Felizes os olhos que veem o que vós vedes – Homilia diária — Liturgia católica — 3ª-feira, 03/12/24
Homilia diária — 3ª-feira, 03/12/24
O Evangelho de hoje nos apresenta um momento de profunda exultação de Jesus. Ele louva o Pai com gratidão, proclamando o mistério do Reino revelado aos pequeninos, e exorta seus discípulos a reconhecerem a grande bênção de ver e ouvir aquilo que tantos profetas e reis desejaram.
Este texto nos convida a refletir sobre três grandes temas: a revelação divina aos pequenos, a intimidade entre o Pai e o Filho, e a felicidade de testemunhar a ação de Deus em nossa vida.
Escondeste essas coisas aos sábios e inteligentes, e as revelaste aos pequeninos
Jesus louva o Pai porque o mistério do Reino não é revelado aos que confiam em sua própria sabedoria ou poder, mas aos pequenos, aos humildes de coração. Isso não significa que Deus rejeita o conhecimento ou a inteligência, mas que a verdadeira compreensão do Reino de Deus exige uma postura de humildade, abertura e dependência de Deus.
Os “pequeninos” são aqueles que sabem que precisam de Deus. Eles não se apoiam em seu próprio entendimento, mas acolhem a revelação com simplicidade e fé. Assim como uma criança confia plenamente em seus pais, também somos chamados a confiar no Pai, reconhecendo que tudo o que temos e sabemos vem d’Ele.
Essa é uma lição para todos nós. Em um mundo que valoriza tanto o poder e a intelectualidade, Jesus nos lembra que o caminho para o Reino não é a soberba, mas a humildade.
Tudo me foi entregue pelo meu Pai
Jesus proclama a profunda comunhão que existe entre Ele e o Pai. O Filho conhece o Pai de maneira perfeita, e só Ele pode revelar o Pai a quem quiser. Essa declaração nos mostra que Jesus é o caminho para Deus. Não há outra forma de conhecer o Pai senão por meio do Filho.
Essa intimidade entre o Pai e o Filho é uma fonte de esperança para nós. Significa que, em Jesus, temos acesso direto ao coração do Pai. Não somos deixados sozinhos para buscar Deus em meio à escuridão. Jesus nos revela quem é Deus: um Pai amoroso, compassivo, próximo.
Nossa tarefa, então, é nos aproximarmos de Jesus, ouvirmos Suas palavras, seguirmos Seus passos. Quanto mais próximos estivermos do Filho, mais conheceremos o Pai e experimentaremos o Seu amor.
Felizes os olhos que veem o que vós vedes
Jesus se volta para os discípulos e diz: “Felizes os olhos que veem o que vós vedes.” Ele os lembra do privilégio imenso que têm de estar na presença do Messias, de ouvir Suas palavras e testemunhar Suas obras. Muitos profetas e reis, grandes figuras da história de Israel, desejaram ver o que os discípulos viam, mas não tiveram essa oportunidade.
Essa felicidade não é exclusiva dos discípulos que estavam com Jesus naquele tempo. Também é para nós, que vivemos após Sua ressurreição. Somos felizes porque, através das Escrituras, dos sacramentos e da Igreja, temos acesso a Jesus. Vemos e ouvimos o que transforma nossas vidas: a mensagem do Evangelho, o chamado à salvação, e o amor infinito de Deus.
O desafio, porém, é não nos tornarmos insensíveis a esse privilégio. Muitas vezes, estamos tão acostumados com as coisas sagradas que deixamos de perceber sua profundidade. Este Evangelho nos convida a renovar nosso olhar, a enxergar Jesus com olhos de gratidão e alegria.
Viver como pequenos, confiar como filhos
Meus irmãos e irmãs, este Evangelho é um convite a louvarmos a Deus como Jesus fez, reconhecendo que Ele se revela aos humildes e nos chama a viver como filhos confiantes. Somos felizes porque temos a oportunidade de ver e ouvir o que transforma a história: Jesus Cristo, o Filho amado do Pai.
Que possamos viver como os “pequeninos” do Reino, com corações abertos, humildes e agradecidos. E que, ao nos aproximarmos de Jesus, possamos conhecer cada vez mais o amor do Pai e testemunhá-Lo com alegria em nossa vida. Amém!