Lumen Fidei – Capítulo 4

Lumen Fidei – CAPÍTULO IV


DEUS PREPARA  PARA ELES UMA CIDADE
(cf. Heb 11, 16)


A fé e o bem comum


  1. Ao apresentar a história dos patriarcas e dos justos do Antigo Testamento, a Carta aos Hebreus põe em relevo um aspecto essencial da sua fé; esta não se apresenta apenas como um caminho, mas também como edificação, preparação de um lugar onde os homens possam habitar uns com os outros. O primeiro construtor é Noé, que, na arca, consegue salvar a sua família (cf. Heb 11, 7). Depois aparece Abraão, de quem se diz que, pela fé, habitara em tendas, esperando a cidade de alicerces firmes (cf. Heb 11, 9-10). Vemos assim surgir, relacionada com a fé, uma nova fiabilidade, uma nova solidez, que só Deus pode dar. Se o homem de fé assenta sobre o Deus-Amen, o Deus fiel (cf. Is 65, 16), tornando-se assim firme ele mesmo, podemos acrescentar que a firmeza da fé se refere também à cidade que Deus está a preparar para o homem. A fé revela quão firmes podem ser os vínculos entre os homens, quando Deus Se torna presente no meio deles. Não evoca apenas uma solidez interior, uma convicção firme do crente; a fé ilumina também as relações entre os homens, porque nasce do amor e segue a dinâmica do amor de Deus. O Deus fiável dá aos homens uma cidade fiável.
  2. Devido precisamente à sua ligação com o amor (cf. Gl 5, 6), a luz da fé coloca-se ao serviço concreto da justiça, do direito e da paz. A fé nasce do encontro com o amor gerador de Deus que mostra o sentido e a bondade da nossa vida; esta é iluminada na medida em que entra no dinamismo aberto por este amor, isto é, enquanto se torna caminho e exercício para a plenitude do amor. A luz da fé é capaz de valorizar a riqueza das relações humanas, a sua capacidade de perdurarem, serem fiáveis, enriquecerem a vida comum. A fé não afasta do mundo, nem é alheia ao esforço concreto dos nossos contemporâneos. Sem um amor fiável, nada poderia manter verdadeiramente unidos os homens: a unidade entre eles seria concebível apenas enquanto fundada sobre a utilidade, a conjugação dos interesses, o medo, mas não sobre a beleza de viverem juntos, nem sobre a alegria que a simples presença do outro pode gerar. A fé faz compreender a arquitectura das relações humanas, porque identifica o seu fundamento último e destino definitivo em Deus, no seu amor, e assim ilumina a arte da sua construção, tornando-se um serviço ao bem comum. Por isso, a fé é um bem para todos, um bem comum: a sua luz não ilumina apenas o âmbito da Igreja nem serve somente para construir uma cidade eterna no além, mas ajuda também a construir as nossas sociedades de modo que caminhem para um futuro de esperança. A Carta aos Hebreus oferece um exemplo disto mesmo, ao nomear entre os homens de fé Samuel e David, a quem a fé permitiu « exercerem a justiça » (11, 33). A expressão refere-se aqui à sua justiça no governar, àquela sabedoria que traz a paz ao povo (cf. 1 Sm 12, 3-5; 2 Sm 8, 15). As mãos da fé levantam-se para o céu, mas fazem-no ao mesmo tempo que edificam, na caridade, uma cidade construída sobre relações que têm como alicerce o amor de Deus.


