LETRA “P” – DICIONÁRIO DA DOUTRINA CATÓLICA
LETRA “P” – DICIONÁRIO DA DOUTRINA CATÓLICA
PACIÊNCIA
é a virtude pela qual suportamos com resignação as penas que nos molestam, não somente quando somos culpados mas também quando estamos inocentes. O homem paciente converte o fel em favo de mel; amansa o mau e fá-lo bom; muda o amargor do sofrimento em alegria de felicidade eterna. «A paciência aperfeiçoa as boas obras para que sejais perfeitos e completos, não faltando em coisa alguma», escreveu São Tiago, e acrescentou: «tende paciência, irmãos, até a vinda do Senhor (que é o dia da morte).
Bem vedes que o lavrador, na expectativa de recolher o precioso fruto da terra, espera com paciência as chuvas têmporas e serôdias. Esperai também vós com paciência, e fortalecei os vossos corações, porque a vinda do Senhor está próxima» (Ep. São Tiago. V, 7 e 8). As contrariedades são inevitáveis; e a maior parte delas vêm de nós mesmos. Reconheçamos a inutilidade da impaciência e o mal que nos causa.
Os sofrimentos que nos vêm nas contrariedades da vida são pouco ou nada em comparação dos nossos pecados.
PADRE
Ver a palavra SACERDOTE.
PADRES DA IGREJA
Chamam-se assim os escritores da Igreja, cujas obras e doutrina formam aquela autoridade que constitui a Tradição. A Igreja dá este título aos Doutores que floresceram nos doze primeiros séculos do Cristianismo, isto é, desde os Apóstolos até São Bernardo, que se reconhece geralmente como último dos Santos Padres.
Para que um Escritor seja considerado «Padre da Igreja» são necessárias quatro condições:
a) ortodoxia doutrinal;
b) santidade de vida;
c) antiguidade;
d) aprovação da Igreja.
Existem, todavia, alguns que embora não reúnam em si todas as condições antes indicadas, são, no entanto, chamados vulgarmente «Padres da Igreja», como por exemplo, Tertuliano, Orígenes, Fausto de Riez e outros; estes são chamados «Padres» pelos importantes serviços prestados à causa católica durante o tempo da sua ortodoxia.
Ver a palavra DOUTORES.
PADRINHOS
Segundo um antiquíssimo costume que remonta pelo menos ao século III, ninguém deve ser batizado sem ser apresentado por um padrinho.
No Batismo, ainda que privado, deve haver um padrinho e uma madrinha, que sejam batizados, que hajam atingido o uso da razão, e tenham a intenção de assumir tal encargo; que no ato do Batismo sustentem ou toquem fisicamente, por si ou por procurador, o batizando, ou imediatamente após aquele ato o tirem ou recebam da pia batismal ou das mãos do batizante (C. 765).
Sejam afastados nominalmente do múnus de padrinho os concubinados públicos (quer ligados pelo contrato civil quer não), os duelistas, os que proíbem que seus filhos se batizem ou recebam a primeira Comunhão (C. P.).
Pelo Batismo, o batizante e os padrinhos contraem parentesco espiritual com o batizado (C. 768). Em virtude do encargo que assumiram, os padrinhos têm obrigação de velar perpetuamente pelo seu filho espiritual (C. 769).
Também na Confirmação deve haver um padrinho, que seja do mesmo sexo que o confirmando, que seja confirmado, que tenha 14 anos de idade e coloque a mão direita sobre o ombro direito do confirmando durante a imposição do crisma.
Não podem ser padrinhos na Confirmação os que não o podem ser no Batismo.
PADROEIRO (SANTO)
é o Santo escolhido por uma Nação, Diocese Paróquia, Comunidade Religiosa, ou quaisquer lugares ou pessoas morais, como seu Protetor especial junto de Deus.
PAGANISMO
é o estado religioso era que vivem os povos que não conhecem o verdadeiro Deus. Adoram falsas divindades e seguem uma moral de harmonia com os erros grosseiros que às suas paixões agradam. Os homens tiveram sempre a ideia de um Deus; como não o conheciam, prestavam culto ao que eles julgavam ser Deus. Antes de Jesus Cristo só os Israelitas adoravam o verdadeiro Deus, porque só a eles Deus se tinha revelado.
Os povos que não conhecem Jesus Cristo continuam a viver no paganismo.
PAIS
Unidos pelo Santo Sacramento do Matrimônio o homem e a mulher são chamados, pelo poder da procriação que recebem de Deus, à missão sublime de colaborar com Ele na obra da comunicação da vida.
Devem tomar todas as precauções para que os filhos tenham um nascimento feliz, e devem fazê-los batizar o mais breve que possam, para os tornarem herdeiros do Céu. Devem prover suficientemente à conservação da sua saúde, instruí-los e educá-los, para que sejam homens prestantes e bons. Devem amá-los sem predileção por algum, e amá-los sobrenaturalmente. Devem corrigi-los, exercer vigilância sobre a sua conduta, habituá-los ao trabalho, segundo as aptidões e forças de cada um, dar-lhes bom exemplo, preveni-los a respeito dos perigos contra a virtude, a respeito das realidades da vida, dirigi-los e ampará-los na escolha da profissão e do estado de vida que hão de tomar. O Apóstolo São Paulo lhes diz: «Educai-os em disciplina e correção do Senhor» (Ep. Efes. VI, 4).
Preparar os filhos para ganharem o sustento do corpo é um dever de que os pais não podem dispensar-se; mais importante e mais grave, porém, é o dever de prepará-los para ganharem a vida eterna.
PAIXÃO
(Etimologicamente deriva do verbo latino pati que significa sofrer). A paixão é definida por Aristóteles, «o movimento do apetite sensitivo procedente da imaginação do bem ou do mal, com uma certa transmutação corpórea». Neste sentido, as paixões, sendo inclinações próprias da natureza, não são nem boas nem más e existem em todos os homens. Seguindo o pensamento aristotélico, Santo Tomás (S. Teolog. I-II, q. 23, a. 4) distingue no homem onze paixões: amor, ódio, desejo, fuga, deleitação e tristeza, estas no apetite concupiscível; esperança, audácia, desesperação, temor e ira, no apetite irascível.
A paixão é voluntária, quando excitada pela própria vontade; os atos a que conduz têm maior mérito se são bons, e maior culpabilidade se são maus.
A paixão é involuntária, quando precede o ato da vontade, inclinando-a a operar; os atos de que é causa chegam a ser isentos de responsabilidade moral.
As paixões moderadas pela reta razão podem e devem contribuir para a formação de sólidas e fecundas virtudes. Mas, em nosso modo habitual de falar, paixão significa simplesmente «o ato ou o hábito desordenado do apetite sensitivo.
Neste sentido, a paixão seria mais propriamente chamada ‘vício’» (S. Teolog. I-II q. 45, a. 1, resp. à 1.ª obj.).
PAIXÃO DE JESUS CRISTO
Chama-se assim ao conjunto dos sofrimentos do nosso Divino Salvador desde a sua prisão na noite de Quinta-feira Santa até à morte na Cruz; foi prognosticada pelos Profetas do Antigo Testamento, principalmente por Isaías, (cap. LIII), e foi realizada sob o poder de Pôncio Pilatos, na cidade de Jerusalém, terminando com a crucifixão no Calvário.
A natureza humana de Jesus Cristo, posto que unida à natureza divina, conservou o que tinha de passível e mortal; por isso Jesus foi sensível às dores e à morte.
Pela Paixão de Jesus Cristo foram tirados todos os impedimentos da nossa salvação, e foram-nos dados todos os bens, quanto ao mérito.
Na remissão dos pecados ela é a causa universal, que é preciso, todavia, aplicar a cada um por meio dos Sacramentos, de sorte que nenhum pecado é perdoado, nem alguém obtém salvação sem que lhe sejam aplicados os méritos da Paixão de Nosso Senhor Jesus Cristo.
PALA
é um pequeno pano quadrado, de linho ou de cânhamo, que o Sacerdote leva dentro do corporal quando vai celebrar a Santa Missa.
Não admite bordados, mas pode ter uma renda à volta. A pala serve para cobrir a patena e a hóstia até ao ofertório, e o cálice desde o ofertório até à comunhão, e de novo a patena depois da comunhão. É benzida com o corporal, dentro do qual se conserva.
