Homilia diária: Todo reino dividido contra si será destruído

O Evangelho de hoje nos desafia a refletir sobre nossa vida espiritual. Estamos lutando ao lado de Cristo ou estamos dispersando? Homilia diária: Todo reino dividido contra si será destruído

Todo reino dividido contra si será destruído

O Evangelho de hoje nos traz uma poderosa lição sobre a natureza do mal, da divisão, e da presença inabalável do Reino de Deus. Ao longo deste relato, vemos Jesus sendo injustamente acusado de expulsar demônios por meio de Belzebu, o príncipe dos demônios. Essa acusação revela a cegueira espiritual de alguns que, mesmo diante dos milagres e sinais claros de Jesus, preferem desacreditar e distorcer a verdade.

Jesus, com sua sabedoria divina, responde de maneira clara e decisiva: “Todo reino dividido contra si mesmo será destruído.” A lógica é simples e profunda. Se Satanás estivesse dividido, como poderia seu reino subsistir? A unidade é fundamental para qualquer estrutura sobreviver, seja ela do bem ou do mal. E aqui já encontramos a primeira grande reflexão: o mal prospera em ambientes de desunião e caos, mas Deus é um Deus de ordem, de harmonia e de unidade.

Quando Jesus expulsa demônios, Ele o faz pelo poder do “dedo de Deus”, uma expressão que remete à ação direta e soberana do Pai. Ele não apenas liberta as pessoas das amarras espirituais, mas anuncia que “chegou para vós o Reino de Deus”. Ou seja, o ato de libertação é um sinal claro de que o Reino de Deus está presente e operante entre nós. Cada libertação, cada cura, cada milagre é um reflexo do Reino que vence o mal, que triunfa sobre as trevas.

A batalha espiritual é real

Jesus também nos alerta para algo importante: a batalha espiritual é real, e não podemos ser neutros nessa luta. “Quem não está comigo, está contra mim.” Essa frase desafia qualquer atitude de indiferença. Jesus nos convida a escolher um lado, a nos posicionarmos claramente. Ou estamos com Ele, recolhendo, colaborando para o crescimento do Reino, ou estamos contra Ele, dispersando, contribuindo para a desordem. O Reino de Deus exige comprometimento, exige uma decisão firme e constante.

Outro aspecto que não podemos deixar passar despercebido é a parábola do espírito mau que, após ser expulso, volta para a sua “casa” e a encontra “varrida e arrumada”. A metáfora da casa nos leva a refletir sobre nossa alma, nosso coração. Quando nos afastamos do mal, quando somos libertos de alguma opressão, não basta simplesmente ficar “vazios”. É preciso preencher essa casa com a presença de Deus, com o Espírito Santo. Uma alma vazia é um convite para que o mal retorne, muitas vezes de maneira mais intensa e destruidora.

Quantas vezes, na nossa caminhada de fé, experimentamos momentos de libertação, de alívio espiritual, mas não nos esforçamos em manter essa graça viva, ativa em nós? A oração, a vivência sacramental, a leitura da Palavra de Deus e o serviço aos irmãos são meios de mantermos nossa “casa” cheia da presença de Deus. Se negligenciamos isso, corremos o risco de cair novamente nas antigas tentações, nas velhas amarras que nos aprisionavam.

Confiança

Jesus nos chama, portanto, à vigilância. Não podemos baixar a guarda. O Reino de Deus está presente, mas precisamos cooperar com Ele. A luta contra o mal é constante, e o segredo da vitória está em permanecermos firmes em Cristo, que é o “mais forte” de que fala o Evangelho. Ele é aquele que vence o inimigo, que arranca suas armas e nos protege. Nossa confiança deve estar plenamente Nele.

Queridos irmãos, o Evangelho de hoje nos desafia a refletir sobre nossa vida espiritual. Estamos lutando ao lado de Cristo ou estamos dispersando? Estamos enchendo nossa casa interior com a presença de Deus ou estamos deixando-a vulnerável ao retorno do mal? Que este seja um convite para renovarmos nosso compromisso com o Reino, para nos mantermos firmes na fé e confiarmos sempre no poder libertador de Jesus.

Que Ele, o mais forte, nos proteja, nos guarde e nos conduza sempre para o caminho da verdadeira libertação e da paz. Amém.

Editora Homilias

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