Homilia diária — São Pio de Pietrelcina — Missa de 3ª-feira, 23/09/25

Homilia diária — São Pio de Pietrelcina — Missa de 3ª-feira, 23/09/25

Homilia diária — São Pio de Pietrelcina — Missa de 3ª-feira, 23/09/25

Irmãos e irmãs, hoje voltamos o nosso olhar para a figura singular de São Pio de Pietrelcina, homem de oração e instrumento da misericórdia divina, cuja vida nos interpela pela intensidade do amor ao Senhor e pelo serviço incondicional às almas.

Desde o silêncio do convento até o confessionário onde tardes inteiras se consumiam, Padre Pio nos ensina que a santidade se forja na perseverança da oração, na oferta paciente do sofrimento e na fidelidade sacramental, pois só quem se deixa transformar por Deus pode tornar-se canal de cura para os outros.

União real

Em primeiro lugar, consideremos a sua vida de intimidade com a Eucaristia, fonte e cume de toda a sua atuação pastoral. A presença real de Cristo na hóstia alimentou o seu ardor e justificou cada gesto de renúncia pela Eucaristia ser alimento, força que configura ao serviço. Assim, ao contemplarmos Padre Pio ajoelhado diante do altar, aprendemos que a pregação mais convincente brota do amor por aquele que se entrega, e que a eficácia pastoral depende sempre da união real com o Senhor sacramentado.

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As chagas

Além disso, a experiência do sofrimento assumido por Padre Pio nos remete à teologia do sacrifício redentor. As chagas e as horas de provação não foram teatro místico, mas participação no mistério pascal, aceitação humilde do lenho que salva.

Nessa aceitação, ele nos mostra que o sofrimento, quando oferecido por amor, não destrói, antes transfigura, porque se incorpora ao sacrifício de Cristo e se torna meio de reparação e intercessão. Os antigos mestres chamariam isso participação na paixão do Senhor, e a tradição espiritual sempre viu nesse caminho um modo privilegiado de colaborar na obra da redenção.

A confissão

Observemos também o ministério de confissão que caracterizou sua vida. Padre Pio acolheu multidões ao confessionário com paciência exemplar, e por meio desse serviço trouxe muitos de volta à graça.

Isso nos ensina que o ministério sacerdotal é sobretudo medicina da alma, disciplina que exige compaixão, discernimento e coragem para conduzir o penitente ao encontro com a misericórdia do Pai. A confissão verdadeiramente pastoral reconstrói comunidades, cura feridas e restabelece a paz interior, e é por isso que devemos valorizar e defender esse sacramento com zelo.

A santidade cristã

Do mesmo modo, a vida de Padre Pio convoca-nos à caridade ativa e concreta. Ele não se contentou com gestos isolados; organizou assistência, incentivou obras de amor e foi testemunha de que a devoção autêntica se traduz em serviço.

A santidade cristã não inventa refúgios para si mesma, ela desce às periferias do humano, toma nas mãos o cotidiano do povo e transforma realidades com pequenos gestos discretos e persistentes. Portanto, sejamos alertas para não reduzir a piedade a sensações interiores, mas deixemos que ela produza frutos tangíveis para os irmãos mais necessitados.

Anunciar o Evangelho

Além disso, Padre Pio nos recorda a importância do equilíbrio entre contemplação e missão. Ele viveu longas horas de oração, mas também atendeu doentes, aconselhou jovens, e inspirou obras comunitárias. Esse equilíbrio nos diz que a contemplação não é fuga, e que a ação sem oração se esgota. Aquele que deseja anunciar o Evangelho de modo eficaz precisa alimentar a sua missão com fonte viva, caso contrário corre o risco de tornar-se apenas executor de projetos humanos.

Implicações práticas

Finalmente, as implicações práticas para hoje são claras e exigentes.

Primeiro, cultivemos uma vida sacramental robusta, participando da Eucaristia com reverência e recorrendo à confissão como caminho de cura.

Segundo, abracemos o sofrimento como possibilidade de oração ofertada, sem buscar padecimentos, mas sem recusar o sentido que Deus pode dar a eles.

Terceiro, exercitemos a caridade organizada, de modo que nossos gestos solidários respondam a necessidades reais. E, por fim, cultivemos a humildade, porque a santidade de Padre Pio nunca buscou luz própria, ela dirigiu sempre para o Senhor.

Rezemos

Que São Pio de Pietrelcina nos obtenha do Pai a graça de uma fé ardente, de um amor sacramental e de uma caridade que se faz serviço, para que, como ele, possamos transformar o nosso tempo em estrada de volta para Deus e em espaço de consolo para tantos corações feridos. Amém.