Depois de servir na Missa, não deve ser dada a lavar nem mesmo a religiosas, sem ter sido purificada por Clérigo de Ordens Maiores (C. 1306).
PÁLIO
é um dossel portátil, sustentado por varas, que obrigatoriamente serve nas procissões para cobrir o Sacerdote que leva a custódia com o Santíssimo Sacramento.
É tolerado também que vão debaixo do Pálio as Relíquias da Verdadeira Cruz do Senhor e os Instrumentos da Paixão, contanto que não estejam reunidas a relíquias de Santos.
É proibido levar nas procissões debaixo do pálio relíquias ou imagens dos Santos, ainda que sejam da Santíssima Virgem (S. C. R). Se houver costume, também pode ir debaixo do pálio a imagem do Senhor morto, na sexta-feira santa (S. C. R.).
Também é recebido debaixo do pálio o Bispo, na visita pastoral (Pont. Rom.).
Também se chama Pálio a um ornamento que o Arcebispo põe sobre os ombros depois de revestido de todos os outros ornamentos pontificais.
O Palio era insígnia do imperador que foi concedida ao Papa ou no século IV ou no século V.
No princípio era sinal do poder e missão do pastor passando também a ter o significado de uma relíquia de São Pedro e de um instrumento do poder arquiepiscopal.
O Pálio é feito da lã de cordeirinhos, benzida no altar de Santa Inês e depositado depois sobre o altar da confissão de São Pedro. (Ver A. Coelho, C. de Lit. Rom., 1943, Vol. II, pág. 240). É formado por duas fitas de lã branca, da largura de dois dedos, que pendem sobre o peito e sobre as costas, com algumas cruzes pretas. Usam-no os Metropolitas como sinal de jurisdição sobre as igrejas da sua Província eclesiástica; antes de o receberem não podem licitamente exercer a sua jurisdição arquiepiscopal (C. 275, 276).
A bênção do «Pálio» é reservada ao Sumo Pontífice.
PAPA
Esta palavra significa Pai espiritual. O Papa é o Vigário de Jesus Cristo na terra, o Bispo de Roma, o Chefe da Igreja Católica. (Ver Romano Pontífice).
PARAÍSO TERRESTRE
Dá-se este nome ao lugar onde Deus formou e colocou Adão e Eva. Conhecemos a sua existência pela narração da Sagrada Escritura, mas não sabemos em que lugar exato da Terra estava situado.
PARAMENTOS
são todos os ornamentos usados pelo Clero nas funções sagradas. Devem ser benzidos pelo Bispo ou por Sacerdote que tenha as necessárias faculdades, exceto os sanguíneos, os véus de cálice e as bolsas de corporais. Não podem servir para usos profanos (C. 1296).
Acerca da matéria e forma dos ornamentos e outros objetos sagrados devem observar-se as normas litúrgicas, a tradição da Igreja e, do melhor modo possível, também as leis da Arte Sagrada (C 1296, § 3).
As várias cores dos paramentos são a expressão de um simbolismo. A cor branca é símbolo de pureza e de alegria; a cor vermelha é símbolo de amor e de sacrifício; a verde é símbolo de esperança; a roxa é símbolo de penitência; a preta é símbolo de luto. Os paramentos não devem estar rasgados nem sujos.
Quando já não podem ser remendados, queimam-se, assim como se queimam todas as vestes e utensílios litúrgicos benzidos, quando já não estão capazes de ser usados.
PÁROCO
é o Sacerdote a quem foi conferida, em título, alguma Paróquia com a cura de almas, que há de exercer sob a autoridade do Ordinário do lugar (C. 451). Só é propriamente Pároco aquele que é colado. Aos Párocos colados são equiparados os Encomendados, em tudo o que não seja contrário ao direito (C. 451).
É da máxima importância na Igreja Católica o ofício dos Párocos. Da sua ciência, prudência e zelo depende, em grande parte, a salvação das almas. São eles os melhores cooperadores dos Bispos, aos quais compete o direito de nomeá-los em suas Dioceses (C, 455). Os direitos e as múltiplas obrigações dos Párocos estão determinados no Código do Direito Canônico.
PARÓQUIA
é uma parte do território de uma Diocese, com uma igreja e povo determinados, sob a direção dum Pároco como seu próprio Pastor, para cuidar das necessidades, das almas (C. 216).
PÁSCOA
é a principal festa dos cristãos, por comemorar a Ressurreição de Jesus, fundamento da nossa Religião. A Ressurreição de Jesus Cristo é o triunfo da vida sobre a morte e dá-nos a esperança da nossa futura ressurreição para irmos gozar com Jesus as alegrias do Céu.
No Martirológio, antes de se anunciarem as Calendas e a lua, canta-se o elogio da Festa do dia, que todos escutam de pé. Neste dia, para a aspersão antes da Missa, emprega-se água tirada da Pia batismal, antes da infusão dos Santos Óleos.
Neste Domingo e nos que se seguem, até ao Pentecostes inclusivamente, cantase à aspersão «Vidi aquam» em lugar do «Asperges» (ver A. Coelho, C. de Lit. Rom., 1941, Vol. I, pags. 728-729).
PATENA
é uma espécie de prato de ouro ou de prata dourada, onde se coloca a hóstia que vai ser consagrada na Missa. Deve ser sagrada pelo Bispo.
PÁTRIA
nossa, é a Nação a que pertencem nossos pais quando nascemos. Devemos-lhe amor, trabalho e defesa,
a) O amor à nossa Pátria leva-nos a preferi-la às outras Nações, a aplaudir como nossas as empresas dos nossos compatriotas que procuram o bem comum, a pôr em relevo todo o bem que se faz na nossa Pátria, a sentir e a lamentar como mal nosso, todo o mal feito pelos nossos compatriotas, a nos sentirmos honrados pelos atos que honram os nossos compatriotas,
b) Trabalho pela prosperidade material e moral da nossa Pátria,
c) Defesa pela palavra, pela escrita, pelo capital, pelas armas, sempre que a Pátria tenha necessidade do nosso esforço e das nossas faculdades.
PATRIARCA
era o nome que se dava aos varões célebres de que a Sagrada Escritura faz menção e que viveram nos primeiros tempos do mundo e durante muitos séculos. Atualmente a palavra Patriarca, usada na Igreja, é apenas um título que, além da prerrogativa de honra e do direito de precedência sobre o Primaz e o Arcebispo, não tem jurisdição especial (C. 271, 280).
PATRÕES
paguem aos operários um salário justo; não lhes imponham trabalho excessivo; sejam com eles generosos quanto possível; não os exponham a ocasiões de pecado, antes procurem auxiliá-los no cumprimento dos seus deveres religiosos; e amem-nos como irmãos, filhos do mesmo Pai que é Deus (C. P.; C. 1524).
Lembrem-se os patrões da rigorosa obrigação que lhes incumbe de manter completa moralidade nos seus estabelecimentos, evitando a promiscuidade dos sexos e o trabalho noturno das mulheres, que lhes é tão prejudicial para a alma como para o corpo. Os amos e patrões devem procurar que os jovens de um e outro sexo, que se ocupam no seu serviço doméstico, santifiquem os dias do Senhor, frequentem os Sacramentos, e fujam dos perigos contra a Fé e os bons costumes (C. P.).
PAVILHÃO
Ver a palavra SACRÁRIO.
PAZ
é a tranquilidade na ordem, principalmente na vontade. A paz procede da justiça, evitando ocasiões de litígios e tumultos. O mundo oferece paz aos seus, proporcionando gozos, prazeres, consolações, que, todavia, não acalmam as paixões, não unem os sentimentos, não confortam o coração, não abatem o orgulho, não desfazem as invejas, não nivelam as ideias.
Por isso o mundo não dá paz aos homens. A paz vem do Céu. Cantaram-na os Anjos quando Jesus nasceu; deixou-a Jesus aos seus discípulos quando subiu ao Céu: «A paz vos deixo, a paz vos dou; não vo-la dou como a dá o mundo» (Ev. S. Jo. XIV, 27).
A paz de Jesus Cristo é uma graça que estabelece a harmonia entre as faculdades do homem e entre os homens que sujeitam a sua vontade à vontade de Deus.
Aquele que Lhe for inteiramente submisso goza o doce prazer da paz no seu espírito, ainda que viva no meio de adversidades.
