Homilia diária — São Carlos Borromeu — Missa de 3ª-feira, 04/11/25
Homilia diária — São Carlos Borromeu — Missa de 3ª-feira, 04/11/25
Hoje celebramos São Carlos Borromeu, um dos grandes pastores que o Espírito Santo suscitou para renovar a Igreja em tempos difíceis. Seu nome se tornou sinônimo de zelo, reforma e santidade pastoral. Ele viveu no século XVI, no coração da Igreja ferida pela divisão e pela indiferença espiritual, e foi instrumento de Deus para restaurar o fervor, a pureza da fé e o cuidado pelos mais simples.

Oração e ação
Carlos Borromeu era homem de oração e ação. Rezava profundamente, mas não se escondia da realidade. Estava sempre entre o povo, visitando paróquias, pregando, confessando, alimentando os pobres e curando doentes. Durante a peste que assolou Milão, ele não se protegeu em palácios, foi às ruas consolar os moribundos, carregar os mortos, repartir pão e esperança.
A vida dele é um lembrete para todos nós: o verdadeiro amor a Deus sempre se transforma em serviço. A santidade não é distância, é presença. Não é isolamento, é doação. Carlos entendeu que o Evangelho não é um discurso bonito, mas um chamado exigente: “Dá tua vida pelos teus irmãos.”
Ele acreditava que a reforma da Igreja começa na conversão pessoal. Não basta mudar estruturas se o coração continua frio, nem adianta corrigir os outros se não nos deixamos corrigir por Deus. São Carlos dizia aos sacerdotes e leigos de sua época algo que ainda ecoa hoje: “Comecem por vocês mesmos, antes de querer transformar o mundo.”

Oração viva
Seu exemplo fala forte também a nós, cristãos do século XXI. Vivemos em tempos de dispersão, de pressa, de superficialidade espiritual. É fácil falar de fé, difícil é vivê-la. É fácil dizer “sou cristão”, mas é no cotidiano, nas escolhas, na caridade, na coerência, que essa palavra ganha carne.

São Carlos nos recorda que ser discípulo de Cristo é unir fé e compromisso. A oração deve nos levar à ação, e a ação deve nos conduzir de volta à oração. Quem reza de verdade não foge do mundo, transforma-o. Quem serve com amor não perde a intimidade com Deus, aprofunda-a.
Por isso, hoje, ao olhar para esse grande santo, o convite é claro: voltemos ao essencial. Precisamos de oração viva mais do que de ativismo. Mais do que aparências, precisamos de autenticidade, e, principalmente, muito mais do que palavras, precisamos de gestos que revelem Cristo.
São Carlos Borromeu foi um homem inteiro, apaixonado por Deus e fiel à missão até o fim. Que o exemplo dele desperte em nós o desejo de uma fé concreta, generosa, encarnada. Que aprendamos com ele a servir com humildade e a amar com coragem.
E que, como ele, possamos um dia ouvir do Senhor: “Foste servo bom e fiel, entra na alegria do teu Mestre.”
Amém.
