Homilia diária — Nossa Senhora Aparecida — Missa de domingo, 12/10/25
Homilia diária — Nossa Senhora Aparecida — Missa de domingo, 12/10/25
Irmãos e irmãs, hoje nos voltamos ao mistério materno que desceu às águas do nosso Brasil, àquela Mãe que, pelo sinal simples de uma imagem encontrada entre redes e mãos cansadas, tornou-se refúgio e consolo do povo.
Ao celebrarmos Nossa Senhora Aparecida, não só recordamos um evento histórico; acolhemos uma presença que continua a transformar aflições em esperança, falências em novo labor, desânimo em coragem renovada.
Ela nos lembra que Deus opera com simplicidade e ternura, preferindo mãos humildes para realizar gestos grandiosos de salvação.
Sinal
Deixemo-nos tocar pela humildade do seu sinal. A imagem chegou nas redes de pescadores, no esforço de quem vive do trabalho diário e da incerteza. Isso nos ensina que a santidade não se distancia do cotidiano; ela brota exatamente onde a vida se faz mais frágil.
Maria aparece entre os que lutam, e assim nos revela que o coração de Deus bate ao ritmo das pequenas vidas. Quando nos aproximamos dela, encontramos não um ídolo inacessível, mas uma Mãe que conhece o cheiro do labor, as feridas do caminho e as noites insones de quem sustenta a família.
Devoção
Além disso, a devoção à Aparecida tem um caráter profundamente eclesial e social. A Mãe que reúne povos em torno do seu altar convoca-nos à comunhão. Ela une credos, histórias e dores; ela interpela estruturas quando elas ferem a dignidade humana.
Ser devoto de Nossa Senhora Aparecida é aprender a ver Cristo no rosto do irmão empobrecido, é recusar a indiferença e trabalhar por justiça. A piedade popular autêntica nos impele a transformar piedade em política de caridade, oração em mobilização para a vida de todos.
Consolação
Também não esqueçamos o papel consolador de Maria em tempos de provação. Quantas famílias, quantos lares, quantas vidas encontraram nela abrigo nos momentos mais sombrios?
A mãe que acolhe com o manto protege e empodera. Assim, a primeira atitude que a devoção nos pede é a confiança: confiar-nos à intercessão daquela que foi “cheia de graça” e que caminha conosco. Confiar não significa inércia; significa agir com paz, sabendo que não caminhamos sós.
A oração a Nossa Senhora Aparecida deve incendiar a esperança e afiar as mãos para o serviço.
Missão
Do mesmo modo, seu exemplo nos chama à responsabilidade missionária. Aqueles pescadores que trouxeram a imagem foram também os primeiros a dar testemunho.
Hoje, cada um de nós é convidado a levar a presença de Maria para as periferias do coração humano: para os bairros abandonados, para as prisões, para as mesas onde falta o pão e falta a palavra amiga. A devoção que permanece apenas em rituais perde força; a devoção que encarna nos atos de compaixão torna-se profecia de Reino.
Praticamente, como responder a esse chamado? Comecemos pela simplicidade: uma visita a quem sofre, uma oferta generosa, um tempo diário de oração em família. Depois, comprometamo-nos com a educação e a saúde dos mais vulneráveis, com iniciativas que tirem as pessoas da condição de invisíveis. Finalmente, cultivemos na liturgia e no dia a dia uma confiança filial que enfrenta as tempestades com a coragem dos que sabem que a Mãe acompanha.
Rezemos
Peçamos que a Virgem Aparecida nos ensine a fé que não se envergonha do pequeno gesto, a caridade que transforma estruturas e a esperança que não se confunde com ingenuidade. Ao termos diante de nós a Senhora coroada, lembremo-nos de que a verdadeira coroa é o serviço, e que o reino que ela prepara é feito de gente curada, casas erguidas e vidas reconciliadas.
Que Nossa Senhora Aparecida, Mãe e Padroeira, nos obtenha do Filho a graça de sermos, como ela, sinal de ternura e justiça para o nosso povo. Amém.
à Virgem Maria!