Homilia diária — Missa de 6ª-feira, 05/12/25 — Mt 7,21.24-27

Homilia diária — Missa de 6ª-feira, 05/12/25 — Mt 7,21.24-27

Homilia diária — Missa de 6ª-feira, 05/12/25Mt 7,21.24-27

Quando dois cegos começam a seguir Jesus, clamando com insistência “Filho de Davi, tem piedade de nós!”, algo extraordinário acontece. Eles não enxergavam nada ao redor, mas, curiosamente, já viam o essencial. Perceberam em Jesus aquilo que muitos, com os olhos perfeitos, não conseguiam ver. E, desde o início, essa cena nos provoca, porque a verdadeira cegueira nunca começa nos olhos, mas no coração.

Além disso, vemos que Jesus não cura imediatamente. Ele entra na casa, e apenas então permite que eles se aproximem. Essa pausa não mostra frieza, mostra pedagogia. Cristo deseja que a fé amadureça, que o coração se abra, que a confiança se torne verdadeira. Ele pergunta: Vós acreditais que eu posso fazer isso? Ou seja, Ele convida os dois a assumirem sua própria fé. Antes do milagre aparecer nos olhos, ele precisa nascer dentro da alma.

Logo em seguida, a resposta deles ressoa com força: Sim, Senhor.” Aqui não existe hesitação, nem condições, nem cálculos. Eles creem porque confiam. Eles dizem “sim” porque enxergam aquilo que ainda não podem ver. E, nesse momento, Jesus toca os olhos deles. Ele não sussurra fórmulas, não faz gestos grandiosos. Ele toca. Simples assim. O toque de Deus muda tudo.

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A fé abre portas

A cura confirma algo muito profundo: a fé abre portas que os sentidos não conseguem abrir. O milagre nunca nasce do esforço humano, mas da entrega. Os dois cegos não mostram currículo espiritual, não provam merecimento, não justificam nada. Eles simplesmente pedem. E pedem como quem sabe que Deus ouve.

A partir disso, Jesus os envia com um aviso sério. Ele pede silêncio. No entanto, o entusiasmo explode e eles espalham a notícia. Eles não conseguem guardar para si o que Deus fez. A alegria transborda, a gratidão se torna anúncio, e o amor gera impulso. Mesmo sem autorização, eles anunciam porque os olhos, agora abertos, enxergam mais do que paisagens: enxergam sentido, missão, vida nova.

Agora, meus irmãos, precisamos perguntar a nós mesmos: onde estão as nossas cegueiras? Talvez não faltem luzes do lado de fora. Talvez faltem luzes do lado de dentro. A gente enxerga o defeito alheio, mas tropeça no próprio pecado. Vê oportunidades, mas não vê a graça. Repara nos problemas, mas não percebe a presença de Deus que acompanha cada passo.

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Coragem

Além disso, esse Evangelho nos chama a uma atitude concreta: aproximar-nos de Jesus com a mesma ousadia daqueles cegos. Eles não esperaram condições ideais, nem ficaram parados reclamando. Ao invés disso, eles caminharam na escuridão para encontrar a Luz. E é isso que precisamos fazer: dar passos mesmo quando não entendemos tudo, porque fé não é garantia de claridade imediata, é coragem de seguir mesmo no escuro.

Por fim, lembre-se: Cristo ainda pergunta hoje o que perguntou a eles. Você acredita que Eu posso fazer isso? Ele pergunta a cada dor sua, a cada desânimo, a cada pecado, a cada desorientação. Ele pergunta porque deseja que a fé abra o que a dúvida fechou.

E, se você responder com coragem: “Sim, Senhor”, então o toque dele chegará. Não como mágica, mas como graça. Não como truque, mas como presença. E, quando Ele toca, tudo volta a ter cor. Tudo volta a respirar. Tudo volta a viver.

Que hoje Cristo abra os nossos olhos. Não apenas para ver melhor, mas para amar melhor, crer melhor e caminhar sem medo ao lado d’Aquele que é a Luz do mundo. Amém.