Homilia — Santo Afonso Maria de Ligório — Missa de 6ª-feira, 01/08/25
Homilia — Santo Afonso Maria de Ligório — Missa de 6ª-feira, 01/08/25
Amados irmãos, hoje celebramos Santo Afonso Maria de Ligório, um dos grandes mestres da espiritualidade católica, fundador da Congregação do Santíssimo Redentor — os redentoristas — e proclamado pela Igreja como Doutor da Moral e da Misericórdia. Sua vida nos ensina que a verdadeira santidade não é inacessível, mas profundamente próxima, feita de escolhas concretas de amor.
Deus é fundamento seguro
Afonso nasceu em Nápoles, um jovem de inteligência brilhante e grande talento jurídico, pois aos 16 anos, já era doutor em direito, e tudo indicava uma carreira promissora. Mas, num processo judicial, experimentou a humilhação de uma derrota injusta e, naquele momento, algo começou a mudar. Ele percebeu que o sucesso humano pode ser frágil, e que somente Deus é fundamento seguro, assim, entregou-se à vocação sacerdotal, e seu coração começou a bater no ritmo da misericórdia.
Como padre, Afonso se deparou com uma realidade dolorosa: o povo simples era ignorado espiritual e pastoralmente, pois a elite intelectual discutia teologia, enquanto camponeses e trabalhadores permaneciam sem acesso ao Evangelho e aos sacramentos. Isso feriu seu coração. E ele decidiu fundar uma congregação que se dedicasse justamente a essas pessoas esquecidas: os mais pobres e abandonados. Nasciam, assim, os Missionários Redentoristas, que até hoje levam a Boa-Nova onde a Igreja mais precisa.
Doutor da Igreja da Moral
Mas Afonso não foi apenas um missionário; foi também um gênio espiritual e teológico. Em sua obra mais famosa, A Teologia Moral, ele ensinou que a confissão não é um tribunal de condenação, mas um encontro de perdão. Afonso combateu rigorismos que afastavam as almas de Deus, defendendo uma moral baseada no amor e na misericórdia divina, e por isso, a Igreja o chama “o Doutor da Igreja da Moral.” Sua frase resume seu coração:
“Quem reza, se salva; quem não reza, se condena.”
Além disso, Afonso deixou uma herança preciosa de espiritualidade mariana. Ele via em Maria, Mãe do Redentor, o caminho mais seguro para Jesus. Sua obra “Glórias de Maria” ajudou gerações de fiéis a compreender que a devoção à Virgem não é sentimentalismo, mas expressão de confiança filial. Afonso tinha certeza: quem se entrega a Maria, encontra sempre o abraço de Cristo.
A lição de Santo Afonso
E qual é a lição de Santo Afonso para nós hoje?
Primeiro, que a fé verdadeira precisa ser próxima das pessoas, afinal, nossa oração e nosso conhecimento teológico devem se transformar em cuidado, em presença, em gestos concretos de misericórdia.
Segundo, que Deus nunca se cansa de perdoar. Afonso dedicou sua vida a ensinar que ninguém está perdido quando volta para o Senhor, pois nenhum pecado é maior que a misericórdia divina.
Terceiro, que a oração é caminho de salvação, portanto, ele não era homem de teorias frias; ele rezava, ele contemplava Cristo no sacrário, ele se deixava guiar pela presença viva de Deus.
Por isso, irmãos e irmãs, olhemos para Santo Afonso como modelo de um cristianismo encarnado, concreto e cheio de esperança. Se você se sente distante de Deus, lembre-se: há sempre um caminho de volta, e a misericórdia não tem portas fechadas. E se por acaso você se sente pequeno na fé, saiba: o Senhor se alegra com quem persevera no pouco e no escondido. Finalmente, se você se sente chamado a servir, siga o exemplo de Afonso: vá ao encontro dos mais esquecidos, leve a todos o rosto alegre de um Deus que ama.
Oremos
Que Santo Afonso Maria de Ligório, apóstolo da misericórdia, mestre da oração e amigo dos pobres, interceda por nós. E que, inspirados por ele, possamos viver um cristianismo que não condena, mas acolhe; que não impõe fardos, mas levanta; que não fecha portas, mas abre caminhos para o Céu.
Santo Afonso Maria de Ligório, rogai por nós! Amém.
à Virgem Maria!