PECADO
é qualquer ação, palavra ou desejo contra a Lei eterna de Deus (Santo Agostinho).
O Pecado é possível porque o homem é livre no exercício da sua vontade; deve determinar-se ao bem, mas pode determinar-se ao que é oposto ao bem, isto é, pode não querer conformar os seus atos com o que a Lei divina lhe prescreve. O pecado pode ser contra Deus, contra o próprio pecador, e contra o próximo, e pode ser de pensamento, de palavra, de ação e de omissão.
A gravidade do pecado não se mede pelo prejuízo que causa, mas pela má vontade ou má intenção do pecador. São quatro os graus da gravidade do pecado, conforme resulta: da paixão, ou da ignorância, ou da malícia, ou da contumácia.
O pecado original foi cometido por Adão, o primeiro homem, o qual preferiu agradar a sua mulher, desprezando ambos a Lei de Deus. Em consequência desse pecado, ficaram ambos privados da graça divina em que haviam sido criados, e ficaram sujeitos a todos os males que resultam da ignorância, da concupiscência e da fraqueza da vontade, e ficaram sujeitos à morte. Além disso, todos os descendentes de Adão e Eva estão sujeitos às mesmas privações e às mesmas penas, visto que o pecado original deteriorou a natureza humana, que passa de geração em geração privada da graça de Deus.
Esta verdade é afirmada na Sagrada Escritura, dizendo São Paulo: «O pecado entrou no mundo por um homem, e pelo pecado a morte para todos os homens, porque todos tinham pecado…» (Ep. Rom. V, 12).
O Sacramento do Batismo apaga o pecado original, porque infunde a graça divina na alma de quem o recebe; mas a natureza humana continua sujeita aos efeitos com que aquele pecado a infeccionou. Por isso o homem ainda cai em pecado e os seus pecados chamam-se pessoais, que podem ser mortais ou veniais.
O pecado é venial quando não faz perder a graça de Deus, e isto sucede se deixamos de cumprir a Lei de Deus em coisa leve, ou em coisa grave, mas sem pleno conhecimento. Este pecado é impedimento de atos de virtude e atrai sobre o pecador alguma pena temporal a sofrer neste mundo ou no Purgatório.
O pecado é mortal quando se transgride a lei divina por desprezo; mas nenhum pecado é mortal sem o pleno conhecimento da razão.
O pecado mortal faz perder a graça de Deus e sujeita o pecador à condenação eterna. O pecado venial é comparado a uma doença, o pecado mortal é comparado à morte. É mais grave pecar por obras do que por palavras, e mais grave pecar por palavras do que por pensamentos. Os pecados carnais são menos graves, embora mais torpes do que os pecados espirituais. Todo o pecado contra o próximo é também contra Deus.
Todos os pecados podem ser perdoados nesta vida, quanto à culpa e quanto à pena, mas para obter o perdão de qualquer pecado é preciso que se perca totalmente o afeto ao pecado. Nenhum pecado mortal pode ser perdoado sem que o sejam todos, porque todos os mortais são conexos na aversão a Deus. «Se dissermos que não temos pecado algum, nós mesmos nos enganamos e a verdade não está em nós» (Ep. I S. Jo. I, 8). O pecado é o máximo mal que o homem pode fazer a si mesmo.
O homem que peca mortalmente fica de tal modo escravizado ao seu pecado que, enquanto está em pecado, nada faz que mereça recompensa celeste e, morrendo em pecado mortal, não pode ter vida eterna no Céu.
Há sete pecados mortais, que são chamados capitais, porque são a cabeça ou a fonte de que procedem outros, e são: soberba, avareza, luxúria, ira, gula, inveja e preguiça Os principais meios de evitar o pecado são: a oração, a meditação e a consideração das consequências do pecado, a frequência dos sacramentos da Confissão e da Comunhão, os exercícios de piedade, o espírito e a prática da mortificação, a fuga das ocasiões do pecado, a vigilância sobre os sentidos e sobre a vontade, sem cujo consentimento não há pecado.
PECADOS CONTRA O ESPÍRITO SANTO
são os pecados nos
quais, por uma obstinação no mal, se despreza a graça que o divino Espírito
Santo nos oferece para a nossa santificação. Chamam-se pecados contra o
Espírito Santo porque tudo o que dimana da bondade de Deus se atribui
particularmente ao Espírito Santo. Tais pecados são: desesperação da salvação,
— presunção de se salvar sem merecimentos, — contradizer a verdade
conhecida como tal, — ter inveja das mercês que Deus faz a outrem, —
obstinação no pecado — impenitência final. Jesus disse que o pecado contra o
Espírito Santo não será perdoado neste mundo nem no outro (Ev. S. Mat. XII,
32), querendo significar que é muito difícil ao que comete tais pecados o
arrepender-se e sem o arrependimento não recebe o perdão.
PECADOS CONTRA A NATUREZA
geralmente falando, são todos os
pecados de impureza, cometidos contra a ordem da natureza estabelecida para a
geração dos filhos.
PECADOR
é aquele que comete algum pecado. É pecador oculto se o seu pecado
não é conhecido; é pecador público se o seu pecado é do conhecimento público.
Os pecadores públicos — os excomungados, os interditos, os manifestamente
infames e quaisquer outros — devem ser afastados da sagrada Comunhão, a não
ser que conste da sua emenda e satisfaçam pelo escândalo público. Aos
pecadores ocultos, se pedirem ocultamente a Comunhão e não constar da sua
emenda, não se dê a Sagrada Comunhão; se a pedirem publicamente e houver
escândalo em lha negar, deve ser-lhes dada (C. 855). Se o pecador público ou
ligado por censura notória, pretender o Sacramento do Matrimônio e não se
quiser confessar, ou se se recusar a reconciliar-se com a Igreja, o Pároco não
pode assistir ao seu Matrimônio, a não ser que exija causa grave, e, podendo ser,
depois de ter consultado o Bispo (C. 1066). Os pecadores públicos e manifestos
não podem ser admitidos validamente nas Associações Pias (C. 693) e não
podem ter sepultura eclesiástica (C. 1240).
PEDRA D’ARA
é a pedra sagrada pelo Bispo e colocada sobre uma mesa para a
celebração do Sacrifício da Missa. Deve ter as dimensões suficientes para nela
caberem a hóstia e o cálice. As proporções ordinárias são de 30 centímetros de
comprimento por 26 de largura. Convém que sobressaia um pouco sobre a mesa,
para que o celebrante conheça facilmente os seus limites. A pedra d’ara perde a
sagração: recebendo uma fratura enorme, removendo-se as relíquias, ou
levantando-se o opérculo do sepulcro onde estão as relíquias. Uma fratura leve,
mesmo no opérculo, pode ser tapada por qualquer Sacerdote, cimentando a
fenda (C. 1200).
PENA
ou castigo de Deus, é dupla: de sentido ou aflitiva, e de dano ou carência da
visão de Deus. A primeira é devida ao pecador por causa da sua conversão
desordenada às criaturas; a segunda por causa da aversão a Deus. Toda a pena,
como pena, só se aplica ao culpado, mas como satisfação e medicina pode-se
aplicar por culpa alheia. Com pena corporal se castiga o filho por culpa do pai e
o servo por culpa do amo, enquanto que são alguma coisa deles; não porém com
pena espiritual, a não ser que tenham sido participantes da sua culpa.
Deus tarda em punir os pecadores, por duas razões: para que os predestinados se
convertam, e para que os seus juízos sejam reconhecidos como justos.
Os que morrem só com o pecado original não sofrem a pena de sentido. Ao
pecado venial é devida a pena temporal; ao pecado mortal, a pena eterna.
Perdoada a culpa do pecado mortal e a pena eterna, por vezes fica a pena
temporal a sofrer nesta vida ou no Purgatório.
PENA ECLESIÁSTICA
é a privação de algum bem, imposta pela autoridade legítima da Igreja, para correção do delinquente e punição do delito (C. 2215).
PENAS ESPIRITUAIS
Ver a palavra CENSURA.
