Homilia diária — Lc 11,15-26 — Missa de 6ª-feira, 10/10/25

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Homilia diária — Lc 11,15-26 — Missa de 6ª-feira, 10/10/25

O Evangelho de hoje nos coloca diante de um confronto silencioso, mas decisivo: o embate entre o Reino de Deus e o reino das trevas. Jesus foi acusado de expulsar demônios utilizando o poder do próprio demônio. É uma acusação absurda, mas reveladora, mostra como o coração humano pode se fechar diante do bem por medo de perder o controle. E, com firmeza e serenidade, Jesus responde: “Se é pela mão de Deus que eu expulso os demônios, então chegou para vós o Reino de Deus.”

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O Reino já começou

Que palavra poderosa! Ele está dizendo: “O Reino não é promessa futura, é presença viva. Está aqui, diante de vocês, acontecendo agora.” Cada cura, cada libertação, cada perdão oferecido é o sinal de que Deus já começou a reinar. O mundo já não se submete ao mal, e as almas já não se entregam ao pecado. O Reino já começou, discretamente, mas com força.

Jesus, portanto, não age em nome de outro; ao contrário, manifesta a própria autoridade divina. Além disso, a “mão de Deus” representa a força criadora e libertadora que atua desde o princípio da história. Hoje, essa mesma mão alcança a humanidade por meio de Cristo. Assim, Ele se revela como o braço estendido do Pai em meio às trevas.

Mas há um detalhe: o Reino de Deus não se impõe. Ele se oferece. O demônio é quem invade, oprime, destrói. Deus se aproxima, bate à porta do coração e aguarda com ternura que o acolham. E quando o coração humano resiste, cria-se um vazio perigoso — um espaço onde o mal tenta retornar. Por isso Jesus alerta: “Quando o espírito mau sai de um homem, vaga por lugares áridos procurando repouso… e voltando, encontra a casa varrida e arrumada.”

Presença concreta

O que Ele quer dizer? Que a libertação não é o fim do caminho, é o começo. É preciso preencher o coração com o bem, senão o mal volta. O demônio não teme o vazio, ele o procura. Onde falta fé, ele semeia dúvida, e onde falta perdão, ele espalha rancor. E, finalmente, onde falta oração, ele planta orgulho. Não basta afastar o mal: é preciso permitir que Deus habite em nós.

E aqui está a grande lição espiritual: não existe neutralidade na vida espiritual. Ou o Reino de Deus cresce em nós, ou outro reino toma lugar. Quem não se alimenta da Palavra enfraquece, e se não se confessa, endurece. Do mesmo modo, quem não reza, desarma-se. A alma, quando deixa de ser morada de Deus, se torna campo aberto para o inimigo.

Por isso, Jesus nos convida hoje a uma escolha clara: queremos ser casa vazia ou casa habitada pelo Espírito? O Reino de Deus não é uma ideia bonita, é uma presença concreta que exige espaço, decisão, entrega. Quando deixamos o Senhor agir, Ele expulsa os demônios do medo, da inveja, da impureza, da violência, e transforma o coração num santuário.

Cristo é mais forte

Meus irmãos, é fácil ver o mal lá fora. Difícil é reconhecê-lo em nós, nas palavras que ferem, nos pensamentos que corrompem, nos hábitos que afastam da graça. Mas não tenhamos receio. Cristo é mais forte. Ele não vem para humilhar, mas para libertar.

Hoje, Ele repete a cada um de nós: “Se é pela mão de Deus que eu expulso os demônios, então chegou para ti o Reino de Deus.” Não amanhã, não depois, mas agora. O Reino começa quando deixamos Deus entrar.

Então, deixemos que Ele limpe a casa. E, uma vez limpa, que a encha com o Espírito Santo, para que nunca mais sejamos morada do medo, mas templo da presença viva de Deus.

Amém.