A fé e a família


  1. No caminho de Abraão para a cidade futura, a Carta aos Hebreus alude à bênção que se transmite dos pais aos filhos (cf. 11, 20-21). O primeiro âmbito da cidade dos homens iluminado pela fé é a família; penso, antes de mais nada, na união estável do homem e da mulher no matrimónio. Tal união nasce do seu amor, sinal e presença do amor de Deus, nasce do reconhecimento e aceitação do bem que é a diferença sexual, em virtude da qual os cônjuges se podem unir numa só carne (cf. Gn 2, 24) e são capazes de gerar uma nova vida, manifestação da bondade do Criador, da sua sabedoria e do seu desígnio de amor. Fundados sobre este amor, homem e mulher podem prometer-se amor mútuo com um gesto que compromete a vida inteira e que lembra muitos traços da fé: prometer um amor que dure para sempre é possível quando se descobre um desígnio maior que os próprios projectos, que nos sustenta e permite doar o futuro inteiro à pessoa amada. Depois, a fé pode ajudar a individuar em toda a sua profundidade e riqueza a geração dos filhos, porque faz reconhecer nela o amor criador que nos dá e nos entrega o mistério de uma nova pessoa; foi assim que Sara, pela sua fé, se tornou mãe, apoiando-se na fidelidade de Deus à sua promessa (cf. Heb 11, 11).
  2. Em família, a fé acompanha todas as idades da vida, a começar pela infância: as crianças aprendem a confiar no amor de seus pais. Por isso, é importante que os pais cultivem práticas de fé comuns na família, que acompanhem o amadurecimento da fé dos filhos. Sobretudo os jovens, que atravessam uma idade da vida tão complexa, rica e importante para a fé, devem sentir a proximidade e a atenção da família e da comunidade eclesial no seu caminho de crescimento da fé. Todos vimos como, nas Jornadas Mundiais da Juventude, os jovens mostram a alegria da fé, o compromisso de viver uma fé cada vez mais sólida e generosa. Os jovens têm o desejo de uma vida grande; o encontro com Cristo, o deixar-se conquistar e guiar pelo seu amor alarga o horizonte da existência, dá-lhe uma esperança firme que não desilude. A fé não é um refúgio para gente sem coragem, mas a dilatação da vida: faz descobrir uma grande chamada — a vocação ao amor — e assegura que este amor é fiável, que vale a pena entregar-se a ele, porque o seu fundamento se encontra na fidelidade de Deus, que é mais forte do que toda a nossa fragilidade.


Uma luz para a vida em sociedade


  1. Assimilada e aprofundada em família, a fé torna-se luz para iluminar todas as relações sociais. Como experiência da paternidade e da misericórdia de Deus, dilata-se depois em caminho fraterno. Na Idade Moderna, procurou-se construir a fraternidade universal entre os homens, baseando-se na sua igualdade; mas, pouco a pouco, fomos compreendendo que esta fraternidade, privada do referimento a um Pai comum como seu fundamento último, não consegue subsistir; por isso, é necessário voltar à verdadeira raiz da fraternidade. Desde o seu início, a história de fé foi uma história de fraternidade, embora não desprovida de conflitos. Deus chama Abraão para sair da sua terra, prometendo fazer dele uma única e grande nação, um grande povo, sobre o qual repousa a Bênção divina (cf. Gn 12, 1-3). À medida que a história da salvação avança, o homem descobre que Deus quer fazer a todos participar como irmãos da única bênção, que encontra a sua plenitude em Jesus, para que todos se tornem um só. O amor inexaurível do Pai é-nos comunicado em Jesus, também através da presença do irmão. A fé ensina-nos a ver que, em cada homem, há uma bênção para mim, que a luz do rosto de Deus me ilumina através do rosto do irmão.