PENITÊNCIA
é um Sacramento pelo qual são perdoados os pecados cometidos
depois do Batismo, àquele que os confessa com as devidas disposições. Foi
instituído por Jesus Cristo quando disse aos seus Apóstolos: «Àqueles a quem
perdoardes os pecados ser-lhes-ão perdoados, e àqueles a quem os retiverdes serlhes-ão retidos» (Ev. S. Jo. XX, 23). Este poder conferido por Jesus aos seus
Apóstolos, e que só eles podem transmitir e que transmitem somente aos
Sacerdotes, estende os seus efeitos a todos os pecados, de sorte que não há
nenhum pecado que não possa ser perdoado pelo Sacramento da Penitência.
Para haver Sacramento é necessário que o penitente ou pecador faça a confissão
dos seus pecados com verdadeira contrição e propósito de satisfazer, e que seja
absolvido pelo Confessor. Este Sacramento é tão necessário para a salvação
daqueles que pecam mortalmente após o Batismo, como o Batismo é necessário
para os não batizados. Todavia os pecados seriam perdoados àquele pecador
que, desejando o perdão e não se podendo confessar, morresse com verdadeira
contrição. A contrição procede do amor a Deus, e quem morre no amor de Deus
não é condenado. Todos os fiéis têm obrigação, por preceito da Igreja, de
receber o Sacramento da Penitência, desde que chegam ao uso de razão, ao
menos uma vez cada ano.
PENITÊNCIA (virtude)
é uma virtude sobrenatural e moral, inclinando o pecador
à detestação do pecado por ser ofensa a Deus, com o firme propósito de emenda
e de satisfação. Por força da justiça natural, o homem tem de reparar a ofensa
feita a outrem. O homem que ofende a Deus fica obrigado, por preceito de
justiça, a reparar a ofensa, e repara-a fazendo penitência.
PENTECOSTES
é o décimo dia após a Ascensão do Senhor. Chama-se dia de
Pentecostes — palavra que quer dizer quinquagésimo — porque a festa se
realiza 50 dias depois da Páscoa. Chama-se também Domingo do Espírito Santo,
porque nesse dia, estando os Apóstolos reunidos numa casa da cidade de
Jerusalém, em oração, desceu sobre eles o divino Espírito Santo, em forma de
línguas de fogo, produzindo efeitos maravilhosos.
PERDÃO
É um dever cristão perdoar aos que nos ofendem; mas o perdão exige o
arrependimento do ofensor, e por essa razão não facilita a disposição para nova
ofensa. Disse Jesus Cristo: «Se teu irmão pecar contra ti, repreende-o, e se ele se
arrepender, perdoa-lhe» (Ev. S. Luc. XVII, 3).
Quem se arrepende do mal que faz não fica com vontade de repetir a ação má. O
perdão é uma consoladora esperança para os pecadores, pois disse o Evangelista
S Lucas; «Arrependei-vos e convertei-vos, para que os vossos pecados sejam
perdoados» (Act. Ap. III, 19). Tal é o preço do perdão dos nossos pecados:
arrependimento, acompanhado da conversão, e detestação do mal feito,
começando a fazer o bem que lhe é contrário.
PEREGRINAÇÕES
são uma solene manifestação de Fé, um ato coletivo de
Religião, de piedade e de penitência, que os cristãos costumam fazer, ordenados
em grupos, aos mais célebres Santuários. Não devem ser promovidas sem o
consentimento da Autoridade eclesiástica, a cuja aprovação há de ser submetido
o respectivo programa. Convém que os fiéis sejam preparados para esse ato, por
meio de pregação, e que se confessem e comunguem.
PEREGRINO
é aquele que está fora do domicílio e quase domicílio, que ainda
conserva (C. 91). Não está sujeito às leis particulares do seu território, enquanto
dele estiver ausente, exceto se as leis forem pessoais ou a sua transgressão
causar prejuízo no seu território; e no território em que se encontra é obrigado
somente às leis que dizem respeito à ordem pública. O peregrino deve ser
batizado solenemente na sua paróquia pelo Pároco próprio, se isso for fácil e
sem demora se se puder fazer; em caso contrário, qualquer Pároco no seu
território pode batizar solenemente o peregrino (C. 738). Pode lucrar as
Indulgências concedidas a todos pelo Bispo da diocese era que se encontra (C.
927).
PERFEIÇÃO
consiste na união permanente da alma com Deus, pois a última
perfeição duma coisa consiste na consecução do fim último para que foi criada.
O fim último do homem é este: conhecer e amar a Deus como Ele é e como
merece. Isto só se consegue de modo completo e permanente no Céu. Ninguém é
obrigado a ser perfeito enquanto viver neste mundo, mas todos são obrigados a
tender à perfeição. Foi neste sentido que Jesus disse: «Sede perfeitos, como
vosso Pai celeste é perfeito» (Ev. S. Mat. V, 48). É dever do cristão imitar as
perfeições divinas, manifestadas na vida humana de Jesus Cristo. Aquela
tendência à perfeição consiste, essencialmente, em cumprir os Mandamentos
divinos, e, secundariamente, no cumprimento dos Conselhos evangélicos que
também se ordenam ao amor de Deus (Sum. Teológ , II-II, q.184 a. 3).
Embora seja necessário para o cristão observar os Conselhos que lhe são
impostos pelos seus deveres de estado, no entanto a perfeição consiste antes de
tudo no cumprimento dos Preceitos.
Não cumprem a vontade de Deus, (e, portanto, não O amam), aqueles que, para
dar grandes esmolas, retardam indefinidamente o pagamento das próprias
dívidas; também não cumprem a vontade de Deus os que se dão a devoções e
esquecem os seus deveres graves de estado, domésticos, profissionais e de
cristão, como, por exemplo, a assistência obrigatória à Santa Missa, aos
Domingos e dias Santos, o contribuir, na medida das suas possibilidades, para as
despesas do culto, etc., etc.
A verdadeira perfeição consiste em amar a Deus e ao próximo por Deus,
distinguindo bem o principal do secundário, sem nunca esquecer aquela máxima
de S. Bernardo: «a medida do amor de Deus é Amá-lo sem medida».
PERIGOS A EVITAR
Entre os perigos que se encontram no caminho da vida
cristã, alguns merecem especial atenção, sobretudo aos jovens,
a) A ociosidade: é preciso empregar bem o tempo e as nossas faculdades;
b) As más companhias: falar a todos, acompanhar com os bons, escolher para amigos os melhores;
c) As más leituras: deve-se por de parte toda a leitura que perturba a consciência;
d) As amizades rápidas, o luxo, o respeito humano, os divertimentos mundanos.
PERSEGUIÇÃO RELIGIOSA
Deus permite-a por vários motivos:
a) para castigo dos pecadores;
b) para fazer conhecer os verdadeiros cristãos e separar os lobos dos cordeiros;
c) para provar a verdade da Religião católica pela prática de virtudes heróicas, pela abnegação e martírio de uns, por atos de caridade e de reparação de outros;
d) para ser mais glorificado pelas almas que lhe ficam fiéis.
PERSEVERANÇA OU CONSTÂNCIA
é a virtude que firma o espírito contra o temor de males iminentes, e o fortalece para vencer as dificuldades que provêem do continuado exercício da virtude. A perseverança na Fé e nas obras
da Fé é absolutamente necessária para ser bom cristão e para a salvação. Disse Jesus: «Se vós permanecerdes na minha palavra sereis verdadeiramente meus discípulos e conhecereis a verdade, e a verdade vos libertará.
Se alguém não permanecer em mim, será lançado fora como a vide (separada da videira) e secará e o enfeixarão, e meterão no fogo, e arderá» (Ev. S. Jo. VIII, 31, 32; XV, 6). E ainda são de Jesus estas palavras: «Aquele que perseverar até ao fim, esse é que será salvo». (Ev. S. Mat. X, 22).
Para perseverarmos na vida cristã, ou vivermos isentos de pecado mortal, devemos andar vigilantes e lutar virilmente contra as desordens da consciência, e trabalhar sempre pela glória de Deus, que é o mesmo que trabalhar pela nossa felicidade. É o que manda São Paulo, dizendo: «Vigiai e perseverai, firmes na Fé; portai-vos varonilmente, e fortalecei-vos» (Ep. I. Cor. XVI, 13).
PERSEVERANÇA FINAL
é a conservação da graça divina no momento da morte. Todos os dias devemos pedir a Deus esta graça, porque dela depende a nossa salvação. O momento da morte é decisivo, e o demônio não deixa de empregar todos os esforços por nos fazer pecar, para sermos condenados como ele foi. Só a graça da perseverança no amor de Deus nos pode livrar de cair em tentação.
