Homilia diária — Porque para isso é que eu fui enviado
Homilia diária — Porque para isso é que eu fui enviado
O Evangelho de hoje nos apresenta uma cena repleta de significado e simbologia que, à primeira vista, pode passar despercebida. Jesus, após curar a sogra de Simão, é procurado por uma multidão ao pôr do sol, todos em busca de cura, libertação, alívio para seus males e sofrimentos. Essa cena nos revela muito sobre a missão de Jesus e sobre o próprio coração de Deus.
O simbolismo do pôr do sol
Começaremos refletindo sobre o simbolismo do pôr do sol. No contexto bíblico, o pôr do sol marca o fim do dia, o momento em que as atividades cessam e as pessoas se recolhem. Mas aqui, no Evangelho, vemos o contrário. Ao pôr do sol, a ação começa. As pessoas, que durante o dia estavam presas às regras do sábado, agora, ao cair da tarde, trazem seus doentes a Jesus. O pôr do sol, que poderia simbolizar o fim, torna-se o início de um grande movimento de cura e libertação.
Esse momento do dia, quando a luz do sol começa a desaparecer e a noite se aproxima, representa também aqueles momentos em nossas vidas em que nos sentimos cercados pelas trevas, pela dúvida, pelo sofrimento. O pôr do sol pode ser visto como um símbolo da fragilidade humana, do nosso encontro com a nossa própria limitação, com a doença, com a dor. E é precisamente nesse momento que Jesus se faz presente.
Ao pôr do sol, todos os que tinham doentes os levaram a Jesus. E o que Ele faz? Coloca as mãos sobre cada um deles e os cura. Esse gesto de Jesus é profundamente simbólico e teológico. A imposição das mãos não é apenas um gesto de compaixão, mas uma manifestação do poder de Deus que age através de Seu Filho. Jesus não cura à distância, Ele se aproxima, toca, estabelece uma conexão direta com aqueles que sofrem. É como se, ao pôr do sol, quando as trevas começam a se espalhar, a luz de Cristo se fizesse ainda mais presente, dissipando a escuridão do medo, da doença, do pecado.
Porque para isso é que eu fui enviado
E o Evangelho nos diz que, de muitas pessoas, saíam demônios, gritando: “Tu és o Filho de Deus.” Aqui vemos uma revelação teológica importante. O mal não pode resistir à presença de Jesus. Os demônios, que representam as forças do mal e da destruição, reconhecem a autoridade de Jesus. Eles sabem quem Ele é: o Filho de Deus, o Messias. Mas Jesus os silencia, porque ainda não é o momento de Sua identidade ser plenamente revelada. No entanto, a verdade permanece: ao pôr do sol, na hora em que a noite começa a se espalhar, o poder de Deus brilha com ainda mais força, trazendo cura e libertação.
E então, ao raiar do dia, Jesus sai para um lugar deserto. Aqui, o ciclo se completa. O dia nasce, a escuridão cede lugar à luz, e Jesus, tendo cumprido Sua missão de cura naquela noite, se recolhe para rezar, para renovar Sua força, para estar em comunhão com o Pai. Ele sabe que Sua missão não termina ali. Ele diz: “Eu devo anunciar a boa-nova do Reino de Deus também a outras cidades, porque para isso é que eu fui enviado.”
Queridos irmãos e irmãs, o pôr do sol e o raiar do dia, nessa passagem, não são apenas referências ao tempo cronológico. Eles nos falam de nossa própria experiência espiritual. Há momentos em nossas vidas em que o sol parece se pôr, em que somos confrontados com as sombras da nossa existência. Mas é precisamente nesses momentos que devemos nos lembrar de que Jesus está presente, tocando-nos, curando-nos, libertando-nos.
Rezemos
E, assim como o dia segue a noite, a presença de Cristo em nossas vidas nos leva a uma nova manhã, a um novo começo. Ele nos chama a seguir adiante, a levar essa boa-nova a outros, a sermos luz para aqueles que ainda estão nas trevas.
Portanto, que possamos, ao pôr do sol de nossas dificuldades, nos voltar para Jesus, confiando que Ele é a luz que nunca se apaga, o Salvador que nos cura e nos conduz a um novo dia.