    Quantos benefícios trouxe o olhar da fé cristã à cidade dos homens para a sua vida em comum! Graças à fé, compreendemos a dignidade única de cada pessoa, que não era tão evidente no mundo antigo. No século II, o pagão Celso censurava os cristãos por algo que lhe parecia uma ilusão e um engano: pensar que Deus tivesse criado o mundo para o homem, colocando-o no vértice do universo inteiro. « Porquê pretender que [a verdura] cresça para os homens, em vez de crescer para os mais selvagens dos animais sem razão? »[46] « Se olhássemos a terra do alto do céu, que diferença se nos ofereceria entre as nossas actividades e as das formigas e das abelhas? »[47] No centro da fé bíblica, há o amor de Deus, o seu cuidado concreto por cada pessoa, o seu desejo de salvação que abraça toda a humanidade e a criação inteira e que atinge o clímax na encarnação, morte e ressurreição de Jesus Cristo. Quando se obscurece esta realidade, falta o critério para individuar o que torna preciosa e única a vida do homem; e este perde o seu lugar no universo, extravia-se na natureza, renunciando à própria responsabilidade moral, ou então pretende ser árbitro absoluto, arrogando-se um poder de manipulação sem limites.

  2. Além disso a fé, ao revelar-nos o amor de Deus Criador, faz-nos olhar com maior respeito para a natureza, fazendo-nos reconhecer nela uma gramática escrita por Ele e uma habitação que nos foi confiada para ser cultivada e guardada; ajuda-nos a encontrar modelos de progresso, que não se baseiem apenas na utilidade e no lucro mas considerem a criação como dom, de que todos somos devedores; ensina-nos a individuar formas justas de governo, reconhecendo que a autoridade vem de Deus para estar ao serviço do bem comum. A fé afirma também a possibilidade do perdão, que muitas vezes requer tempo, canseira, paciência e empenho; um perdão possível quando se descobre que o bem é sempre mais originário e mais forte que o mal, que a palavra com que Deus afirma a nossa vida é mais profunda do que todas as nossas negações. Aliás, mesmo dum ponto de vista simplesmente antropológico, a unidade é superior ao conflito; devemos preocupar-nos também com o conflito, mas vivendo-o de tal modo que nos leve a resolvê-lo, a superá-lo, como elo duma cadeia, num avanço para a unidade.

    Quando a fé esmorece, há o risco de esmorecerem também os fundamentos do viver, como advertia o poeta Thomas Sterls Eliot: « Precisais porventura que se vos diga que até aqueles modestos sucessos / que vos permitem ser orgulhosos de uma sociedade educada / dificilmente sobreviveriam à fé, a que devem o seu significado? »[48] Se tiramos a fé em Deus das nossas cidades, enfraquecer-se-á a confiança entre nós, apenas o medo nos manterá unidos, e a estabilidade ficará ameaçada. Afirma a Carta aos Hebreus: « Deus não Se envergonha de ser chamado o “seu Deus”, porque preparou para eles uma cidade » (Heb 11, 16). A expressão « não se envergonha » tem conotado um reconhecimento público: pretende-se afirmar que Deus, com o seu agir concreto, confessa publicamente a sua presença entre nós, o seu desejo de tornar firmes as relações entre os homens. Porventura vamos ser nós a envergonhar-nos de chamar a Deus « o nosso Deus »? Seremos por acaso nós a recusar-nos a confessá-Lo como tal na nossa vida pública, a propor a grandeza da vida comum que Ele torna possível? A fé ilumina a vida social: possui uma luz criadora para cada momento novo da história, porque coloca todos os acontecimentos em relação com a origem e o destino de tudo no Pai que nos ama.


