julho 3, 2023

Homilia | Meu Senhor e meu Deus! Jo 20, 24-29

Tomé tornou-se símbolo da comunidade que questiona a Ressurreição e exige prova para poder aceitá-la. Não aceitou o testemunho da comunidade, para quem Jesus havia aparecido e comunicado o dom do seu Espírito. Condicionou sua fé à visão das chagas nas mãos de Jesus e tocar na ferida produzida pela lança. Ele quis ver para crer.

Se a fé em Jesus dependesse de tê-lo visto, na terra, só um grupo privilegiado de discípulos num determinado contexto histórico e geográfico, teria acesso à fé. A fé no Ressuscitado acontece pelo testemunho da comunidade e se propaga pelo mundo inteiro. O Ressuscitado não está limitado a um tempo ou a um lugar específico. Ele pode ser encontrado e acolhido, por quem nele deposita sua fé.

Jesus proclamou ser feliz quem fosse capaz de chegar ao ato de fé, sem mesmo tê-lo visto. Ou seja, crer pelo testemunho da comunidade. Santo Agostinho vai sugerir a inversão dos verbos; “em vez de ver para crer, quero crer para ver”. É o exercício da fé: “Felizes os que não viram e acreditaram”.

Tomé leva fama de incrédulo, por sua tendência de verificar a realidade. Entretanto é ele quem expressa uma das grandes profissões de fé: “Meu Senhor e meu Deus!”, que continua ecoando na história nos lábios dos que creem.