PESSOA
é um indivíduo dotado de razão e liberdade. Neste mundo é pessoa unicamente o homem, qualquer que seja a sua raça e a sua condição. Só ele é dotado de razão e de liberdade, tem um fim eterno a conseguir, com o direito de usar os meios aptos para conseguir esse fim.
O elemento essencial da personalidade é a vontade livre que supõe a razão e a reflexão.
Pela sua liberdade a pessoa sente-se verdadeiramente senhora de si mesma e das suas operações que lhe devem ser atribuídas por inteiro, contanto que as faça com conhecimento e livre vontade.
A pessoa é um ser moral, quer dizer, é um ser submetido à lei do dever, susceptível de responsabilidade, de mérito ou demérito, de recompensa ou de castigo (Ver C. Lahr, Manual de Filosofia, pág. 264 e segs., ed. portuguesa, Porto 1931).
À pessoa, embora lhe interesse o problema econômico, interessa-lhe, principalmente, o problema moral. Nisto se distingue do indivíduo. Os que vêem no homem apenas o indivíduo, só dão atenção ao que diz respeito ao corpo, e, se lhe reconhecem uma alma, desinteressam-se dela, só lhes interessando o problema econômico.
PESSOA MORAL
é a agregação de muitas pessoas, formando um corpo jurídico, com o direito de perpetuamente e coletivamente existirem e possuírem algum bem. Pode ser civil ou eclesiástica, segundo o bem pelo qual se congregam é temporal ou espiritual. Por ordenação divina, a Igreja Católica e a Sé Apostólica têm razão de pessoa moral.
Outras pessoas morais inferiores existem na Igreja, ou por prescrição do Direito, ou por especial concessão do competente Superior eclesiástico, dada por decreto formal, para algum fim religioso ou caritativo (C. 100). A pessoa moral, por sua natureza, é perpétua; extingue se, porém, se a legítima Autoridade a suprimir, ou se faltar por espaço de cem anos (C. 102).
PIA DE ÁGUA-BENTA
é a que se encontra à entrada da Igreja, nas colunas ou nas paredes, com água benta para que os fiéis, tocando a devotamente, purifiquem-se dos pecados veniais, antes de entrarem no templo santo. Substitui a fonte que antigamente havia no adro, para os fiéis lavarem o rosto e as mãos antes de entrarem na Igreja.
PIA BATISMAL
(Ver a palavra BATISTÉRIO).
PIAS UNIÕES
são associações de fiéis, instituídas para o exercício de alguma obra de caridade ou de piedade. Não podem existir sem aprovação do Bispo.
Não devem erigir-se senão em igrejas ou capelas públicas, ou ao menos semip-públicas. Estando eretas em igrejas que não sejam suas, podem exercer as funções eclesiásticas próprias, somente na capela ou no altar em que estão estabelecidas, conforme o Cânon 716, e os seus Estatutos (C. 717).
PIEDADE
é uma virtude moral, que nos faz reverenciar e prestar o devido auxílio aos autores da nossa vida, da sua conservação e desenvolvimento.
Deve-se primeiramente aos nossos pais, de quem nascemos e por quem somos criados e, em segundo lugar, à Pátria, na qual vivem os nossos pais, nascemos e encontramos o ambiente propício à nossa formação física e espiritual. Esta piedade ou dedicação filial inclui também todos os parentes, isto é, todos os que nos estão ligados por algum laço de família; o amor da Pátria abrange igualmente todos os concidadãos que devem viver em boa harmonia, auxiliando se obsequiosamente, amando-se e respeitando-se uns aos outros. Sendo Deus o primeiro e principal autor e conservador da nossa vida a Ele se refere primeiramente a piedade, abrangida neste caso pela virtude da religião e que nos leva a reverenciar Deus e prestar-lhe o culto devido, como nosso Pai. É neste sentido que comumente se toma a virtude da piedade.
Há uma falsa piedade, que se conhece por ser: exterior e formalista, pueril e às vezes ridícula, mundana e sentimentalista.
A verdadeira piedade tem o seu fundamento na Fé viva e esclarecida; é humilde, amável, zelosa, racional, caritativa e modesta e é moderada pela prudência.
O essencial no culto divino, ou na prática da Religião, é que tudo se faça com amor sobrenatural e sinceridade, com o desejo de aperfeiçoar a vida moral e de glorificar a Deus. «A piedade para tudo é útil, porque tem a promessa da vida presente (que se aperfeiçoa) e da futura (que é o Céu)» (Ep. I Tim. IV, 8).
O dom de piedade reforça a virtude da piedade ou religião e pela moção do Espírito Santo faz-nos ir mais além, reverenciando a Deus, não já pelos benefícios d’Ele recebidos, mas por Ele mesmo, pela sua magnificência e bondade.
PLUVIAL OU CAPA DE ASPERGES
é uma veste aberta pela frente, que o Sacerdote, em certos atos litúrgicos, lança aos ombros, caindo até quase ao chão.
Era antigamente uma capa que servia para as procissões, tendo um capuz para abrigar da chuva (donde lhe deram o nome de pluvial). Sendo antes igual à casula, foi perdendo a sua forma, até que, aberta por diante e coberta de bordados, começou a ser considerada, na Idade Média, como veste honorífica.
O capuz foi perdendo a sua forma e uso, até se transformar no estofo liso, ornado duma franja, que atualmente se encontra ao meio das costas, na capa. A capa é uma veste litúrgica reservada ao Clero.
O pluvial dos simples Presbíteros, não deve ser preso no pescoço com fecho ou broche de metal lavrado, o que é reservado aos Bispos, mas sim com colchetes ou coisa semelhante.
Não é permitido haver um Presbítero assistente revestido de capa, numa missa que não seja de Pontifical, exceto na primeira missa dum novo sacerdote.
POBREZA
Ser pobre, segundo o senso cristão, não é uma desgraça, não é uma infelicidade; é não ter o espírito pegado aos bens do mundo e não ter a ambição de possuí-los.
«Bem-aventurados os pobres em espírito, porque deles é o reino dos céus», disse Jesus Cristo (Ev. S Mat. V, 3). Pobres em espírito são aqueles que, não possuindo bens, não os ambicionam, e também aqueles que, possuindo-os, só fazem bom uso da sua riqueza e distribuem o supérfluo pelos que não possuem.
O pobre em espírito não tem afeto aos bens que possui ou que são do seu uso, nem se entristece por nada possuir, nem apetece o que não é necessário à sua sustentação, nem desperdiça o que é aproveitável, nem gasta do que é supérfluo, nem se deleita do que lhe é dado, nem se desgosta do que lhe é negado. Espera, porém, que a pobreza, sofrida neste mundo, seja substituída pela bem-aventurança que Jesus lhe prometeu que gozaria no Céu.
POBREZA VOLUNTÁRIA
é um dos três Conselhos Evangélicos e consiste em renunciar à posse dos bens materiais.
Geralmente este Conselho é seguido pelos fiéis que abraçam o Estado Religioso.
Diz o Apóstolo São Paulo: «Nada trouxemos para este mundo e, sem dúvida, nada levaremos dele».
Tendo, pois, com que nos sustentarmos e com que nos cobrirmos, vivamos contentes (Ep. I Tim. VI, 7, 8).
POMPAS DO DEMÔNIO
Dá-se este nome às vaidades criminosas do mundo, às quais todo o cristão se obrigou a renunciar quando recebeu o Sacramento do Batismo. Vaidades do mundo, ou pompas do demônio, são: a ambição, a arrogância, a vanglória, as superfluidades que trazem consigo a soberba, o luxo, a sensualidade.
POSITIVISTA
afirma, absurda e impiamente, que só conhecemos os fenômenos sensíveis, e que, por isso, não podemos de modo nenhum atingir a natureza das coisas, ou demonstrar a existência de Deus e da alma humana (C. P.).
POSSESSÃO DO DEMÔNIO
é a ação do demônio no corpo do homem, produzindo, por meio dos membros e dos sentidos do possesso, atos extraordinários. São sinais de possessão: o homem falar línguas desconhecidas ou entendê-las, manifestar coisas ocultas e distantes, produzir forças superiores à idade e às condições naturais da pessoa, etc. Embora seja de admitir a possessão diabólica, não devemos ser fáceis em acreditar nos casos que se contam a tal respeito. Os meios de combater a possessão são os indicados contra os obsessos.