Uma força consoladora no sofrimento


  1. São Paulo, falando aos cristãos de Corinto das suas tribulações e sofrimentos, coloca a sua fé em relação com a pregação do Evangelho. De facto, diz que nele se cumpre esta passagem da Escritura: « Acreditei e por isso falei » ( 2 Cor 4, 13). O Apóstolo refere-se a uma frase do Salmo 116, onde o salmista exclama: « Eu tinha confiança, mesmo quando disse: “A minha aflição é muito grande!” » (v. 10). Falar da fé comporta frequentemente falar também de provas dolorosas, mas é precisamente nelas que São Paulo vê o anúncio mais convincente do Evangelho, porque é na fraqueza e no sofrimento que sobressai e se descobre o poder de Deus que supera a nossa fraqueza e o nosso sofrimento. O próprio Apóstolo se encontra numa situação de morte que redunda em vida para os cristãos (cf. 2 Cor 4, 7-12). Na hora da prova, a fé ilumina-nos; e é precisamente no sofrimento e na fraqueza que se torna claro como « não nos pregamos a nós mesmos, mas a Cristo Jesus, o Senhor » ( 2 Cor 4, 5). O capítulo 11 da Carta aos Hebreus termina com a referência a quantos sofreram pela fé, entre os quais ocupa um lugar particular Moisés que tomou sobre si a humilhação de Cristo (cf. vv. 26.35-38). O cristão sabe que o sofrimento não pode ser eliminado, mas pode adquirir um sentido: pode tornar-se acto de amor, entrega nas mãos de Deus que não nos abandona e, deste modo, ser uma etapa de crescimento na fé e no amor. Contemplando a união de Cristo com o Pai, mesmo no momento de maior sofrimento na cruz (cf. Mc 15, 34), o cristão aprende a participar no olhar próprio de Jesus; até a morte fica iluminada, podendo ser vivida como a última chamada da fé, o último « Sai da tua terra » (cf. Gn 12, 1), o último « Vem! » pronunciado pelo Pai, a quem nos entregamos com a confiança de que Ele nos tornará firmes também na passagem definitiva.
  2. A luz da fé não nos faz esquecer os sofrimentos do mundo. Os que sofrem foram mediadores de luz para tantos homens e mulheres de fé; tal foi o leproso para São Francisco de Assis, ou os pobres para a Beata Teresa de Calcutá. Compreenderam o mistério que há neles; aproximando-se deles, certamente não cancelaram todos os seus sofrimentos, nem puderam explicar todo o mal. A fé não é luz que dissipa todas as nossas trevas, mas lâmpada que guia os nossos passos na noite, e isto basta para o caminho. Ao homem que sofre, Deus não dá um raciocínio que explique tudo, mas oferece a sua resposta sob a forma duma presença que o acompanha, duma história de bem que se une a cada história de sofrimento para nela abrir uma brecha de luz. Em Cristo, o próprio Deus quis partilhar connosco esta estrada e oferecer-nos o seu olhar para nela vermos a luz. Cristo é aquele que, tendo suportado a dor, Se tornou « autor e consumador da fé » (Heb 12, 2).


O sofrimento recorda-nos que o serviço da fé ao bem comum é sempre serviço de esperança que nos faz olhar em frente, sabendo que só a partir de Deus, do futuro que vem de Jesus ressuscitado, é que a nossa sociedade pode encontrar alicerces sólidos e duradouros. Neste sentido, a fé está unida à esperança, porque, embora a nossa morada aqui na terra se vá destruindo, há uma habitação eterna que Deus já inaugurou em Cristo, no seu corpo (cf. 2 Cor 4, 16 — 5, 5). Assim, o dinamismo de fé, esperança e caridade (cf. 1 Ts 1, 3; 1 Cor 13, 13) faz-nos abraçar as preocupações de todos os homens, no nosso caminho rumo àquela cidade, « cujo arquitecto e construtor é o próprio Deus » (Heb 11, 10), porque « a esperança não engana » (Rm 5, 5).


Unida à fé e à caridade, a esperança projecta-nos para um futuro certo, que se coloca numa perspectiva diferente relativamente às propostas ilusórias dos ídolos do mundo, mas que dá novo impulso e nova força à vida de todos os dias. Não deixemos que nos roubem a esperança, nem permitamos que esta seja anulada por soluções e propostas imediatas que nos bloqueiam no caminho, que « fragmentam » o tempo transformando-o em espaço. O tempo é sempre superior ao espaço: o espaço cristaliza os processos, ao passo que o tempo projecta para o futuro e impele a caminhar na esperança.


