O que queremos de Jesus hoje? Estamos prontos para gritar como o cego? Estamos dispostos a enfrentar a multidão? Homilia diária — Evangelho de hoje, 2ª-feira, 18/11/24
Homilia diária — Evangelho de hoje, 2ª-feira, 18/11/24
Hoje o Evangelho nos leva até as portas de Jericó. Imaginem a cena: o calor do sol escaldante, a poeira levantada pela multidão que acompanha Jesus, e ali, no meio de tudo isso, um homem esquecido pelo mundo, sentado à beira do caminho, mendigando. Um cego. Invisível para muitos, mas não para Deus. Esse homem não é apenas um personagem do passado, ele é também um símbolo de nós mesmos. Porque, sejamos honestos, quem nunca se sentiu cego, perdido, precisando de direção?
A beira do caminho: símbolo da humanidade
Estar à beira do caminho é estar fora da história, vivendo à sombra dos outros. O cego de Jericó representa toda a humanidade ferida, afastada da plenitude de vida que Deus sonhou. Ele está lá, pedindo esmolas, dependente do que cai das mãos alheias, mas algo extraordinário acontece: ele ouve um som diferente, um burburinho que carrega esperança. E, ao saber que é Jesus quem passa, ele não hesita. Ele grita! Grita com todo o fôlego: “Jesus, Filho de Davi, tem piedade de mim!”
Agora pensem: quantas vezes, em nossos próprios momentos de escuridão, temos vergonha de gritar? Ou pior, nos acostumamos com a cegueira, aceitando que a vida é só isso mesmo? Mas esse homem nos ensina algo valioso: quando Jesus passa, não dá para ficar em silêncio. Não dá para ser tímido. É preciso clamar, insistir, como quem sabe que a graça está ali, ao alcance da voz.
O grito que rompe barreiras
A multidão tenta calar o cego. “Fique quieto”, eles dizem. Não parece familiar? Quantas vezes a sociedade, o medo ou até a nossa própria voz interior dizem: “Não incomode Deus. Ele tem coisas mais importantes para fazer”? Mas, graças a Deus, o cego de Jericó não se cala. Ele grita ainda mais alto, como se sua alma dependesse disso — e dependia!
Esse é o poder do clamor sincero. É o grito que sobe aos céus, que atravessa as barreiras da conveniência, da vergonha e da indiferença. Porque quem sabe que precisa de Deus não se importa com o que os outros vão pensar. A fé verdadeira é ousada, é insistente, é teimosa. É a fé que faz Jesus parar.
Jesus parou
Ah, que frase poderosa! Jesus, o Filho de Deus, a própria luz do mundo, para tudo por causa de um grito vindo da beira do caminho. Vejam o amor d’Ele! Ele não se deixa impressionar pelas multidões, pelos líderes ou pelos grandes do mundo. Ele é tocado pela fé de um homem simples, esquecido, mas que clama de coração.
Jesus pergunta: “O que queres que eu faça por ti?” Que pergunta mais linda e cheia de respeito! Jesus não supõe, não impõe, mas dá espaço para o cego expressar sua necessidade. É assim que Deus age conosco. Ele não força Sua vontade; Ele espera nosso pedido, nosso desejo expresso com confiança.
E o cego responde sem rodeios: “Senhor, eu quero enxergar de novo.” Esse pedido é mais profundo do que parece. Ele não quer só ver com os olhos físicos; ele quer uma vida nova, uma visão clara do propósito que só Jesus pode dar.
A fé que salva
Jesus, então, declara: “Enxerga, pois, de novo. A tua fé te salvou.” Não foi a multidão, nem a insistência dela em calá-lo, que definiu o destino do cego. Foi a sua fé. Uma fé que ultrapassou as barreiras do medo e do desespero. Uma fé que o fez gritar quando todos mandavam que se calasse.
A partir daquele instante, o cego não só voltou a ver, mas também começou a seguir Jesus. Isso é a conversão completa. Ver é apenas o começo; o verdadeiro milagre é seguir o Senhor, glorificando a Deus com cada passo.
Conclusão: e nós?
E agora eu pergunto a vocês: o que queremos de Jesus hoje? Estamos prontos para gritar como o cego? Estamos dispostos a enfrentar a multidão que tenta nos calar, os medos que nos prendem? Ou preferimos ficar à beira do caminho, acomodados na escuridão?
Jesus continua passando. Não em Jericó, mas aqui, neste momento, nesta palavra, no nosso coração. Ele continua ouvindo o grito de quem o chama com fé. E, como fez com o cego, Ele quer parar, ouvir e perguntar: “O que queres que eu faça por ti?”
Portanto, irmãos e irmãs, não se calem. Gritem, clamem, porque Jesus é o Senhor que para, que ouve e que transforma. Que nossa fé seja ousada, teimosa e viva. E que, ao sermos tocados por Ele, também possamos segui-Lo pelo caminho, glorificando a Deus e levando outros a fazer o mesmo. Amém!