Faça-se conforme a vossa fé – Homilia diária — Liturgia católica — 6ª-feira, 06/12/24
Homilia diária — 6ª-feira, 06/12/24
Meus queridos irmãos e irmãs, Paz e bem!
Hoje o Evangelho nos apresenta uma cena tão simples quanto profunda: dois cegos gritando, clamando, insistindo para que Jesus tenha piedade deles. Vemos nesse trecho uma lição sobre fé, perseverança e transformação. É uma história que fala não apenas aos olhos daqueles cegos, mas diretamente ao coração de cada um de nós.
Imaginem esses dois homens. Eles não podiam ver, mas sabiam quem estava ali. Reconhecem Jesus como o “Filho de Davi”, o Messias prometido. Mesmo na cegueira, enxergam algo que muitos com visão perfeita não conseguiam ver: o poder e a misericórdia de Cristo.
E eles gritam. Não pedem com timidez, não murmuram com dúvidas. Eles clamam! Esse grito é o eco de toda alma que sabe que só Deus pode trazer a verdadeira cura, que só Ele pode preencher o vazio. E vejam, irmãos, não foi fácil. Jesus entrou em casa, e eles continuaram atrás Dele. Que perseverança!
Será que nós temos a mesma determinação? Quantas vezes desistimos na primeira dificuldade? Quantas vezes deixamos de rezar, de buscar, porque a resposta não veio no nosso tempo? Esses cegos nos ensinam que a fé verdadeira é insistente, é teimosa no bom sentido.
“Vós acreditais que eu posso fazer isso?”
Chegamos ao momento central. Jesus olha para eles e faz uma pergunta aparentemente óbvia: “Vós acreditais que eu posso fazer isso?” Por que Ele pergunta? Jesus não precisava da resposta verbal deles para saber o que se passava no coração. Mas Ele queria que eles declarassem sua fé. A fé, irmãos, não pode ficar escondida. Ela precisa ser proclamada, vivida, exercitada.
A resposta dos cegos é simples e poderosa: “Sim, Senhor”. Não há hesitação, não há condição. É um “sim” cheio de confiança, um “sim” que abre as portas para o milagre.
Quantas vezes, diante das dificuldades, Jesus nos faz a mesma pergunta? “Você acredita que Eu posso cuidar disso? Que posso curar essa ferida, transformar essa situação, dar sentido ao que parece perdido?” E qual tem sido a nossa resposta?
Ah, irmãos, que frase incrível! Jesus não diz “faça-se conforme a minha vontade” ou “conforme meu poder” – e Ele podia muito bem dizer isso. Mas Ele escolhe dizer: “faça-se conforme a vossa fé”. É como se Ele colocasse nas mãos daqueles cegos a medida do milagre. A cura não vem só do poder de Jesus, mas também da confiança deles.
Isso nos ensina que a fé é mais do que acreditar; é uma ponte entre o humano e o divino. É por meio dela que Deus age em nossa vida. E quanto maior a ponte, mais abundantemente Sua graça pode fluir. Como está a nossa fé hoje? É uma ponte firme ou apenas um fio frágil?
“E os olhos deles se abriram”
Imaginem o momento! De repente, luz, formas, cores, rostos. Aqueles homens que viviam na escuridão agora enxergam. Mas o maior milagre não foi apenas abrir os olhos físicos – foi abrir os olhos da alma. Porque, antes mesmo de enxergar o mundo ao seu redor, eles já enxergavam quem era Jesus. A verdadeira visão sempre começa pela fé.
E então Jesus lhes dá uma ordem: “Tomai cuidado para que ninguém fique sabendo”. Por quê? Porque Ele sabia que as pessoas ainda buscavam sinais e milagres mais do que a verdade do Reino de Deus. Mas, irmãos, aqueles cegos não conseguiram guardar silêncio. Como conter tamanha alegria? Como esconder uma graça tão transformadora?
O Convite de Hoje
Irmãos e irmãs, hoje somos convidados a nos colocar no lugar desses dois cegos. Talvez não estejamos cegos fisicamente, mas quantas vezes caminhamos no escuro da dúvida, do medo, da desconfiança? Quantas vezes gritamos por ajuda, mas nossa fé é pequena, hesitante?
Jesus continua a nos perguntar: “Você acredita que Eu posso fazer isso?” O que quer que seja o “isso” em sua vida – um problema familiar, uma dor antiga, uma busca por sentido – Ele quer saber: “Você acredita?”.
E lembrem-se: o milagre não é proporcional ao tamanho do problema, mas ao tamanho da fé. Não precisamos ter uma fé perfeita, mas uma fé sincera, viva, como a daqueles cegos que, mesmo na escuridão, reconheceram a luz.
Hoje, deixemos que Cristo toque nossos olhos, nossas almas, e digamos com confiança: “Sim, Senhor, nós acreditamos”. E que Ele nos diga também: “Faça-se conforme a vossa fé”. Amém.