Homilia diária — São Francisco de Assis — Missa de sábado, 04/10/25
Homilia diária — São Francisco de Assis — Missa de sábado, 04/10/25
Irmãos e irmãs, hoje a Igreja põe diante de nós o pobre de Assis, que fez da pobreza um sacramento e da fraternidade um evangelho vivido. São Francisco não inventou migalhas de piedade, ele encarnou o Evangelho até romper a distância entre palavra e carne; ao abraçar a pobreza, escolheu ser imagem do Filho que se esvaziou, e assim reavivou na Igreja a convicção de que a verdadeira grandeza nasce da humildade que serve.

Experiência mística
Quando ouvimos o Cântico das Criaturas ressoar como oração, percebemos uma teologia simples e profunda: a criação é sacramento do Criador. Francisco nos recorda que louvar a Deus passa por cuidar da irmã água, do irmão fogo, da mãe terra, porque em cada criatura se lê um nome de Deus.
A sua experiência mística, culminando nas chagas que o configuraram ao Crucificado, mostra-nos que a busca pela união com Cristo passa pela empatia com a dor do mundo, e que a santidade coagula-se na identificação com os pequenos e com os feridos.
Além disso, a fraternidade franciscana ensina-nos que a missão brota da alegria e não do pesar frio. Francisco pregou a paz com ternura e coragem, correu ao encontro dos que foram excluídos e organizou a caridade em existência comunitária.
Assim, a prática pastoral que ele nos legou combina contemplação e ação, contemplação que gera compaixão, ação que revela a presença do Ressuscitado. Não se trata de romântica fuga ascética, mas de disciplina cristã: desapegar-se para estar livre ao serviço e cultivar pobreza que liberta.

Pequenas obras
Na vida cotidiana, as aplicações são claras e urgentes. Reduzamos o consumo que prende a alma, promovamos a partilha que reconstrói lares, defendamos a criação como dever moral e espiritual, tornemo-nos instrumentos de reconciliação onde há conflito.
Visitemos os enfermos, sustentemos projetos que empoderem os marginalizados, rezemos com simplicidade e celebremos com austeridade alegre. São Francisco nos mostra que pequenas obras feitas com grande amor encurtam a distância entre o céu e a terra.
Roguemos, por fim, àquele cujo hábito rude escondia um coração ardente, que nos alcance a graça de viver a pobreza evangélica como via de liberdade, a fraternidade como sinal do Reino, e a coragem de anunciar Cristo com alegria paciente. Que, seguindo seu exemplo, nossas mãos aprendam a dar e nossos pés a levar paz. Amém.