FELIZ DAQUELA QUE ACREDITOU
(cf. Lc 1, 45)


  1. Na parábola do semeador, São Lucas refere estas palavras com que o Senhor explica o significado da « terra boa »: « São aqueles que, tendo ouvido a palavra com um coração bom e virtuoso, conservam-na e dão fruto com a sua perseverança » (Lc 8, 15). No contexto do Evangelho de Lucas, a menção do coração bom e virtuoso, em referência à Palavra ouvida e conservada, pode constituir um retrato implícito da fé da Virgem Maria; o próprio evangelista nos fala da memória de Maria, dizendo que conservava no coração tudo aquilo que ouvia e via, de modo que a Palavra produzisse fruto na sua vida. A Mãe do Senhor é ícone perfeito da fé, como dirá Santa Isabel: « Feliz de ti que acreditaste » (Lc 1, 45).


Em Maria, Filha de Sião, tem cumprimento a longa história de fé do Antigo Testamento, com a narração de tantas mulheres fiéis a começar por Sara; mulheres que eram, juntamente com os Patriarcas, o lugar onde a promessa de Deus se cumpria e a vida nova desabrochava. Na plenitude dos tempos, a Palavra de Deus dirigiu-se a Maria, e Ela acolheu-a com todo o seu ser, no seu coração, para que n’Ela tomasse carne e nascesse como luz para os homens. O mártir São Justino, na obra Diálogo com Trifão, tem uma expressão significativa ao dizer que Maria, quando aceitou a mensagem do Anjo, concebeu « fé e alegria ».[49] De facto, na Mãe de Jesus, a fé mostrou-se cheia de fruto e, quando a nossa vida espiritual dá fruto, enchemo-nos de alegria, que é o sinal mais claro da grandeza da fé. Na sua vida, Maria realizou a peregrinação da fé seguindo o seu Filho.[50] Assim, em Maria, o caminho de fé do Antigo Testamento foi assumido no seguimento de Jesus e deixa-se transformar por Ele, entrando no olhar próprio do Filho de Deus encarnado.


  1. Podemos dizer que, na Bem-aventurada Virgem Maria, se cumpre aquilo em que insisti anteriormente, isto é, que o crente se envolve todo na sua confissão de fé. Pelo seu vínculo com Jesus, Maria está intimamente associada com aquilo que acreditamos. Na concepção virginal de Maria, temos um sinal claro da filiação divina de Cristo: a origem eterna de Cristo está no Pai — Ele é o Filho em sentido total e único — e por isso nasce, no tempo, sem intervenção do homem. Sendo Filho, Jesus pode trazer ao mundo um novo início e uma nova luz, a plenitude do amor fiel de Deus que Se entrega aos homens. Por outro lado, a verdadeira maternidade de Maria garantiu, ao Filho de Deus, uma verdadeira história humana, uma verdadeira carne na qual morrerá na cruz e ressuscitará dos mortos. Maria acompanhá-Lo-á até à cruz (cf. Jo 19, 25), donde a sua maternidade se estenderá a todo o discípulo de seu Filho (cf. Jo 19, 26-27). Estará presente também no Cenáculo, depois da ressurreição e ascensão de Jesus, para implorar com os Apóstolos o dom do Espírito (cf. Act 1, 14). O movimento de amor entre o Pai e o Filho no Espírito percorreu a nossa história; Cristo atrai-nos a Si para nos poder salvar (cf. Jo 12, 32). No centro da fé, encontra-se a confissão de Jesus, Filho de Deus, nascido de mulher, que nos introduz, pelo dom do Espírito Santo, na filiação adoptiva (cf. Gl 4, 4-6).
  2. A Maria, Mãe da Igreja e Mãe da nossa fé, nos dirigimos, rezando-Lhe:


Ajudai, ó Mãe, a nossa fé.


Abri o nosso ouvido à Palavra, para reconhecermos a voz de Deus e a sua chamada.


Despertai em nós o desejo de seguir os seus passos, saindo da nossa terra e acolhendo a sua promessa.


