A messe é grande, os trabalhadores são poucos – Homilia diária — Liturgia católica — Sábado, 07/12/24
Homilia diária — Sábado, 07/12/24
Hoje o Evangelho nos apresenta uma das passagens mais comoventes e desafiadoras da missão de Cristo. Jesus, o Bom Pastor, caminha pelas cidades e povoados, ensinando, curando, anunciando o Reino dos Céus. Mas Ele não o faz de longe. Ele olha para as multidões e sente compaixão. Ele vê não apenas corpos cansados, mas almas abatidas, como ovelhas sem pastor.
Esse mesmo olhar de compaixão é o olhar que Ele lança sobre nós hoje. E a mensagem de Cristo é clara: há uma grande colheita a ser feita, mas poucos são os que se dispõem a trabalhar. A pergunta que este Evangelho nos deixa é direta: estamos dispostos a sermos trabalhadores da Messe?
A Compaixão de Cristo
Jesus via as multidões. Não apenas as enxergava, mas as via em profundidade. Ele percebeu a fome de sentido, a sede de esperança, o cansaço da alma. Irmãos, como é fácil passar pelas multidões sem perceber suas dores! Quantas vezes convivemos com pessoas ao nosso redor que estão cansadas, abatidas, perdidas, e não nos damos conta?
A compaixão de Cristo não é um sentimento passivo. É uma compaixão que age, que se doa, que se transforma em missão. Ele olha para as ovelhas sem pastor e toma uma decisão: preparar trabalhadores para cuidar delas.
“A messe é grande”
Jesus nos lembra que o mundo está cheio de campos prontos para a colheita. Isso quer dizer que há pessoas sedentas pela Palavra de Deus, corações abertos à Sua graça, vidas prontas para serem transformadas. Mas o problema não está na colheita. Está na falta de trabalhadores.
E aqui está o desafio para cada um de nós. A Messe não é só responsabilidade de padres, freiras ou missionários de tempo integral. Todo cristão é chamado a ser um trabalhador do Reino. Na família, no trabalho, na comunidade, somos convidados a levar o amor de Cristo aos que estão cansados e abatidos.
O poder dado aos discípulos
Jesus não apenas chama os discípulos. Ele os capacita. Dá-lhes poder para expulsar espíritos maus, curar doenças, purificar leprosos e até ressuscitar mortos. Esse poder não é algo mágico ou distante. É o poder do Espírito Santo, que continua agindo em todos aqueles que se abrem ao chamado de Deus.
E notem: Jesus envia seus discípulos com uma missão muito específica. Primeiro, cuidar das “ovelhas perdidas da casa de Israel”. Isso nos ensina que o trabalho começa dentro da nossa própria casa, da nossa própria comunidade. Antes de evangelizarmos longe, precisamos cuidar dos que estão próximos, das almas que Deus colocou diretamente em nosso caminho.
“De graça recebestes, de graça deveis dar”
Ah, irmãos, que frase poderosa! Tudo o que temos – nossa fé, nossos dons, nossa salvação – é presente de Deus. Não foi comprado, não foi conquistado, mas dado por pura graça. E essa graça não é algo para guardarmos só para nós. É algo que precisa ser compartilhado.
Quantas vezes ficamos parados, achando que não temos nada a oferecer? Mas Jesus nos lembra que o que recebemos de graça pode transformar vidas. Talvez não saibamos pregar, mas sabemos amar. Talvez não possamos curar com um toque, mas podemos curar com um sorriso, com um ouvido atento, com uma palavra de conforto.
O Convite de hoje
Irmãos e irmãs, a Messe continua grande. O mundo ainda está cheio de ovelhas cansadas e abatidas, precisando do cuidado do Bom Pastor. E Jesus continua a olhar para cada um de nós e dizer: “Eu preciso de você. Eu quero que você seja um trabalhador na minha colheita.”
Como podemos responder a esse chamado? Primeiro, pedindo. Jesus nos manda pedir ao dono da Messe que envie trabalhadores. A oração é o começo de toda missão. Depois, precisamos nos dispor. Talvez não possamos fazer grandes coisas, mas, como dizia Santa Teresinha, podemos fazer pequenas coisas com grande amor.
Hoje, saindo daqui, lembremos deste Evangelho como um apelo pessoal. Cristo nos chama a olhar ao nosso redor com compaixão, a sermos trabalhadores no Seu campo e a compartilharmos a graça que recebemos. Que possamos, cada um ao nosso modo, anunciar que o Reino dos Céus está próximo – com palavras, com ações, com a nossa própria vida. Amém.