Homilia — Mt 9,14-17 — Missa de sábado, 05/07/25

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Sermão: “O noivo está conosco

Irmãos e irmãs, neste trecho do Evangelho, Jesus responde a uma pergunta que, embora nasça de uma prática devocional — o jejum —, revela um conflito mais profundo: a tensão entre a antiga ordem e a novidade do Reino.

Os discípulos de João, zelosos, jejuam, enquanto os fariseus, rigorosos, jejuam. Mas os discípulos de Jesus não o fazem, e isso escandaliza. Como pode um mestre permitir tanta liberdade? A resposta de Jesus revela não apenas um ensinamento sobre o jejum, mas um novo modo de compreender a relação entre Deus e o homem.

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O Noivo está presente

Jesus começa dizendo:
“Por acaso, os amigos do noivo podem estar de luto enquanto o noivo está com eles?”

Aqui Ele se identifica como o Noivo. Esta imagem nupcial não é nova; é linguagem profética. Os profetas — especialmente Oséias e Isaías — falavam da relação entre Deus e Israel como um casamento. Porém, agora, o Noivo está presente, e o que era promessa se cumpre. O tempo da visitação chegou. O Reino não é uma teoria moral: é a festa do encontro. E onde há Noivo, há alegria.

Entretanto, essa alegria é escatológica — ela inaugura o tempo novo, mas não o conclui. Por isso, Jesus afirma: “Dias virão em que o noivo será tirado… então jejuarão.” O jejum não é abolido; é reconfigurado. Ele já não é luto por regras feridas, mas sede pela plenitude ainda não consumada. O jejum cristão é desejo de comunhão mais profunda, não rito de barganha. É ausência sentida, não penitência formal.

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Transformar o homem por dentro

A seguir, Jesus utiliza duas imagens complementares: o remendo novo em roupa velha e o vinho novo em odres velhos. Ambas apontam para o mesmo princípio espiritual: a incompatibilidade entre o Evangelho e as estruturas antigas do coração. O pano novo, ao ser costurado no tecido antigo, rasga mais ainda. O vinho novo, em odre velho, explode. O Evangelho exige uma renovação integral, não uma adaptação conveniente. Não se trata de remendar práticas antigas com retalhos de palavras novas. Trata-se de transformar o homem por dentro.

Portanto, não basta inserir o Reino na vida velha; é necessário renascer. É necessário ser “odre novo” — ou seja, ser maleável à ação do Espírito, capaz de conter a força transformadora da graça. Quem tenta viver o Evangelho com estruturas endurecidas, com espiritualidade estagnada ou religião centrada em mérito, verá tudo romper-se. O Evangelho não é acessório: é revolução interior. E essa revolução exige novos ritmos, novos critérios, uma nova lógica.

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Somos odres novos?

Queridos irmãos, aqui está o centro da mensagem: a presença do Noivo exige festa, mas a espera por Ele exige preparação. Vivemos entre a alegria do “Ele está conosco” e a vigilância do “Ele voltará.” Nossa espiritualidade, então, não pode ser nem de indiferença relaxada, nem de rigor estéril. Deve ser, sim, misericordiosa, vigilante e profundamente renovadora.

Hoje, o Senhor nos pergunta: somos odres novos? Ou tentamos conter o vinho da graça em estruturas antigas, em corações fechados, em religiosidade endurecida?

Se quisermos conter a novidade de Deus, devemos permitir que Ele nos refaça. Porque o Noivo já veio, e virá de novo. Que Ele nos encontre com o coração transformado — sedentos da Sua presença, mas cheios da alegria de sabê-lo vivo.