Ajudai-nos a deixar-nos tocar pelo seu amor, para podermos tocá-Lo com a fé.


Ajudai-nos a confiar-nos plenamente a Ele, a crer no seu amor, sobretudo nos momentos de tribulação e cruz, quando a nossa fé é chamada a amadurecer.


Semeai, na nossa fé, a alegria do Ressuscitado.


Recordai-nos que quem crê nunca está sozinho.


Ensinai-nos a ver com os olhos de Jesus, para que Ele seja luz no nosso caminho. E que esta luz da fé cresça sempre em nós até chegar aquele dia sem ocaso que é o próprio Cristo, vosso Filho, nosso Senhor.


Dado em Roma, junto de São Pedro, no dia 29 de Junho, solenidade dos Apóstolos São Pedro e São Paulo, do ano 2013, primeiro de Pontificado.


FRANCISCUS


[1] Dialogus cum Tryphone Iudaeo, 121, 2: PG 6, 758.


[2] Clemente de Alexandria, Protrepticus, IX: PG 8, 195.


[3] « Brief an Elisabeth Nietzsche (11 de Junho de 1865) », in: Werke in drei Bänden (Munique 1954), 953-954.


[4] Divina Comédia, Paraíso, XXIV, 145-147.


[5] Acta Sanctorum, Iunii, I, 21.


[6] « Embora o Concílio não trate expressamente da fé, todavia fala dela em cada página, reconhece o seu carácter vital e sobrenatural, supõe-na íntegra e forte e constrói sobre ela os seus ensinamentos. Bastaria lembrar as declarações conciliares (…) para nos darmos conta da importância essencial que o Concílio, coerente com a tradição doutrinal da Igreja, atribui à fé, à verdadeira fé, aquela que tem Cristo como fonte e, como canal, o magistério da Igreja » [Paulo VI, Audiência Geral (8 de Março de 1967): Insegnamenti V (1967), 705].


[7] Cf., por exemplo, Conc. Ecum. Vat. I, Const. dogm. sobre a fé católica Dei Filius, III: DS 3008-3020; Conc. Ecum. Vat. II, Const. dogm. sobre a divina Revelação Dei Verbum, 5; Catecismo da Igreja Católica, 153-165.


[8] Cf. Catechesis, V, 1: PG 33, 505A.


[9] Enarratio in Psalmum, 32, II, s. I, 9: PL 36, 284.


[10] Martin Buber, Die Erzählungen der Chassidim (Zurique 1949), 793.


[11] Émile (Paris 1966), 387.


[12] Lettrè à Christophe de Beaumont (Lausanne 1993), 110.


[13] Cf. In evangelium Johannis tractatus, 45, 9: PL 35, 1722- 1723.


[14] Parte II, IV.


[15] De continentia, 4, 11: PL 40, 356 (« ab eo qui fecit te noli deficere nec ad te »).


[16] « Vom Wesen katholischer Weltanschauung (1923) », in: Unterscheidung des Christlichen. Gesammelte Studien 1923-1963 (Mainz 1963), 24.


[17] Confessiones, XI, 30, 40: PL 32, 825.


[18] Cf. ibid.: o. c., 825-826.


[19] Cf. G. H. von Wright (coord.), Vermischte Bemerkungen / Culture and Value (Oxford 1991), 32-33 e 61-64.


[20] Cf. Homiliae in Evangelia, II, 27, 4: PL 76, 1207 (« amor ipse notitia est »).


[21] Cf. Expositio super Cantica Canticorum, XVIII, 88: CCL, Continuatio Mediaevalis, 87, 67.


[22] Ibid., XIX, 90: o. c., 87, 69.


