Notre-Dame não deve tornar-se uma Disneyland sincretista

Notícias: Notre-Dame não deve tornar-se uma Disneyland sincretista

Notre-Dame não deve tornar-se uma Disneyland sincretista

 

 

Dezembro 10, 2021

 

A Igreja de França não tem paz, o assédio é contínuo, após o escandaloso Relatório CIASE e o seu desmascaramento, a espantosa decisão do Papa de demitir o Arcebispo de Paris, Mons. Aupetit, e o choque provocado na diocese, agora avança uma tempestade sobre o restauro da Catedral de Notre-Dame.

 

9 de Dezembro deveria ter sido a data escolhida para a revolução contra a Igreja de França, agora talvez o plano tenha saltado. Segundo o jornal inglês The Telegraph, a Catedral de Notre-Dame poderia ser transformada num “parque temático” ao estilo da Disneyland, ou pelo menos é isso que os planos de renovação vazados sugerem.       

 

A Catedral de Notre-Dame, uma das catedrais mais queridas pelos fiéis católicos de todo o Mundo e de França, tinha sofrido um grande incêndio (cujas causas ainda não foram esclarecidas) a 15 de Abril de 2019, no qual tanto o telhado como o pináculo foram quase totalmente destruídos.

 

Embora tenha sido decidido que o exterior da catedral será reconstruído com materiais tradicionais, desde os últimos dias tem-se discutido sobre a hipótese de restauro no interior da igreja e, segundo os planos publicados pelo jornal inglês, o interior da catedral poderia tornar-se um “parque temático” politicamente correcto, com até as partes mais bem conservadas destinadas a mudar radicalmente.

 

Os confessionários, os altares e as estátuas clássicas serão substituídos por murais de arte moderna, enquanto a iluminação e os efeitos sonoros (certamente não litúrgicos) serão acrescentados para criar os chamados “espaços emocionais” para os visitantes e os fiéis. Também as “capelas temáticas” (que terão por protagonistas os continentes africano e asiático) serão acrescentadas ao edifício como parte do que tem sido apelidado de “percurso de descoberta”.

 

A última capela do “percurso” interior da catedral, dedicada à chamada “criação reconciliada”, concentrar-se-á inteiramente sobre o ambientalismo. Não faltarão as citações bíblicas, que serão também projectadas nas paredes desta última capela em muitas línguas, incluindo o mandarim.   

 

Uma fonte próxima dos projectistas da reestruturação denunciou que a remodelação planeada “mutilaria” o trabalho do arquitecto Eugène Viollet-le-Duc, que guiou um importante restauro da igreja durante meados do século XIX, e toda a tradição arquitectónica e litúrgica do edifício, que foi construído no século XIV.

 

A intenção é transformar Notre-Dame num showroom litúrgico experimental que não existe em mais nenhuma parte do Mundo, enquanto deveria tornar a ser um ponto de referência para os fiéis e qualquer pessoa interessada em apreciar a beleza e a tradição católica da França.

 

A reunião crucial da Comissão do Património Nacional Francês sobre a reestruturação de Notre-Dame terá lugar a 9 de Dezembro [ontem, n.d.r.], só nessa data é que a Diocese de Paris apresentará as suas propostas para o restauro ou a renovação interior do edifício, assegurando, ao mesmo tempo, que se deseja um restauro fiel da catedral.

 

Há muitas dúvidas sobre o resultado da reunião e, especialmente, sobre as verdadeiras intenções da arquidiocese. Le Figaro, por exemplo, diz que o projecto para o interior da catedral, elaborado durante o ano passado com a máxima discrição pelo Arcebispado, será escrutinado com muito cuidado porque muitos dos peritos da Comissão, arquitectos e historiadores, vêem cada ligeira mudança com um olhar muito negativo.

 

Outros observadores, Le Monde na liderança, regozijam-se com as notícias de que Notre-Dame vai ser transformada num novo “parque de diversões” para sentimentalistas, ambientalistas e sincretistas. Laurent Carpentier escreve no jornal mais vendido em França que «um restauro estritamente idêntico ao original seria uma capitulação», enquanto o incêndio de 2019 «transformou o interior da catedral numa página em branco, uma oportunidade inesperada de reformular o espaço litúrgico» a favor da «modernidade e do ecumenismo» e contra «os garantes de um conservadorismo nostálgico».

 

O historiador da arte francês Didier Rykner tem uma visão diametralmente oposta. Em La Tribune de l’Art, descreve o projecto, que será apresentado, nos próximos dias, pela Diocese à Comissão, como «feio, indigno de Notre-Dame e [que] deve ser firmemente contrariado pelos amantes do património».

 

Rykner descreve em pormenor o caos que se pretende realizar: «muitos altares serão inteiramente despojados não só do seu mobiliário (ostensórios, candelabros…), mas também das esculturas… os confessionários serão retirados de todas as capelas laterais… as capelas serão preenchidas com obras de arte contemporânea, das quais nada se sabe».           

 

E quem financiará estes restauros? Os iconoclastas parisienses, quer usem batina ou avental, também dependem fortemente das doações dos fiéis, mas será muito difícil convencê-los sem um plano claro e um compromisso firme de restaurar a Catedral de Notre-Dame ao seu antigo e original esplendor como lugar de fé para com Nossa Senhora e o Seu Filho Jesus.

 

A 9 de Dezembro, a loucura do restauro deveria ter sido discutida (talvez aprovada) em Paris, no mesmo dia o Presidente da CIASE e toda a Comissão deveriam ter-se encontrado com o Papa em Roma. A 9 de Dezembro celebra-se o aniversário da Lei de Separação entre Estado e Igreja de França, fortemente defendida pelos maçons em 1905.

 

A intenção era apresentar a nova face da Igreja, humilhada e disposta a destruir as suas catedrais e transformá-la de “sistematicamente pedófila” em “sentimentalmente sincretista”. Projecto desmascarado e, esperamos, falhado.

 

FONTE: Dies Irae / Luca Volontè

 

 

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