O Evangelho de hoje nos convida a refletir sobre a fidelidade em nossas relações e sobre a pureza de coração que devemos ter diante de Deus. – Homilia diária – O que Deus uniu, o homem não separe!
O que Deus uniu, o homem não separe!
Hoje o Evangelho nos traz duas mensagens profundas e de extrema relevância para nossa vida cristã: o ensinamento de Jesus sobre o matrimônio e sua relação com as crianças. Ambas estão ligadas pela essência do amor, da pureza e da fidelidade que Deus espera de nós em nossas relações e em nossa caminhada de fé.
A primeira parte do Evangelho nos leva a uma questão que os fariseus apresentaram para pôr Jesus à prova: o divórcio. Eles perguntam a Jesus se é permitido ao homem divorciar-se de sua mulher. A resposta de Jesus vai muito além de uma simples norma ou regra. Ele nos faz voltar ao princípio, ao plano original de Deus para o matrimônio. “Desde o começo da criação, Deus os fez homem e mulher. Por isso, o homem deixará seu pai e sua mãe e os dois serão uma só carne.” Aqui, Jesus revela a profundidade da união matrimonial. Não se trata de um contrato temporário, que pode ser rompido a qualquer momento. Trata-se de uma aliança, de uma unidade tão profunda que os dois se tornam uma só carne.
O projeto divino para a família
O que Deus une no matrimônio é algo sagrado. Quando diz “o que Deus uniu, o homem não separe”, Jesus não está apenas impondo uma norma, mas nos chamando a redescobrir o verdadeiro sentido do casamento. O matrimônio é o reflexo do amor de Deus pela humanidade, é a aliança indissolúvel entre o Criador e sua criação, simbolizada na união entre marido e mulher. É nesse amor fiel e permanente que encontramos o projeto divino para a família.
Os fariseus, ao se referirem à permissão de Moisés para o divórcio, mostram como o coração humano, endurecido pelo pecado, muitas vezes não compreende esse amor. Jesus explica que Moisés permitiu o divórcio por causa da “dureza do vosso coração”. Essa dureza é a incapacidade de abrir-se ao amor pleno, de perdoar, de compreender o outro em suas limitações. O matrimônio, então, torna-se uma escola de amor e de santificação, onde somos chamados a viver o perdão, a paciência e a fidelidade.
Promessa de amor
Mas Jesus não para aí. Ele também fala da responsabilidade de manter essa fidelidade mesmo diante de um eventual rompimento. Ao dizer que quem se divorciar e casar com outra pessoa comete adultério, Ele nos mostra que a fidelidade no matrimônio vai além das circunstâncias humanas. O compromisso que fazemos diante de Deus no sacramento do matrimônio é uma promessa de amor que não pode ser desfeita.
Vivência do amor verdadeiro
No entanto, irmãos, é importante que, ao ouvirmos essas palavras, não as interpretemos como uma condenação, mas como um chamado à conversão e à vivência do amor verdadeiro. Jesus nos mostra o caminho, mas também nos oferece a graça de caminhar com Ele, mesmo nas dificuldades do matrimônio. A Sua misericórdia está sempre presente, pronta para nos restaurar e nos ajudar a viver o amor com que Ele nos ama.
As crianças
Na segunda parte do Evangelho, Jesus nos apresenta outro aspecto essencial do Reino de Deus: a pureza e a simplicidade das crianças. Os discípulos, talvez por acharem que as crianças não eram importantes, tentam impedi-las de se aproximarem de Jesus. Mas Ele, com amor e firmeza, diz: “Deixai vir a mim as crianças. Não as proibais, porque o Reino de Deus é dos que são como elas.”
Aqui, Jesus nos dá uma lição sobre a essência da fé. Para entrar no Reino de Deus, precisamos ter um coração de criança. O que isso significa? Significa ter um coração simples, confiante, aberto ao amor do Pai. As crianças não complicam as coisas. Elas acreditam, confiam, se entregam. Elas não têm a arrogância de achar que sabem tudo, nem a resistência de quem já endureceu o coração com as decepções da vida.
Confiança plena
Jesus nos chama a ser como elas. Isso não significa uma infantilidade na fé, mas uma pureza de coração. Um coração que se abre ao amor de Deus sem barreiras, sem desconfianças. E, assim como Jesus abraçava as crianças e as abençoava, Ele quer nos abraçar e nos abençoar também. Ele quer que nos aproximemos d’Ele com essa confiança plena, com a certeza de que somos amados e cuidados por Ele.
Rezemos
Queridos irmãos e irmãs, o Evangelho de hoje nos convida a refletir sobre a fidelidade em nossas relações e sobre a pureza de coração que devemos ter diante de Deus. O matrimônio nos chama à fidelidade, ao amor que se renova diariamente. E a vida cristã nos chama a uma confiança simples e verdadeira, como a das crianças.
Que possamos, com a graça de Deus, viver cada dia com um coração puro, confiante no amor do Pai, e que possamos buscar, em nossas relações, a fidelidade e o amor que refletem o plano de Deus para nós. Amém.
à Virgem Maria!