LGBTQ: o Cardeal Marx lidera o último assalto ao Catecismo
LGBTQ: o Cardeal Marx lidera o último assalto ao Catecismo
«Love is love», o amor é amor, declarou o então Presidente americano Barack Obama, em Junho de 2015, depois de o Supremo Tribunal ter dado luz verde ao reconhecimento do casamento homossexual. E «love is love» repete agora o Cardeal alemão Reinhard Marx, Arcebispo de Munique e Freising, para fazer avançar a agenda LGBTQ na Igreja.
Na sequência das exigências que já emergiram claramente do caminho sinodal alemão, também o Cardeal Marx decidiu quebrar o impasse e pedir a alta voz a mudança do Catecismo em matéria de homossexualidade.
Fê-lo numa entrevista publicada, a 30 de Março, pelo semanário liberal Stern, na qual afirma que o Catecismo «não está gravado na pedra» e que «é legítimo ter dúvidas sobre os seus conteúdos».
Marx fala de «ética inclusiva», baseada no «respeito pelo outro», enquanto «o valor do amor se demonstra na relação: em não reduzir a outra pessoa a um objeto, em não usar ou humilhar a outra pessoa, em ser fiel e dependente um do outro».
Obviamente pressionado pelas perguntas do jornalista, ele prossegue, dizendo que «a homossexualidade não é pecado. E é comportamento cristão quando duas pessoas, independentemente do sexo, se defendem mutuamente, na alegria e na dor».
Em suma, o que o Cardeal Marx pretende afirmar é «a primazia do amor, especialmente nos encontros sexuais».
E o Arcebispo de Munique parece ter pressa: «Nos últimos anos sinto-me cada vez mais livre para dizer o que penso e quero que o ensinamento da Igreja progrida. Também a Igreja está a mudar, juntamente com o mundo: as pessoas LGBTQ fazem parte da Criação e são amadas por Deus e nós somos desafiados a combater a discriminação».
Finalmente, o Cardeal Marx também confessou ter abençoado um casal homossexual no passado: «Há alguns anos, em Los Angeles, após uma celebração na qual preguei sobre unidade e diversidade, duas pessoas vieram ter comigo e pediram-me uma bênção. E eu dei-a. Afinal de contas, não se tratava de um matrimônio».
A entrevista a Stern não surge como um raio num céu sereno.
Não só foi precedida pelas análogas teses do caminho sinodal alemão e pelas declarações do Presidente da Conferência Episcopal Alemã, Mons. Georg Bätzing, que pediu que o “sexo livre” seja reconhecido no Catecismo, mas o próprio Marx já tinha atirado a luva de desafio ao celebrar uma Missa, no início de Março, para comemorar os 20 anos de pastoral queer em Munique.
Obviamente com uma bandeira arco-íris em frente ao altar e com uma homilia exaltando uma «Igreja inclusiva». O valor daquele gesto, porém, não tinha sido adequada e universalmente relançado, pelo que Marx tentou novamente com uma entrevista que é impossível de passar em silêncio.
A declaração do Cardeal Marx não tem simplesmente que ver com a reivindicação da Igreja alemã e não só porque Marx é membro do restrito Conselho de Cardeais que assiste o Papa Francisco no governo da Igreja.
Só isto deveria sugerir que a sua posição pública sobre a homossexualidade tem uma relevância universal. Mas não basta: a escolha dos tempos sugere que estamos perante uma ofensiva coordenada para imprimir uma direcção muito precisa pró-LGBTQ ao Sínodo sobre a Sinodalidade que tanto preocupa o Papa Francisco.
Em Fevereiro, por exemplo, foi o cardeal luxemburguês Jean-Claude Hollerich, presidente dos bispos europeus, a pedir uma mudança da doutrina favorável à homossexualidade sem que a sua nomeação como Relator-Geral do Sínodo sobre a Sinodalidade fosse questionada.
Mas acima de tudo, amanhã, 3 de Abril, haverá um evento sem precedentes: a Subsecretária do Sínodo dos Bispos, Irmã Nathalie Becquart, pronunciará uma lectio magistralis diante da plateia de New Ways Ministry, a organização LGBTQ americana cujo objetivo é mudar o ensinamento da Igreja em matéria de homossexualidade.
De New Ways Ministry, organização desaprovada pelos bispos americanos e condenada pela Congregação para a Doutrina da Fé há 23 anos, já havíamos falado em Dezembro, quando surgiu uma polémica sobre a presença do seu material pró-LGBTQ no sítio web do Sínodo. Mas, desde então, as coisas têm avançado rapidamente para eles.
Um passo fundamental foi a reabilitação da irmã co-fundadora de New Ways Ministry, Jeannine Gramick, pelo Papa Francisco, que lhe escreveu uma carta de grande apreço pelo seu trabalho com as pessoas LGBTQ, que considerou «ao estilo de Deus». Daí um envolvimento cada vez mais ativo da organização LGBTQ na preparação do Sínodo, até ao evento de amanhã, um verdadeiro reconhecimento oficial do movimento LGBTQ.
Trata-se da conferência anual dedicada ao Padre Robert Nugent, o outro co-fundador de New Ways Ministry, e o tema será a “Sinodalidade como caminho de reconciliação”. E não há dúvida, dadas as premissas, que terá de ser a Igreja a reconciliar-se com os seus fiéis LGBTQ. O secretariado de New Ways Ministry tem razão em dizer que se trata de «um acontecimento histórico».
Podemos agora falar tranquilamente de um triunfo do lobby LGBTQ na Igreja e não podemos deixar de constatar que a liderança da Igreja não só não oferece resistência, como está até ativamente envolvida no processo. Não é coincidência que nenhuma ação tenha sido tomada – e nunca será tomada – contra o Cardeal Marx pelas suas observações, nem será diminuído o seu papel como conselheiro do Papa.
Pelo contrário, nove anos passados, podemos bem dizer que os Sínodos serviram para promover e implementar a revolução sexual na Igreja: os dois Sínodos sobre a família abriram objetivamente o caminho ao divórcio e ao segundo casamento, e agora a sinodalidade serve para legitimar a homossexualidade e qualquer tipo de relação sexual.
E se em 2014 o pretexto era pastoral, fingindo não afetar a doutrina, agora a máscara foi definitivamente retirada e passa-se diretamente à mudança da doutrina. Como temia o então Cardeal Ratzinger já em 1986.
FONTE: DIES IRAE / Riccardo Cascioli
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