(Ver a palavra OBSESSÃO).
PRÁTICAS DE PIEDADE (Algumas)
I. Oração da manhã, para louvar a Deus e O suplicar desde o princípio do dia, e Oração da noite para agradecer e pedir perdão.
II. Meditação, para aperfeiçoar a vida moral.
III. Assistir à Missa, para tomar parte no único Sacrifício da Religião divina.
IV. Comunhão diária, para alimentar a vida divina na alma.
V. Trabalho e deveres de estado, bem cumpridos, para fazer a vontade de Deus.
VI. Visita ao Santíssimo Sacramento e Comunhão espiritual, para alimentar o fervor.
VII. Leitura espiritual, para refletir e bem dispor a vontade.
VIII. Exame de consciência, para vencer hábitos maus e defeitos.
IX. Regularidade em todas as ações ordinárias, para haver ordem na vida.
X. Comemoração religiosa de aniversários, tais como: do Batismo, da Comunhão solene e de outros.
PRAZER
não é uma coisa condenável.
O Apóstolo São Paulo convida-nos a estar sempre alegres: «Estai sempre alegres» (Ep. I Tessal. V, 16).
Mas a alegria cristã é o prazer próprio de uma consciência isenta de remorsos.
Há prazeres condenáveis: os que resultam de algum pecado; os que são prejudiciais à saúde, à dignidade, à economia e, sobretudo, os que impedem a felicidade eterna. Jesus condena esses prazeres, dizendo: «Ai de vós os que estais fartos, porque vireis a ter fome.
Ai de vós os que agora rides, porque gemereis e chorareis» (Ev. S. Luc. VI, 25).
Por isso não devemos procurar os prazeres que regalam desordenadamente os sentidos, e sim os que resultam do dever cumprido, ou da admiração das belezas criadas, ou da consideração da verdade.
PRECEDÊNCIA
é o direito que alguém tem de ocupar um lugar superior ao de outrem, em certas cerimônias oficiais.
No Coro, existe também, entre os membros de Hierarquia, um direito de precedência.
Começando pelas maiores dignidades, a ordem é a seguinte:
1 – Cardeal Legado, Cardeal não Legado, Núncio Legado Visitador Apostólico Bispo, Metropolita, Bispo Diocesano.
2 – Patriarca, Primaz, Arcebispo, Bispo Residencial e Titular.
3 – Núncio não Legado, Visitador não Bispo (nos seus territórios), Protonotários Participantes, Núncios (fora dos seus territórios).
4 – Vigário Geral, Vigário Capitular, Cabidos das Catedrais, Dignitários, Cônegos Titulares: – Cônegos – presbíteros, Cônegos-diáconos, Cônegos subdiáconos, Cônegos honorários, Beneficiados (na Catedral ou quando intervêm em corpo, como representação oficial ou com o Bispo da diocese em qualquer igreja da mesma), Cabidos das Colegiadas (em idênticas condições).
5 – Abades mitrados.
6 – Protonotários supranumerários e «ad instar», Gerais das Ordens religiosas e Prelados domésticos.
7 – Párocos (colados, encomendados), Presbíteros diocesanos não párocos e Presbíteros dos Institutos Eclesiásticos.
8 – Presbíteros das Ordens regulares, Cônegos regulares, Clérigos regulares, Monges e os das Ordens chamadas Mendicantes, Presbíteros das Congregações religiosas.
9 – Clérigos diáconos, Subdiáconos, Acólitos, Exorcistas, Leitores, Ostiários e Tonsurados. (Para mais esclarecimentos, consultar os autores do gênero, por ex. D. A. Coelho, O. S. B., C. de Lit. Rom., ed. de 1941, vol. I, pág. 1. 399-400).
A precedência entre as Associações de pessoas leigas é a seguinte:
1 – Ordens Terceiras.
2 – Arquiconfrarias.
3 – Confrarias ou Irmandades.
4 – Pias-Uniões Primárias.
5 – Outras Pias Uniões.
Mas só gozam deste direito, quando incorporadas colegialmente sob a própria cruz ou bandeira e com hábito ou insígnias da Associação (C. 701). Nos funerais, a precedência é devida ao Pároco ou Superior que, com estola, acompanha o cadáver.
Nas Procissões, os Clérigos precedem sempre as Associações ou Confrarias de leigos.
Também no Ano litúrgico há certos Ofícios que, em caso de ocorrência, concorrência, transferência ou reposição, têm direito de precedência sobre outros.
A razão desta precedência pode ser o rito, a solenidade extrínseca, a qualidade, a dignidade e a extensão.
PRECEITO
é a aplicação da lei àquilo que é regulado pela lei.
Há preceitos afirmativos, e estes obrigam sempre, mas admitem exceções em certas circunstâncias, como por exemplo: o preceito de ouvir Missa, de que em certos casos alguém está isento; e há preceitos negativos, os quais nunca é lícito transgredir, como por exemplo: o preceito de não matar.
Ninguém é obrigado ao preceito enquanto não o conhece. Aos Príncipes seculares compete preceituar, para utilidade comum, nas coisas temporais; aos Prelados compete preceituar nas coisas eclesiásticas.
Na lei Evangélica ou no Cristianismo, há três gêneros de preceitos: os preceitos da Fé, que nos obrigam a crer firmemente todos os mistérios que Deus revelou à sua Igreja; os preceitos Sacramentais, que nos obrigam aos Sacramentos da Igreja, com as devidas disposições e em certos tempos; os preceitos morais, que estão contidos no Decálogo e no Santo Evangelho, particularmente no Sermão da montanha.
Todos os preceitos morais pertencem à lei da natureza, por isso devem ser observados por todos os homens. Toda a lei é cumprida pelos preceitos da caridade, e os preceitos da caridade são somente dois: amor de Deus e amor do próximo.
PRECES PÚBLICAS
são orações ordinárias, preceituadas pelo Bispo, para obter de Deus alguma graça extraordinária.
PREDESTINAÇÃO
é um ato da vontade divina, determinando, desde toda a eternidade, conduzir certas criaturas para a vida eterna (Ep. Efés. I, 4, 5).
Escrevendo aos Romanos, São Paulo afirma: «aos que Deus predestinou, a esses chamou e aos chamados justificou-os e aos justificados glorificou-os» (Rom. VIII, 30).
E noutro lugar, escreve ainda o mesmo Apóstolo: «Deus elegeu-nos (em Cristo), antes da constituição do mundo… e predestinou-nos em caridade, para sermos seus filhos adotivos por Jesus Cristo, segundo o beneplácito da sua vontade» (Efes. I, 4, 5)
O Concílio Valentino (ano 855, can. 3) ensina: «confessamos fielmente a existência da predestinação dos eleitos para a vida eterna».
A predestinação nada põe no predestinado, senão os seus efeitos, que são a preparação para a glória e a preparação para a graça, que é o meio único para conseguir a glória. Os predestinados não estão certos da sua predestinação, a não ser que Deus lha faça conhecer.
Ninguém, pois, pode ter a presunção de que é predestinado; todavia aquele que vive cristãmente, como a Igreja ensina, pode ter a esperança de ser chamado ao Céu, porque não pode viver virtuosamente sem um auxílio especial da graça divina.
PREGAÇÃO
é o ensino da doutrina cristã ou do Evangelho, feito solenemente.
É múnus próprio do Bispo, e nenhum Clérigo pode pregar na Igreja, sem licença do Bispo a quem a Igreja pertence.
Os leigos, mesmo religiosos, não podem pregar na Igreja (C. 1342).
O convite para a pregação é feito pelo Bispo, ou pelo Pároco, ou pelo Superior eclesiástico da igreja ou capela em que deve ser feita a pregação.
Para as igrejas paroquiais e capelas dependentes da Igreja paroquial, o convite deve ser feito pelo Pároco.
Para as capelas ou igrejas independentes da paroquial, o convite deve ser feito pelo Sacerdote que preside à respectiva Mesa administrativa, ou Confraria. Nenhum Sacerdote pode aceitar convite para pregação feito por um leigo. Para que a pregação seja feita fora da igreja ou capela, é necessária licença do Bispo, por escrito.
A ninguém é permitido recitar orações fúnebres sem explícito consentimento do Bispo, e é inteiramente proibido aos pregadores falar de coisas políticas. A simples licença de pregar não é suficiente para pregar Missões ou Exercícios Espirituais (C. P.).
