Homilia diária — São Lucas, Evangelista — Missa de sábado, 18/10/25
Homilia diária — São Lucas, Evangelista — Missa de sábado, 18/10/25
Hoje a Igreja se reveste de gratidão e ternura para celebrar São Lucas, o Evangelista, aquele que traduziu o amor de Deus em palavras cheias de compaixão, beleza e verdade. Médico de profissão, discípulo fiel de São Paulo e escritor inspirado pelo Espírito Santo, Lucas registrou os fatos da vida de Cristo e nos revelou o coração de Jesus.
Quando lemos o Evangelho segundo São Lucas, sentimos algo diferente, pois escreve com alma de pastor e coração de poeta. É o evangelho da misericórdia, da ternura de Deus, do olhar que alcança os esquecidos. Foi Lucas quem nos contou sobre o bom samaritano, sobre o filho pródigo, sobre o ladrão arrependido na cruz. Foi ele quem deu voz às mulheres, quem destacou Maria como modelo de fé, quem mostrou Jesus comendo com pecadores e abraçando os rejeitados.
Perceba: cada linha de Lucas respira compaixão. Ele não fala de um Cristo distante, mas de um Deus que entra na casa dos pobres, que partilha o pão, que chora e consola. É o evangelista que mais fala da alegria, e não de uma alegria superficial, mas daquela que nasce do encontro com Deus. Por isso, a mensagem de Lucas continua atual: só quem experimenta a misericórdia consegue anunciá-la.

Meu querido médico
Além de evangelista, Lucas foi também o autor dos Atos dos Apóstolos, o livro que narra o nascimento e o crescimento da Igreja, afinal, ele nos mostra que o mesmo Espírito que desceu sobre Maria em Nazaré agora sopra sobre a comunidade em Pentecostes. O mesmo Deus que agiu em Cristo continua agindo em seus discípulos. Assim, Lucas nos ensina que a história da salvação não terminou: ela continua em nós.
Um detalhe bonito é que São Paulo chamava Lucas de “meu querido médico”. E, de fato, ele foi médico do corpo e da alma. Cuidou das feridas humanas e das espirituais. Talvez por isso seu Evangelho fale tanto de cura: o cego que volta a ver, o paralítico que anda, o leproso purificado, o coração ferido que reencontra esperança. Ele compreendeu que evangelizar é curar. É tocar o sofrimento com a ternura de Cristo.
No entanto, Lucas não escreve como quem observa de fora. Ele mergulha. Ele escuta, pesquisa, colhe testemunhos. Sua fé é inteligente e sua inteligência é cheia de fé. Ele mostra que a razão e a fé não são inimigas, mas irmãs. Quem ama a verdade busca, investiga, questiona, e, no final, se ajoelha diante do Mistério.
Por isso, meus irmãos, celebrar São Lucas é um convite à missão. Ele não foi apóstolo doze, mas foi apóstolo no coração. Acompanhou Paulo nas viagens, suportou o cansaço, enfrentou perigos, e nunca se afastou do Evangelho. E nós? Também fomos chamados a ser testemunhas da misericórdia, portanto, em um mundo que valoriza o sucesso e o julgamento, precisamos ser a voz da compaixão, os olhos que veem o bem e as mãos que curam.
Rezemos
Hoje, peçamos a São Lucas que nos ensine a olhar como Jesus olhava. Que saibamos enxergar o necessitado como irmão, o pecador como ferido, o indiferente como alguém que ainda não provou o amor de Deus. Que nossa palavra seja medicina e nosso testemunho, remédio.
E, como Lucas, que possamos escrever, não com tinta e papel, mas com gestos e atitudes, o Evangelho vivo de Cristo no mundo de hoje. Porque cada vez que perdoamos, consolamos ou servimos com amor, uma nova página do Evangelho se escreve na história.
Que São Lucas interceda por nós e nos ajude a viver o que ele escreveu: “Sede misericordiosos, como o vosso Pai é misericordioso.”
Amém.