Não te digo até sete vezes, mas até setenta vezes sete — Homilia — Que o perdão e a misericórdia que recebemos de Deus nos transformem e nos capacitem a sermos instrumentos de Sua graça neste mundo
Não te digo até sete vezes, mas até setenta vezes sete — Homilia
Hoje, refletimos sobre um ensinamento essencial do Evangelho de Mateus, capítulo 18, versículos 21 a 35, onde Jesus nos fala sobre a importância do perdão e nos oferece uma lição poderosa sobre a compaixão.
Até sete vezes?
Pedro se aproxima de Jesus e pergunta: “Senhor, quantas vezes devo perdoar, se meu irmão pecar contra mim? Até sete vezes?” Jesus responde com uma declaração que nos desafia profundamente: “Não te digo até sete vezes, mas até setenta vezes sete.” Com essas palavras, Jesus nos ensina que o agora em diante não peque mais”. Jo 8, 1-11″>perdão não tem limites. Ele nos chama a perdoar incessantemente, refletindo a infinita misericórdia de Deus em nossas próprias vidas.
Para ilustrar essa lição, Jesus conta a parábola de um rei que resolveu acertar as contas com seus empregados. Um empregado, que devia uma enorme fortuna e não tinha meios para pagar, foi trazido diante do rei. O rei, seguindo as práticas da época, ordena que ele, sua família e seus bens sejam vendidos para saldar a dívida. No entanto, o empregado suplica por paciência, prometendo pagar tudo. Movido por compaixão, o rei perdoa toda a dívida do empregado.
A falta de compaixão
Esta primeira parte da parábola nos mostra a profundidade da compaixão divina. O rei, ao perdoar uma dívida impagável, simboliza Deus, que nos perdoa completamente, independentemente da enormidade de nossos pecados. A compaixão do rei é um reflexo do amor e da misericórdia de Deus, que nos chama a fazer o mesmo com os outros.
No entanto, a parábola continua com uma reviravolta. O empregado perdoado encontra um de seus companheiros que lhe devia apenas cem moedas. Ignorando o pedido de paciência de seu companheiro, o empregado perdoado o agarra e o joga na prisão até que pague a dívida. Esta atitude contrastante revela a falta de compaixão e a incapacidade de refletir a graça que ele próprio recebeu.
A misericórdia de Deus
Quando os outros empregados veem isso, ficam muito tristes e informam o rei. O rei, ao saber do ocorrido, chama o empregado e diz: “Empregado perverso, eu te perdoei toda a tua dívida, porque tu me suplicaste. Não devias tu também ter compaixão do teu companheiro, como eu tive compaixão de ti?” Indignado, o rei entrega o empregado aos torturadores até que pague toda a dívida. Jesus conclui a parábola afirmando que assim também fará o Pai celestial, se não perdoarmos de coração ao nosso irmão.
Essa parábola sublinha a importância crucial da compaixão e do perdão. Jesus nos chama a internalizar a compaixão divina e a estendê-la aos outros. Quando recebemos a misericórdia de Deus, somos transformados por ela e somos chamados a ser canais dessa mesma misericórdia para os outros. A compaixão não é apenas um sentimento, mas uma ação concreta de perdoar, ajudar e restaurar aqueles que nos ofenderam ou estão em necessidade.
A compaixão nos chama a ir além do mínimo necessário
Aplicando este ensinamento em nossas vidas, devemos primeiro reconhecer a imensa compaixão que Deus tem por cada um de nós. Somos todos devedores diante de Deus, e Ele, em Sua infinita misericórdia, perdoa nossas dívidas espirituais. Essa compreensão deve nos levar a um profundo sentimento de gratidão e humildade.
Segundo, somos chamados a refletir essa compaixão em nossas relações com os outros. Quando enfrentamos ofensas ou dívidas emocionais e espirituais dos nossos irmãos e irmãs, devemos lembrar-nos da misericórdia que recebemos e estender a mesma graça. O perdão e a compaixão são marcas distintivas de um coração transformado pela graça de Deus.
Finalmente, a compaixão verdadeira nos leva a ações concretas. Devemos buscar reconciliar-nos com aqueles que nos ofenderam, oferecer ajuda àqueles que estão em necessidade e viver de maneira que reflete o amor incondicional de Deus. A compaixão nos chama a ir além do mínimo necessário e a buscar o bem-estar dos outros de maneira proativa e amorosa.
Conclusão
Queridos irmãos e irmãs, que possamos viver a compaixão de Deus em nossas vidas diárias. Que o perdão e a misericórdia que recebemos de Deus nos transformem e nos capacitem a sermos instrumentos de Sua graça neste mundo. Ao praticarmos a compaixão e o perdão, não apenas obedecemos aos ensinamentos de Jesus, mas também refletimos o Reino de Deus aqui na terra. Amém.