A pregação comunica aos homens a graça da Fé, dá aos justos a graça da perseverança, dá aos pecadores a graça da conversão, dá aos aflitos a graça da consolação espiritual. Mas para que a pregação produza tão salutares efeitos é necessário ouvi-la com atenção, meditá-la e praticá-la. «Bem-aventurados são aqueles que ouvem a palavra de Deus e a guardam», disse Jesus (Ev. S. Luc. XI, 28).
PREGUIÇA
é a propensão para não trabalhar, ou para cumprir os deveres negligentemente.
É um vício capital, que pode produzir consequências muito funestas, tais como a ociosidade, a fraqueza de espírito, a irritação, a pobreza, a divagação da imaginação, o desespero, que resulta do desgosto da vida.
São remédios contra a preguiça: a lembrança de que o trabalho é uma lei divina, a lembrança dos males a que esse vício dá origem e a sujeição a um regulamento de vida. Nem por ser rico o homem está dispensado de trabalhar; porque é homem, está sujeito à lei divina do trabalho, como à lei do sofrimento e da morte. O servo inútil de que fala o Evangelho, foi condenado por não ter feito frutificar o talento recebido (Ev. S. Mat. XXV).
São Paulo escreve: «Não sejais preguiçosos e cumpri o vosso dever» (Ep. Rom. XII, 11).
O preguiçoso é um inútil e por vezes um prejudicial. Não só não produz, mas pesa sobre a família e sobre a sociedade.
PRIMÍCIAS E DÍZIMOS
devidos ao Clero são-lhe pagos segundo os particulares estatutos e costumes louváveis em cada Região (C. 1502).
PRESBITERATO
é a Ordem que confere o poder de consagrar o Corpo e o Sangue de Jesus Cristo, de administrar os Sacramentos, exceto o da Confirmação e o da Ordem, de pregar, de benzer os fiéis e as coisas que tenham a seu uso, e de presidir às suas assembléias nos atos do Culto religioso. Para receber a Ordem de Presbítero é necessário ter vinte e quatro anos completos (C. 975 e 976), e ter passado metade do quarto ano do curso teológico, a não ser que outra coisa seja permitida por legítimo privilégio.
PRESENÇA DE DEUS
Deus está em todas as criaturas, criando, conservando, governando, conhecendo tudo, mesmo os nossos pensamentos e os segredos do nosso coração. Esta verdade é luz e é força; lembrada que seja, evita o erro da inteligência e fortalece a vontade no desejo e na prática do bem.
Guiados pelo pensamento da presença de Deus, vivemos sempre e em toda a parte, acompanhados ou sós, como um filho bem educado sob os olhares de seu pai, abstemo-nos de toda a ação má ou palavra repreensível, repelimos toda a ideia que possa despertar um mau desejo, vivemos alegremente e confiados na sua divina proteção. O Apóstolo São Paulo, falando da presença de Deus, escreveu: «Não há criatura alguma invisível à Sua vista; antes todas as coisas estão nuas e descobertas aos olhos d’Aquele (Deus) a quem havemos de dar contas» (Ep. Hebr. IV, 13).
PRESÉPIO
Dá-se este nome à gruta onde nasceu Jesus Cristo, em Belém.
É uma gruta irregular, aberta na rocha, no campo, a pouca distância da pequena cidade. Está transformada em igreja, que não recebe luz do exterior e é iluminada por muitas lâmpadas. Também se dá o nome de presépio ao lugar que os fiéis preparam na igreja, ou em suas casas, para comemorarem, com imagens religiosas, o nascimento do Menino Jesus.
PRESUNÇÃO
é a temerária ingerência em coisas de que não se é capaz, ou, mais restritamente, é a temerária esperança de conseguir a salvação, contra a ordem da divina Providência.
É pecado grave:
a) quando se espera a salvação só pelas próprias forças;
b) quando se espera só pela misericórdia de Deus;
c) quando se espera o auxílio divino para coisas más;
d) quando da misericórdia de Deus se toma pretexto para pecar.
PRIMA
é a primeira das Horas Canônicas que se segue a Laudes. Chama-se Prima porque devia ser recitada na primeira hora do dia, isto é, pelas seis horas da manhã. É, sem dúvida, a mais bela oração da manhã.
PRIMAZ
é um título dado a um Bispo, e que, além da prerrogativa de honra e direitos de precedência ao Arcebispo, não tem consigo alguma jurisdição especial (C. 271).
PROCISSÕES SAGRADAS
são súplicas feitas solenemente pelo povo fiel, sob a direção do Clero, caminhando ordenadamente de lugar sagrado para lugar sagrado, com o fim de excitar a piedade, de comemorar os benefícios de Deus, de Lhe render graças, ou de implorar o auxílio divino (C. 1290).
Umas são ordinárias, as que se fazem em dias fixos: — Purificação, Ramos, Ladainhas, Corpo de Deus, Ressurreição; — outras são extraordinárias: as determinadas para outros dias por causas públicas, por ex.: por motivo de Penitência (C. 1290). O Bispo pode, ouvido o Cabido, determinar Procissões extraordinárias (C. 1292). Não podem fazer-se duas Procissões no mesmo dia e no mesmo lugar (S. C. R)
O Pároco ou qualquer outra pessoa não pode, sem licença do Bispo do lugar, introduzir Procissões novas, ou transferir ou abolir as costumadas (C. 1294).
É proibido levar nas Procissões, debaixo do pálio, relíquias ou imagens dos Santos (S. C. R.) É proibido ao Clero, nas Procissões do Santíssimo Sacramento, cantar alguma coisa em língua vulgar, alternadamente com hinos litúrgicos (S. C. R.).
Fora da igreja, quando o Clero não canta, o povo pode cantar em língua vulgar (mas não os trechos litúrgicos), contanto que esses cânticos sejam aprovados pelo Bispo e a sua execução seja dirigida pelo Clero (S. C. R.).
Se a Procissão se faz dentro da igreja, o cortejo desce pelo lado da Epístola, ou, se a igreja tiver três naves, desce pela nave central, sobe pela do Evangelho, desce pela da Epístola, e regressa pela nave central.
Não podem tomar parte nas Procissões e figurar de Anjos e de personagens bíblicos ou mistérios, meninos ou meninas de idade superior a doze anos. É proibido irem mulheres debaixo dos andores nas Procissões; as mulheres amortalhadas devem ir atrás do pálio.
A Cruz, nas Procissões, deve ir com o crucifixo voltado para a frente.
Não é permitido levar, nas Procissões, Cruzes de igrejas ou Confrarias, quando o Clero dessas igrejas ou Confrarias não tome parte nessas Procissões. Fora da igreja pode o Bispo admitir bandas de música, e mesmo na frente da Procissão, tambores e trombetas.
O itinerário das Procissões, sua composição e ordem, estão sujeitos às determinações do Pároco ou do Sacerdote que por direito preside às mesmas Procissões. Na Procissão do Corpo de Deus, não podem admitir-se rapazes ou moças representando mistérios, Santos ou Santas, nem relíquias nem imagens de Santos, nem instrumentos ou imagens da Paixão.
O Bispo pode permitir crianças vestidas de Anjo levando flores, incenso, uvas ou espigas de trigo.
Às varas do pálio vai o Clero, ou vão os irmãos do Santíssimo Sacramento, ou as pessoas de categoria superior na localidade.
Nas Procissões os lugares de maior honra são os detrás.
Começando em ordem crescente de dignidade, a Procissão deve organizar-se do seguinte modo:
1 — Trombetas e tambores, que devem tocar uma marcha religiosa e não impedir nunca o canto ou a reza da Procissão.
2 — Homens leigos, adultos ou crianças, que levam consigo alguma insígnia católica e velas nas mãos.
3 — As Associações Piedosas e as Pias Uniões Primárias masculinas, por ordem da Antiguidade.
4 — Os homens pertencentes a Irmandades ou Confrarias e Arquiconfrarias, segundo a ordem da sua instituição. (Segundo o C. 701, § 2, nas Procissões do Santíssimo Sacramento, a Confraria desse nome, tem direito de precedência sobre as demais Arquiconfrarias e Confrarias).
5 — Os irmãos das Ordens Terceiras, segundo a sua antiguidade, revestidos dos seus hábitos e presididos pelo próprio Capelão ou Comissário.
