Homilia — Mt 12,38-42 — Missa de 2ª-feira, 21/07/25 – No dia do juízo, a rainha do Sul se levantará contra essa geração.
Homilia — Mt 12,38-42 — Missa de 2ª-feira, 21/07/25
Caríssimos irmãos, no Evangelho de hoje, a voz de Jesus ressoa com força profética. Ele não responde à curiosidade. Ele denuncia uma geração que busca sinais, mas resiste à conversão. Os fariseus e mestres da Lei, depois de ouvirem os ensinamentos do Senhor e presenciarem milagres de cura, libertação e misericórdia, ainda assim exigem mais — um sinal, um espetáculo, uma prova. Mas Jesus não se dobra a essa exigência, porque a fé que se apoia em sinais visíveis sem abertura do coração, não é fé — é controle.

O profeta Jonas
Eles pedem sinais, mas o sinal já está diante deles, encarnado, falando, curando, perdoando. Cristo é o sinal. Ele é o cumprimento das promessas, a presença do Reino em carne e osso. E, no entanto, não o reconhecem. Por isso, Ele os compara a uma geração má e adúltera — não por comportamento moral somente, mas porque traíram a aliança, abandonaram a confiança em Deus e buscaram garantias em vez de entrega.
Jesus então invoca a figura do profeta Jonas. Jonas, relutante, frágil, temeroso, foi enviado a Nínive, uma cidade pagã. Sua pregação era breve, quase ríspida. Ainda assim, os ninivitas creram. Jejuaram, vestiram-se de luto, mudaram de caminho. E agora, diz Jesus, essa geração religiosa, que tem o Verbo diante de si, recusa-se a ouvir. Por isso, no dia do juízo, Nínive se levantará para condená-la. Porque a conversão não exige milagres, exige escuta obediente.
Mas o Senhor vai além. Ele cita a rainha do Sul, a rainha de Sabá, uma mulher estrangeira, que viajou dos confins da terra para ouvir a sabedoria de Salomão. Ela não pertencia ao povo da Aliança, não conhecia a Lei de Moisés, mas tinha sede de verdade. E, por causa dessa sede, reconheceu a grandeza da sabedoria quando a encontrou. Agora, diante de quem é maior do que Salomão, essa geração endurecida permanece cega.
O contraste é profundo: pagãos se abrem, religiosos se fecham. Os distantes buscam, os próximos se acomodam. Os que tinham tudo rejeitam, os que vinham de longe acolhem. E essa inversão revela uma verdade teológica que deve nos sacudir: não basta estar dentro da religião — é preciso ter o coração disponível.

Aqui está quem é maior
Jesus declara com clareza: “Aqui está quem é maior.” Maior que Jonas, que Salomão, que o Templo. E maior também que Moisés, porque Ele é o próprio Deus feito homem. E a única resposta adequada à Sua presença não é pedir sinais — é crer.
Na prática da vida cotidiana, esse Evangelho nos questiona profundamente. Quantas vezes buscamos sinais de Deus, mas não O reconhecemos na simplicidade da fé? Queremos milagres, mas ignoramos a Eucaristia. Esperamos revelações, mas desprezamos a Palavra. Clamamos por respostas do céu, mas não ouvimos o Cristo que nos fala através da Igreja, dos pobres, dos sacramentos, da consciência.
Deus já nos deu o sinal definitivo: a cruz e a ressurreição de Cristo. Três dias no seio da terra. Três noites no silêncio da morte. E então, a vida irrompeu. O túmulo ficou vazio. A pedra foi removida. O sinal foi dado — e a cada missa, ele se renova. Cada altar é a confirmação de que o Filho do Homem venceu a morte.

O verdadeiro sinal
Portanto, hoje, precisamos decidir: seremos como os fariseus, que pedem mais antes de crer? Ou seremos como a rainha do Sul, que busca com humildade e reconhece com reverência? Seremos como Nínive, que se converte diante da palavra, ou como os que escutam e não se deixam transformar?
Cristo já está no meio de nós. Maior do que tudo o que possamos imaginar. E se hoje O ouvirmos, não endureçamos o coração. Porque no juízo, não haverá espaço para justificativas — somente para o reconhecimento de que Ele estava aqui, e nós O vimos.
E esse será o verdadeiro sinal. Amém.