Homilia diária — Quem não é contra nós é a nosso favor! “Não o proibais, pois ninguém faz milagres em meu nome para depois falar mal de mim”.

Quem não é contra nós é a nosso favor!

O Evangelho de hoje nos apresenta uma série de ensinamentos profundos, mas que, à primeira vista, podem nos surpreender pela sua radicalidade. Jesus está instruindo os Seus discípulos sobre a importância de viver em plena comunhão com Ele e de evitar tudo o que possa nos afastar de Deus e de Sua verdade.

João, um dos discípulos, começa a narrativa relatando a Jesus que viram alguém expulsar demônios em Seu nome, mas que eles o impediram, porque ele não fazia parte do grupo dos discípulos. A resposta de Jesus é direta: “Não o proibais, pois ninguém faz milagres em meu nome para depois falar mal de mim. Quem não é contra nós é a nosso favor.”

Reino de Deus

Aqui, Jesus quebra uma barreira de exclusividade que os discípulos, e muitas vezes nós também, queremos impor. Não é necessário fazer parte do círculo mais próximo de Jesus para estar a Seu serviço. Ele nos ensina que, quando alguém age em Seu nome, mesmo que não o conheçamos diretamente, está, de alguma forma, colaborando para a construção do Reino de Deus. É um alerta para nós sobre o perigo da exclusividade e da arrogância espiritual, como se apenas nós tivéssemos a verdade plena. Jesus nos convida a reconhecer e valorizar o bem que outros fazem, ainda que não estejam no mesmo caminho que o nosso.

Logo em seguida, Jesus fala sobre o valor de gestos simples: “Quem vos der a beber um copo de água, porque sois de Cristo, não ficará sem receber a sua recompensa.” Este ensinamento nos lembra que o Reino de Deus não é feito apenas de grandes ações ou milagres. Pequenos gestos, como oferecer um copo de água com amor, têm um valor imenso aos olhos de Deus. A bondade não se mede pela grandiosidade, mas pela intenção e pela dedicação ao outro. O amor verdadeiro se revela nos detalhes do cotidiano.

Somos responsáveis pelo exemplo que damos

No entanto, Jesus também faz um alerta severo contra o escândalo: “Se alguém escandalizar um destes pequeninos que creem, melhor seria que fosse jogado no mar com uma pedra de moinho amarrada ao pescoço.” As palavras de Jesus aqui são fortes. Ele nos mostra a gravidade de levar alguém ao pecado, especialmente os mais frágeis na fé. Somos responsáveis pelo exemplo que damos, pelas palavras que proferimos e pelas atitudes que tomamos. Não podemos esquecer que nossas ações podem influenciar a vida de outros, e que o mau exemplo pode afastar alguém de Deus.

E então, Jesus nos chama a uma atitude radical em relação ao pecado. Suas palavras são desafiadoras: “Se tua mão te leva a pecar, corta-a!”, “Se teu pé te leva a pecar, corta-o!”, “Se teu olho te leva a pecar, arranca-o!” Claro que essas palavras não devem ser entendidas de forma literal. Jesus está nos falando de algo muito mais profundo: a necessidade de cortar, com firmeza, tudo aquilo que nos afasta de Deus. Ele nos ensina que o pecado é algo sério, algo que deve ser combatido com determinação, pois o Reino de Deus é o bem mais precioso que podemos alcançar.

Renúncias

Jesus usa essa linguagem extrema para nos fazer refletir sobre a seriedade do pecado e o que ele pode causar em nossa vida espiritual. Muitas vezes, toleramos pequenos pecados, pequenos desvios, achando que não têm grande importância. Mas Jesus nos mostra que qualquer coisa que nos afasta de Deus deve ser tratada com urgência. É melhor perder algo que nos faz pecar do que perder a vida eterna. Ele quer que entendamos que o verdadeiro caminho de vida exige renúncias, escolhas conscientes e, muitas vezes, a coragem de nos afastarmos do que nos seduz ao erro.

Queridos irmãos e irmãs, o Evangelho de hoje nos desafia a viver com humildade e zelo pela nossa fé. Jesus nos pede para sermos acolhedores com os outros, reconhecendo o bem que fazem, e ao mesmo tempo, nos chama a viver de forma íntegra, sem deixar que o pecado nos afaste do caminho da Vida.

Que possamos cortar de nossas vidas tudo aquilo que nos leva a pecar e viver com o coração cheio de amor, cuidando para não escandalizar ou desviar ninguém da fé. Amém.

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