6 — Os Religiosos, pela ordem seguinte: de direito diocesano, de direito pontifício, Congregações, Regulares, Monges, Cônegos regulares.
7 — O clero diocesano, precedido de Crucifixo, na seguinte ordem: Seminaristas; Clérigos, segundo a sua ordem: primeiro os adventícios e a seguir os da igreja do lugar; Presbíteros: primeiro os não adscritos e depois os adscritos à igreja que faz a Procissão, segundo a ordem da ordenação sacerdotal; os Vigários cooperadores; os Vigários substitutos e coadjutores; os Párocos encomendados; os Párocos colados, segundo a antiguidade das suas freguesias, tendo o Arcipreste direito de precedência sobre os outros Párocos do seu distrito, e o Pároco da Catedral sobre todos os outros Párocos; o Clero das Colegiadas; o Cabido; o Sacerdote que preside à Procissão, com os seus Ministros, se forem paramentados; os Prelados, com as vestes prelatícias, se não presidirem à procissão; os Lentes, Magistrados e Autoridades; depois os restantes fiéis: primeiro os homens e depois as mulheres, as quais não podem levar a Cruz, nem outras insígnias processionais, nem ocupar outro lugar que não seja atrás dos homens que acompanham o Oficiante, ainda que levem velas. (Ver, para mais esclarecimentos, D. A. Coelho, C. da Lit. Rom.., ed. de 1941, vol. 1, pág. 395 e segs.).
PROCLAMAS
são os anúncios públicos de futuro matrimônio, feitos na igreja, principalmente com o fim de descobrir impedimentos, se os houver. Os nubentes devem ser proclamados nas paróquias do seu domicílio ou quase domicílio, se o tiverem, e na do Batismo, e naquelas em que tenham residido por mais de seis meses contínuos, depois da idade núbil. São dispensados da proclamação onde tenham residido unicamente por motivo de estudo.
Os proclamas devem ser lidos na igreja em três domingos e dias Santos de guarda, à hora da Missa paroquial, ou a outra hora em que haja regular concurso de fiéis.
Todos os fiéis são obrigados a revelar ao Pároco, ou ao Bispo do lugar, antes da celebração do Matrimônio, os impedimentos de que tiverem conhecimento. Só por motivo grave o Pároco pode assistir ao Matrimônio sem terem passado três dias depois da última proclamação, ou mediante licença do Bispo.
Não se realizando o Matrimônio dentro de seis meses após a última proclamação, ou de obtida a dispensa da mesma, deve repetir-se a leitura dos proclamas. Havendo causa legítima, o Bispo pode dispensar das proclamações (C. 1028).
PROFECIA
é a predição certa e manifesta de um acontecimento futuro, contingente e livre, que realmente se realizou na época designada e cujo conhecimento, no momento da predição, não pôde ser adquirido por causas naturais. A profecia só pode ser feita por Deus, porque o homem não pode conhecer, com certeza, uma coisa futura, que depende da livre vontade de Deus ou de alguma criatura.
Deus fez-se conhecer do seu povo escolhido — o povo de Israel — principalmente por meio das profecias, revelando-se a alguns homens de bom espírito que anunciavam acontecimentos futuros, acompanhando esses anúncios com milagres que Deus permitia que fizessem, para provar o caráter divino da revelação. Pelos milagres o povo conhecia ser verdade o que os profetas anunciavam e cria em Deus. Pela realização das profecias, os homens do tempo em que se realizavam, reconheciam-nas como verdadeiras e criam em Deus.
Houve 4 profetas chamados maiores, por serem os seus escritos mais extensos: Isaías, Jeremias, Ezequiel e Daniel. Houve 12 profetas chamados menores, porque foram menos extensos no que escreveram.
PROFISSÃO RELIGIOSA
quer simples quer solene, é a consagração temporária ou perpétua que o religioso ou a religiosa faz da sua pessoa a Deus, prometendo viver segundo a Regra e o espírito da Ordem Religiosa a que pertence. Para fazer profissão perpétua é necessário ter 21 anos de idade, quer a profissão seja simples, quer seja solene (C. 573).
PRÓXIMO
O nosso próximo, são todas as criaturas racionais capazes de felicidade eterna. Por preceito divino, devemos amar o próximo como a nós mesmos (Ev. S. Mat. XXII, 39). O amor ao próximo, para ser verdadeiro, não é preciso ser sensível, porque o verdadeiro amor não procede da parte sensitiva da alma, mas da vontade; de sorte que pode existir, mesmo com um sentimento de antipatia natural e é assim que podemos amar os nossos inimigos. A caridade, ou amor ao próximo, exige:
a) que desejemos a todos a salvação das suas almas e os bens necessários para a conservação da sua vida;
b) que procuremos para eles, nas ocasiões oportunas, as mesmas vantagens que procuraríamos para nós e lhes poupemos, quanto pudermos, os males que não queremos para nós;
c) que pratiquemos, em seu favor, as obras de misericórdia, corporais e espirituais, de que se virem necessitados.
PROVIDÊNCIA
é a ação pela qual Deus conserva e governa o mundo que criou, dirigindo todos os seres ao fim que se propôs.
A existência da Providência é-nos revelada pela ordem que reina no mundo. À Providência divina não pertence evitar defeitos, corrupções e coisas más, nem mesmo os pecados dos homens; nem a imutabilidade de Deus exclui a necessidade da oração.
Tudo o que acontece, quer por necessidade quer por vontade, está regulado pela divina Providência, embora misteriosamente para nós, em ordem ao fim do Universo, ao fim primário da criação, que é a glória de Deus. A este fim se vão encaminhando todos os seres, dirigidos, ou pelas leis naturais ou pela moção da
graça.
PRUDÊNCIA
é uma virtude moral, cardeal, que nos ajuda a conhecer e praticar o bem que devemos fazer e a omitir o mal que devemos evitar. A virtude da Prudência regula e dirige os nossos atos, mantendo-os nos justos limites; modera o ardor dos nossos desejos, evitando todos os excessos; ordena os nossos pensamentos, para que não nos afastem de Deus, assim como os afetos para que não nos apeguemos demasiado às criaturas. É a prudência que purifica as intenções, que reforma os juízos, que previne as palavras e as ações, encaminhando tudo para um fim digno de nós e merecedor de Deus.
PÚBLICA HONESTIDADE
é um impedimento dirimente do matrimônio, que resulta:
a) do Matrimônio inválido, quer consumado quer não;
b) do concubinato público ou notório. Dirime o Matrimônio no 1.° e 2.° graus de linha reta entre o homem e as consanguíneas da mulher e reciprocamente (C. 1078).
Enquanto não houver decisão em contrário, deve-se ter como certo que este impedimento também procede do casamento civil consumado.
PUDICÍCIA
é a virtude pela qual nos afastamos de tudo o que excita a atos vergonhosos ou ofensivos do pudor, tais como: o olhar e o tato com malícia, os ósculos, etc.
PÚLPITO
é uma tribuna que na igreja é destinada à pregação. Geralmente está colocado numa coluna ou na parede da igreja, do lado do Evangelho, à altura suficiente para que o pregador se possa fazer ouvir de todos os fiéis que assistem à pregação. Nas Igrejas Catedrais fica do lado da Epístola, para o pregador estar voltado para o Bispo.
PURGATÓRIO
é o lugar onde as almas dos que morrem na graça de Deus, mas com algum pecado venial ou sem estarem purificadas das penas temporais devidas aos pecados graves já perdoados, expiam pelo sofrimento as penas dos pecados cometidos neste mundo, até que satisfaçam à justiça divina, para poderem entrar no Céu. Os sofrimentos das almas do Purgatório consistem em estarem privadas da visão de Deus e estarem ligadas pelos tormentos do fogo.
Não sofrem somente: gozam também, porque têm a certeza de ir para o Céu e estão na graça de Deus. Nós podemos socorrê-las com os nossos sufrágios — orações, esmolas, sacrifícios, e, principalmente, oferecendo por elas o Santo Sacrifício da Missa.
A Sagrada Escritura assim nos ensina, dizendo que: «é santo e salutar o pensamento de orar pelos defuntos, para que sejam livres dos seus pecados» (II Macab. XII, 46).
O Purgatório é apenas um lugar de expiação e durará só até ao fim do mundo.
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