Homilia — Mt 10,16-23 — Missa de 6ª-feira, 11/07/25

Não sereis vós que havereis de falar, mas sim o Espírito do vosso Pai. Homilia — Mt 10,16-23 — Missa de 6ª-feira, 11/07/25

Homilia — Mt 10,16-23 — Missa de 6ª-feira, 11/07/25

HOMILIAS

As palavras de Jesus no Evangelho de hoje não são reconfortantes à primeira vista. Elas anunciam conflito, perseguição, rejeição e até mesmo traição na própria casa. No entanto, por trás dessa dura realidade, ressoa uma promessa inabalável: o Espírito do Pai falará em vós.

Cuidado com os homens

Desde o início, o Senhor não esconde a radicalidade da missão. “Eis que vos envio como ovelhas no meio de lobos.” Esta não é metáfora exagerada, é descrição exata da vulnerabilidade do discípulo, pois a ovelha não tem armas, não ataca, não se defende com violência. Ser enviada entre lobos significa abraçar a fragilidade como sinal da verdade. Não com ingenuidade, mas com lucidez: prudentes como serpentes, simples como pombas.

Então, Cristo nos oferece duas atitudes essenciais:
A prudência da serpente, que enxerga o perigo, discerne o tempo e sabe agir com inteligência espiritual.
A simplicidade da pomba, que permanece livre do ódio, do rancor, e da duplicidade de intenções.
A união dessas duas qualidades forma o coração do verdadeiro evangelizador: lúcido sem dureza, puro sem ingenuidade.

Logo depois, Jesus alerta: “Cuidado com os homens.” A perseguição não virá apenas de inimigos declarados, mas do ambiente religioso e político, das estruturas que não toleram a luz. Seremos levados aos tribunais, açoitados, acusados — não por crimes, mas por fidelidade. E diante disso, poderíamos ceder ao medo, ao cálculo ou ao silêncio.

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O cristão perseguido

Mas então vem a promessa que sustenta o coração:
“Não sereis vós que havereis de falar, mas o Espírito do vosso Pai falará através de vós.”

Este é o ponto central. O verdadeiro testemunho não nasce da eloquência, mas da docilidade ao Espírito. O cristão não fala por iniciativa própria; ele se torna boca de Deus. Não se trata de improvisar discursos, mas de viver em comunhão tão íntima com o Pai, que Sua Palavra transborda em nós.

Portanto, a missão não é peso sobre os ombros, é graça que se realiza no esvaziamento. Só quando deixamos de controlar, o Espírito pode agir. A voz do cristão perseguido se torna profética porque já não pertence a si mesmo. A liberdade interior vem justamente do abandono confiante: o Pai falará em mim.

Jesus não nos ilude quanto ao custo do discipulado. “O irmão entregará o irmão, o pai entregará o filho…” A fidelidade ao Evangelho pode romper laços humanos, porque revela onde está nossa verdadeira pertença. Não é o sangue que define a comunhão no Reino, mas a adesão ao Nome. E esse Nome, diz o Senhor, provocará ódio. Mas Ele conclui com outra promessa:
“Quem perseverar até o fim, esse será salvo.”

Perseverança

A perseverança é o selo da autenticidade. Não basta começar bem; é preciso permanecer fiel quando tudo se desfaz. A salvação não é apenas recompensa futura, mas plenitude que se forma na fidelidade provada.

Por fim, Jesus instrui: “Quando vos perseguirem numa cidade, fugi para outra.” Esta fuga não é covardia; é estratégia evangélica. O missionário não se apega ao lugar, mas à missão. Ele sabe que a Palavra deve ser proclamada — e se não é recebida aqui, será em outro lugar. O Reino avança, mesmo que sob o signo da fuga. O Filho do Homem virá, e o tempo da missão é curto.

Amados irmãos, hoje o Senhor nos prepara não para um Evangelho confortável, mas para uma fé madura. Ele nos envia com a leveza da pomba, com a prudência da serpente e com a certeza de que o Espírito do Pai habita em nós. Não precisamos temer a hora da prova — porque não será nossa voz, mas a do Céu.

Que o Senhor nos conceda essa coragem:
de falar quando for preciso,
de calar quando Ele agir em silêncio,
e de permanecer firmes até o fim —
com o coração inteiro no Nome que salva.