Meditação | O homem pode merecer aumento de graça
Meditação | O homem pode merecer aumento de graça
Assim como à culpa segue dupla pena, uma que acompanha à mesma culpa, como o remorso de consciência e outras semelhantes, segundo o que diz Santo Agostinho, “que a alma desordenada é pena para si mesma“, e outra que se inflige exteriormente por Deus-Juiz ou pelo homem; do mesmo modo também um duplo prêmio corresponde ao mérito: um que acompanha a mesma obra meritória, como a alegria da boa ação e outras semelhantes; e outro que dá Deus ou o homem pela boa obra, como a vida eterna e tudo o que se dá deste modo.
Mas o ato meritório se ordena de modo diverso neste duplo prêmio. Porque segundo sua forma é proporcionado ao primeiro prêmio; por exemplo: pelo fato de ser um ato que procede de um hábito perfeito é deleitável, pelo qual o ato se refere a seu princípio como por causa. Porém quanto ao prêmio que se dá exteriormente, somente se ordena segundo uma proporção de dignidade, de modo que quem muito mereceu, outro tanto receberá em recompensa em qualquer bem, e quem muito pecou, outro tanto será castigado.
Segundo isto, digo que pelo ato meritório se merece acréscimo de graça, do mesmo modo que o prêmio, concomitante à natureza do ato meritório, porque é natural que todo ato faça possível a aquisição ou o aumento de um ato semelhante, seja efetivamente, seja dispondo a ele.
O homem que tem a graça pode se adiantar mais, porém não é que ele mesmo aumente a graça em si, posto que somente Deus pode dar este aumento; senão no sentido de que o homem pode, por uma graça recebida, merecer que se lhe aumente a graça, dispondo-se a ser mais capaz de uma graça maior.
Certamente o acréscimo de graça, o mesmo que sua infusão, procede de Deus, porém de maneira distinta se relacionam nossos atos com a infusão da graça e com o aumento dela. Porque antes da infusão da graça o homem não é todavia participante do ser divino; por isso seus atos são absolutamente desproporcionados para merecer alguma coisa divina, que excede a capacidade da natureza. No entanto, pela infusão da graça o homem se constitui no ser divino, e então seus atos chegam a ser proporcionados e, por isso mesmo, a merecer aumento ou perfeição de graça.
– 2 Dist. 27, q. 1, a. 5
Porém a graça não se aumenta de fato por qualquer ato meritório. Por cada ato meritório o homem merece aumento de graça, como também a consumação da graça, que é a vida eterna. Mas assim como a vida eterna não é dada imediatamente, senão a seu tempo, do mesmo modo a graça não se aumenta num instante, senão a seu tempo, quer dizer, quando se está suficientemente disposto ao aumento da graça.
-S. Th., Iª, IIª, q. 114, a. 8, ad 3um.
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