus, confiando que Ele cuidará de nós e nos guiará em todos os momentos de nossas vidas.
O futuro da Igreja
Este gesto de Jesus também nos desafia a valorizar e proteger as crianças em nossas comunidades. Elas não são apenas o futuro da Igreja, mas já são parte vital do Corpo de Cristo no presente. Devemos cuidar delas, educá-las na fé e garantir que cresçam em um ambiente onde possam experimentar o amor de Deus e desenvolver uma relação íntima com Ele.
Abençoar e ser abençoado
Finalmente, a imposição de mãos de Jesus sobre as crianças nos lembra da necessidade de abençoar e ser abençoado. A bênção de Deus é algo que todos precisamos e devemos buscar constantemente. Devemos, assim como Jesus, ser canais de bênçãos para os outros, especialmente para os mais vulneráveis e pequenos em nossa sociedade.
Queridos irmãos e irmãs, que possamos aprender com o exemplo de Jesus a acolher as crianças, a valorizar a simplicidade e a confiança que elas nos ensinam, e a buscar sempre a bênção e a graça de Deus em nossas vidas. Que nossa fé seja sempre como a de uma criança — pura, confiante e totalmente dependente do amor do Pai. Amém.
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