[23] « A Deus que revela é devida a “obediência da fé” (Rm 16, 26; cf. Rm 1, 5; 2 Cor 10, 5-6); pela fé, o homem entrega-se total e livremente a Deus, oferecendo a Deus revelador o obséquio pleno da inteligência e da vontade e prestando voluntário assentimento à sua revelação. Para prestar esta adesão da fé, são necessários a prévia e concomitante ajuda da graça divina e os interiores auxílios do Espírito Santo, o qual move e converte a Deus o coração, abre os olhos do entendimento, e dá a todos a suavidade em aceitar e crer a verdade. Para que a compreensão da revelação seja sempre mais profunda, o mesmo Espírito Santo aperfeiçoa sem cessar a fé mediante os seus dons » (Conc. Ecum. Vat. II, Const. dogm. sobre a divina Revelação Dei Verbum, 5).


[24] Cf. Heinrich Schlier, « Meditationen über den Johanneischen Begriff der Wahrheit », in: Besinnung auf das Neue Testament. Exegetische Aufsätze und Vorträge 2 (Friburgo, Basel, Viena 1959), 272.


[25] Cf. Summa theologiae, III, q. 55, a. 2, ad 1.


[26] Sermo 229/L, 2: PLS 2, 576 (« Tangere autem corde, hoc est credere »).


[27] Cf. n.º 73: AAS (1999), 61-62.


[28] Cf. Confessiones, VIII, 12, 29: PL 32, 762.


[29] De Trinitate, XV, 11, 20: PL 42, 1071.


[30] Cf. De civitate Dei, XXII, 30, 5: PL 41, 804.


[31] Cf. Congr. para a Doutrina da Fé, Decl. Dominus Iesus (6 de Agosto de 2000), 15: AAS 92 (2000), 756.


[32] Demonstratio apostolicae praedicationis, 24: SC 406, 117.


[33] Cf. Boaventura, Breviloquium, Prol.: Opera Omnia, V (Quaracchi 1891), 201; In I librum sententiarum, Proem., q. 1, resp.: Opera Omnia, I (Quaracchi 1891), 7; Tomásde Aquino, Summa theologiae, I, q. 1.


[34] Cf. De Baptismo, 20, 5: CCL 1, 295.


[35] Const. dogm. sobre a divina Revelação Dei Verbum, 8.


[36] Cf. Conc. Ecum. Vat. II, Const. sobre a sagrada Liturgia Sacrosanctum Concilium, 59.


[37] Cf. Epistula Barnabae, 11, 5: SC 172, 162.


[38] Cf. De nuptiis et concupiscentia, I, 4, 5: PL 44, 413 (« Habent quippe intentionem generandi regenerandos, ut qui ex eis saeculi filii nascuntur in Dei filios renascantur »).


[39] Conc. Ecum. Vat. II, Const. dogm. sobre a divina Revelação Dei Verbum, 8.


[40] In nativitate Domini sermo, 4, 6: SC 22, 110.


[41] Cf. Ireneu, Adversus haereses, I, 10, 2: SC 264, 160.


[42] Cf. ibid., II, 27, 1: o. c., 294, 264.


[43] Cf. Agostinho, De sancta virginitate, 48, 48: PL 40, 424- 425 (« Servatur et in fide inviolata quaedam castitas virginalis, qua Ecclesia uni viro virgo casta cooptatur »).


[44] Cf. An Essay on the Development of Christian Doctrine (Uniform Edition: Longmans, Green and Company, Londres 1868-1881), 185-189.


[45] Cf. Conc. Ecum. Vat. II, Const. dogm. sobre a divina Revelação Dei Verbum, 10.


[46] Orígenes, Contra Celsum, IV, 75: SC 136, 372.


[47] Ibid., 85: o. c., 136, 394.


[48] « Choruses from The Rock », in: The Collected Poems and Plays 1909-1950 (Nova Iorque 1980), 106.


[49] Cf. Dialogus cum Tryphone Iudaeo, 100, 5: PG 6, 710.


[50] Cf. Conc. Ecum. Vat. II, Const. dogm. sobre a Igreja Lumen gentium, 58.