Homilia diária — Liturgia católica — 5ª-feira, 05/12/24

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A casa sobre a rocha – Homilia diária — Liturgia católica — 5ª-feira, 05/12/24

Homilia diária — 5ª-feira, 05/12/24

Hoje o Evangelho nos traz um convite direto e desafiador: não basta dizer “Senhor, Senhor”. Não basta palavras bonitas, gestos vazios ou práticas superficiais. Jesus, com sua clareza divina, nos ensina que o que importa de verdade é fazer a vontade do Pai. Ouvir e agir. Crer e praticar.

E para explicar isso, Ele nos dá uma imagem poderosa, simples e eterna: a casa construída sobre a rocha e a casa erguida sobre a areia. Vamos explorar essa lição tão rica que fala ao nosso coração e à nossa vida.

O que é construir sobre a rocha? É mais do que seguir mandamentos. É mais do que vir à igreja. Construir sobre a rocha é enraizar nossa vida na Palavra de Deus, de forma que cada decisão, cada ação, cada pensamento seja guiado pela vontade do Pai. Não é fácil, irmãos. Dá trabalho, exige esforço, paciência e, muitas vezes, renúncia.

A rocha é firme, mas não é moldável ao nosso jeito. Para construir nela, precisamos nos ajustar a ela, não o contrário. É aceitar que o evangelho de Cristo nos desafia a amar quando é difícil, a perdoar quando parece impossível, a ser luz quando o mundo está envolto em trevas.

E qual o resultado? Quando as tempestades da vida chegam – porque elas sempre chegam – a casa não cai. Isso não quer dizer que não sentiremos o vento, que não ouviremos os trovões ou que não veremos as enchentes. Mas significa que, mesmo na dificuldade, permaneceremos de pé, porque nossa base é sólida.

Por outro lado, Jesus fala de uma construção sobre a areia. Que imagem triste e real! A areia é fácil, macia, moldável. É o jeito do “mais ou menos”, do “depois eu faço”, do “Deus entende”. Construir sobre a areia é ouvir a Palavra de Deus, mas não deixar que ela mude a nossa vida. É ter uma fé que serve só de enfeite, mas não de sustentação.

E então vem a chuva. Vem o vento. Vem a enchente. São as crises, os medos, os problemas do dia a dia. E, quando a casa cai, a ruína é completa. Não porque Deus abandonou, mas porque a escolha foi um alicerce frágil.

Irmãos, isso não é um castigo, mas uma consequência. Jesus nos avisa, como um pai amoroso: “Cuidado com a areia!” Ele não quer ver nossa casa em ruínas. Ele quer que vivamos em segurança, na firmeza de Sua Palavra.

As Tempestades da Vida


Notem, irmãos, que tanto a casa na rocha quanto a casa na areia enfrentam a tempestade. Jesus não promete uma vida sem desafios. Ele não diz que o céu estará sempre azul ou que os ventos nunca virão. Ele promete, sim, que quem constrói sobre a rocha terá força para resistir.

Quantos de nós já enfrentamos ventos fortes? Um diagnóstico difícil, uma perda inesperada, uma traição, uma porta fechada. Nesses momentos, o que nos sustenta? Se estamos firmes na fé, podemos até balançar, mas não cairemos. Se estamos na areia, no entanto, tudo desmorona.

Por fim, irmãos, o Evangelho nos chama à ação. Não basta ouvir, não basta admirar Jesus e suas palavras. É preciso pô-las em prática. É preciso que a nossa fé seja visível em como tratamos os outros, em como lidamos com nossas responsabilidades, em como vivemos o dia a dia.

Ser cristão não é só um título; é um estilo de vida. Jesus não quer fãs; Ele quer discípulos. Discípulos que escutam Sua voz e vivem o que Ele ensina.

E agora? Onde estamos construindo nossas casas? Sobre a rocha ou sobre a areia? Essa é uma pergunta que cada um de nós precisa responder no silêncio do coração. Talvez você perceba que está misturando os dois terrenos. Talvez você sinta que precisa reforçar o alicerce. Tudo bem, ainda há tempo! A Palavra de Deus é uma rocha acessível a todos nós. Hoje é o dia de começar ou recomeçar.

Lembrem-se: construir sobre a rocha é confiar em Deus e viver segundo Sua vontade, mesmo quando é difícil. A rocha não é só para tempos de calmaria; ela é a garantia de que, mesmo nas tempestades, não estaremos sozinhos.

Que possamos, juntos, escolher o caminho da rocha. Que nossa fé seja mais do que palavras, mas uma construção sólida, que resista ao tempo e às tempestades. Assim, no dia do juízo, ouviremos do Senhor não só o chamado pelo nome, mas também: “Vinde, benditos de meu Pai, para o Reino que vos foi preparado desde a criação do mundo.” Amém.