Homilia diária — Lc 9,51-56 — Missa de 3ª-feira, 30/09/25

Homilia diária — Lc 9,51-56 — Missa de 3ª-feira, 30/09/25

Homilia diária — Lc 9,51-56Missa de 3ª-feira, 30/09/25

Irmãos e irmãs, quando lemos que “Ele tomou a firme decisão de partir para Jerusalém”, encostamo-nos a um momento decisivo da vida do Senhor: ali começa a marcha que concentra em si o mistério pascal, o caminho em que a obediência filial assume o rosto da cruz e da vitória.

Jerusalém é o lugar onde a redenção se realiza; por isso, a decisão de Jesus nos ensina que seguir o Senhor envolve uma vontade ponderada, uma entrega consciente que aceita o risco da fidelidade.

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Calvário

Além disso, esse caminhar de Cristo nos mostra que a missão não é aventura impensada, mas determinação tomada na oração. Jesus não vai a Jerusalém por impulso popular, nem por cálculo humano; ele parte com a serenidade de quem conhece o desígnio do Pai. Por isso aprendemos que as grandes decisões cristãs nascem do colo da intimidade com Deus: quem ora e contempla vê com olhos capazes de suportar a provação e dá passos que não cedem à inconstância.

Contudo, a narrativa não permanece ideal: o caminho inclui oposição e incompreensão, como quando os samaritanos recusaram acolhida e os discípulos desejaram chamada de fogo contra eles.

A rejeição que Cristo experimenta no caminho antecipa as hostilidades maiores que conduzirão ao Calvário. Logo, a decisão firme de Jesus implica também em aceitar o sim-nascente da missão e o não do mundo, ambos meios com que Deus purifica e escolhe o seu povo.

Ainda mais, diante da violência proposta pelos discípulos, Jesus recusa a lógica do poder bruto. Ele reprova a impaciência vingativa e mostra que o Reino se estabelece pela misericórdia e não pela força.

Assim, a firme decisão de ir a Jerusalém inclui uma ética do amor que vencerá a hostilidade sem recorrer a instrumentos de destruição, porque a vitória de Deus transpõe-se na obediência sacrificial e não no ímpeto dominador.

Consequências

Consequentemente, este texto nos confronta com o tema do custo. Tomar uma decisão por Cristo exige calcular o custo, porém também exige coragem para aceitá-lo. Não se trata de temer as consequências, mas de saber que a liberdade cristã se prova justamente quando escolhemos a fidelidade apesar do preço.

A vida de Jesus nos assegura que sacrificar não anula a esperança; ao contrário, abre-nos a dimensão da ressurreição que transforma toda entrega.

Por outro lado, a marcha para Jerusalém ensina sobre missão comunitária. Jesus convoca e caminha com os seus; ele forma um povo que aprende a seguir e a carregar. Isto nos diz que as vocações não se vivem em solidão doentia, mas na comunhão que sustenta as fraquezas e reparte os fardos. Portanto, quando tivermos de decidir por Cristo, busquemos a Igreja que ora, aconselha e confirma, porque a fidelidade pessoal precisa da força do corpo eclesial.

Firme decisão

Em termos práticos, que comportamentos o Senhor nos pede hoje? Primeiramente, cultivar um tempo habitual de oração para que as escolhas importantes saiam do coração conformado com a vontade do Pai. Em seguida, aceitar a lógica pascal: acolher a rejeição sem retribuir violência, praticar a mansidão que desmonta o orgulho e transformar contrariedades em ocasião de serviço. Finalmente, assumir compromissos concretos, deixar o que nos prende quando isso impede o seguimento e cuidar para que nossa decisão gere frutos de caridade e fé.

Por fim, lembremo-nos de que a firme decisão de Cristo culmina na consumação pascal. Se Ele caminhou para Jerusalém sabendo o que o esperava, é porque na cruz e na ressurreição reside o sentido último de cada renúncia e de todo sofrimento. Portanto, corações amedrontados: não retrocedam. Tomai hoje, com oração e coragem, a mesma decisão de Cristo, para que, caminhando com Ele, possais descobrir que toda entrega por amor encontra, no final, o abraço do Pai. Amém.