O Banquete da Compaixão – Homilia diária — Liturgia católica — 4ª-feira, 04/12/24
Homilia diária — 4ª-feira, 04/12/24
Hoje o Evangelho nos leva à beira do Mar da Galileia. O cenário é uma montanha simples, mas ali, na simplicidade, algo extraordinário acontece. Jesus, o Filho de Deus, senta-se. Não está agitado, não está apressado. Ele senta-se como quem espera, como quem acolhe. E o que acontece? As multidões o buscam. Não são multidões comuns. São multidões feridas: coxos, aleijados, cegos, mudos, carregando suas dores, suas feridas, suas esperanças. E o que fazem? Colocam tudo isso aos pés de Jesus.
E o que Jesus faz? Ele os cura.
Ah, irmãos, que cena poderosa! Cada palavra deste trecho está carregada de simbolismo. Olhemos com atenção. Ao “subir a montanha”, Jesus nos aponta algo maior: não é só uma elevação física, mas uma elevação espiritual. Ele nos chama a subir com Ele, a deixar para trás o peso das nossas limitações e a nos aproximarmos de sua presença, onde a verdadeira cura acontece.
A Ccompaixão que transforma
Mas o Evangelho não para por aí. Depois de curar, Jesus percebe algo mais profundo: a fome daquela gente. Não só a fome do corpo, mas a fome de sentido, a fome de Deus. Ele diz: “Tenho compaixão da multidão”. Compadecer-se não é apenas sentir pena; é sofrer junto. Jesus sente a dor daquelas pessoas como se fosse sua. E Ele age! Não manda ninguém embora. Ele cuida, provê, alimenta.
Vejam, irmãos, os discípulos não enxergam a solução. “Onde vamos buscar pães neste deserto?”, perguntam. Que ironia! Estavam diante do próprio Pão da Vida e ainda assim duvidaram. Somos muitas vezes assim, não é? Enfrentamos desertos na vida – problemas no trabalho, conflitos familiares, desafios pessoais – e logo pensamos: “Não tem jeito”. Mas Jesus nos ensina que, nas mãos Dele, até o pouco se multiplica.
Sete pães e alguns peixinhos
Ah, os números! Não pensem que é acaso. Sete pães. O número sete, na Bíblia, simboliza plenitude, perfeição. Jesus pega o pouco que temos – sete pães e alguns peixinhos – e transforma em abundância. Não só todos comeram e ficaram satisfeitos, mas ainda sobraram sete cestos! Irmãos, isso é um sinal! Em Cristo, a graça nunca falta, nunca é limitada. Quando confiamos, quando colocamos nas mãos Dele o nosso pouco, Ele nos devolve em superabundância.
E os peixinhos? Simples, pequenos, mas não insignificantes. Eles nos lembram que nada é tão pequeno que Deus não possa usar para grandes propósitos. Sua fé pode ser pequena como um grão de mostarda, mas nas mãos de Jesus, ela pode mover montanhas.
O chamado a sentar-se
Jesus manda a multidão sentar-se. Não é apenas um gesto prático. É um convite à confiança. Sentar-se é esperar, é descansar no Senhor. É o oposto de correr de um lado para o outro, ansiosos, tentando resolver tudo com nossas forças. Quantas vezes estamos assim, inquietos, sem dar espaço para que Deus nos alimente?
Ao sentar-se, a multidão testemunhou o milagre. Eles comeram, ficaram satisfeitos, e glorificaram o Deus de Israel. Irmãos, este é o nosso chamado hoje: sentar-se, colocar nossas dores e necessidades aos pés de Jesus, e permitir que Ele nos alimente com Sua Palavra, com Sua presença, com Sua Eucaristia.
A lição da multiplicação
O Evangelho de hoje nos desafia a olhar para além do material. O milagre não é só sobre pão e peixe; é sobre como Deus trabalha na nossa escassez. É sobre compaixão, entrega e fé. Jesus não só nos cura fisicamente, mas nos chama a experimentar a plenitude espiritual. Ele nos lembra que o Reino de Deus é para todos – os quebrados, os famintos, os esquecidos.
Então, irmãos, o que temos a oferecer? Talvez seja pouco. Talvez seja apenas cansaço, dúvidas ou pequenos atos de amor. Mas, colocados nas mãos de Jesus, tudo isso pode transformar vidas. Ele é o Pão da Vida, que não apenas sacia nossa fome, mas nos dá a força para continuar, mesmo no deserto.
Hoje, quando sairmos daqui, lembremos disso: nas mãos de Jesus, o pouco se torna muito, e o deserto floresce. Coloquemos nossa confiança Nele, sentemos à Sua mesa, e deixemos que Ele nos alimente com Sua graça. Amém.