Homilia diária — Lc 11,5-13 — Missa de 5ª-feira, 09/10/25

Homilia diária — Lc 11,5-13 — Missa de 5ª-feira, 09/10/25

Homilia diária — Lc 11,5-13Missa de 5ª-feira, 09/10/25

Há palavras de Jesus que são tão diretas que até nos espantam. “Pedi e recebereis; buscai e achareis; batei e vos será aberto.” É simples, é claro, é forte. Mas, se formos sinceros, às vezes essa promessa nos inquieta. Afinal, quantas vezes pedimos… e parece que nada acontece? Quantas portas batemos… e continuam fechadas?

Mas Jesus não está falando de pedir qualquer coisa. Ele está ensinando um modo de pedir, um jeito de viver diante de Deus. Ele fala de uma confiança que não se cansa, de uma esperança que não desiste.

O Evangelho de hoje começa com a parábola do amigo importuno, aquele que, no meio da noite, vai bater à porta do vizinho pedindo pão. E o que acontece? Mesmo que o outro não queira se levantar, acaba atendendo, não por amizade, mas pela insistência.

Veja, Jesus não está incentivando a teimosia infantil, mas uma fé perseverante, uma fé que não se envergonha de pedir. O cristão não é aquele que pede uma vez e cruza os braços. É aquele que bate com o coração aberto, acreditando que Deus ouve, ainda que o silêncio demore.

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A demora

E por que Deus às vezes parece demorar? Porque Ele é Pai. E todo pai amoroso sabe o que o filho realmente precisa. Às vezes, Ele adia o dom para amadurecer o desejo. Ele quer que aprendamos a desejar o que é certo. Se Deus nos desse tudo de imediato, talvez nos perderíamos nas bênçãos e esqueceríamos o Doador.

Por isso, Jesus diz: “Qual o pai que, se o filho pedir um peixe, lhe dará uma cobra? Ou se pedir um ovo, lhe dará um escorpião?” É uma imagem tão humana, tão próxima. Ele está dizendo: “Se vocês, que são limitados, sabem dar coisas boas aos filhos, quanto mais o Pai do céu dará o Espírito Santo àqueles que o pedirem!”

Aqui está o segredo. O que o Pai quer nos dar, acima de tudo, é o Espírito Santo. Esse é o verdadeiro dom. É Ele quem nos dá sabedoria para discernir, paciência para esperar, coragem para lutar e paz para aceitar. O Espírito é o presente que traz todos os outros presentes dentro dele.

Senhor, dá-me o Teu Espírito

Mas perceba: Jesus não diz “pedi e recebereis exatamente o que quiserdes”. Ele diz apenas “pedi e recebereis”. Recebereis o que for bom, o que for necessário, o que for salvação. Deus não dá o que pedimos, dá o que precisamos. E o que Ele sempre nos dá é Ele mesmo.

Por isso, quando você rezar, não tenha receio de insistir. Não se envergonhe de repetir. Deus não se irrita com sua voz, Ele se alegra com sua confiança. Rezar é bater, é buscar, é esperar, mas também é deixar-se encontrar. É permanecer diante d’Aquele que sabe o que você precisa antes mesmo que peça, e ainda assim quer ouvir a sua voz.

Então, talvez a oração mais profunda seja essa: “Senhor, dá-me o Teu Espírito.” Porque, quando o Espírito habita em nós, tudo o mais se encaixa. Mesmo as perdas ganham sentido, mesmo as dores encontram paz.

Pedir é confiar

Não pare de pedir. Mas peça o que realmente importa. E quando a resposta não vier como esperava, lembre-se: talvez Deus já tenha te respondido, não com o que você pediu, mas com o que você precisa para ser salvo.

Pedir é confiar. Receber é reconhecer. E o maior milagre da oração não é conseguir algo de Deus, mas tornar-se alguém em Deus.

Amém.