Queridos irmãos e irmãs, a porta estreita está aberta agora, mas exige que tomemos decisões concretas. Homilia diária — Evangelho de hoje — 4ª-feira, 30/10/24
Homilia diária — Evangelho de hoje — 4ª-feira, 30/10/24
O Evangelho que acabamos de ouvir nos coloca diante de uma das questões mais inquietantes da nossa fé: “Senhor, é verdade que são poucos os que se salvam?” A resposta de Jesus não é um número, mas um apelo: “Fazei todo esforço possível para entrar pela porta estreita.” Aqui, Cristo nos revela algo profundo sobre a salvação e a natureza do Reino de Deus.
A Porta Estreita: Um Caminho de Renúncia e Conversão
A porta estreita simboliza o caminho exigente do discipulado. Seguir Jesus é um chamado à conversão contínua. A porta estreita não é apenas uma metáfora; ela representa o desafio de renunciar ao egoísmo, ao orgulho e às comodidades deste mundo. Passar por essa porta requer esforço, pois o caminho do Reino vai na contramão do que o mundo valoriza.
Esse esforço não é uma simples força de vontade humana, mas uma abertura à graça de Deus. A porta estreita nos lembra que não basta apenas dizer que conhecemos a Deus; é preciso viver de acordo com a sua Palavra. A verdadeira fé exige mais do que rituais externos; ela transforma o coração e molda nossas escolhas diárias.
A Urgência da Conversão: A Porta se Fecha
Jesus nos adverte com seriedade: “Uma vez que o dono da casa fechar a porta, vós, do lado de fora, começareis a bater.” Essa imagem nos lembra da urgência da conversão. Não podemos adiar o momento de abraçar a vida de fé. A salvação é uma graça oferecida gratuitamente, mas exige uma resposta nossa. Não sabemos quando o tempo da porta aberta se encerrará; por isso, precisamos estar prontos, hoje e agora.
Quantas vezes pensamos que haverá tempo no futuro para mudar de vida? Como os personagens da parábola, podemos nos enganar, achando que o simples contato externo com Jesus, como frequentar rituais ou ouvir suas palavras, será suficiente. Mas o Senhor nos adverte: “Não sei de onde sois.” O que importa é viver a justiça e a misericórdia aqui e agora, não apenas aparentar religiosidade.
Choro e Ranger de Dentes: O Perigo da Injustiça
Jesus fala de um cenário assustador: “Ali haverá choro e ranger de dentes.” Essa expressão nos faz refletir sobre as consequências de uma vida distante da vontade de Deus. O choro é símbolo de arrependimento tardio, e o ranger de dentes expressa frustração e angústia. Essas imagens nos alertam: a justiça de Deus não é indiferente ao modo como vivemos.
Aqueles que, mesmo ouvindo a Palavra, escolhem a injustiça serão lançados para fora do Reino. Não é o contato externo com a religião que salva, mas uma vida transformada pela fé e pelo amor. Assim, cada escolha que fazemos é um tijolo na construção do nosso destino eterno. A justiça do Reino não é negociável; ela requer coerência entre o que cremos e o que fazemos.
O Convite Universal: Todos Têm Lugar à Mesa
No entanto, há também uma mensagem de esperança e inclusão neste Evangelho. Jesus afirma: “Virão homens do oriente e do ocidente, do norte e do sul, e tomarão lugar à mesa no Reino de Deus.” Isso significa que a salvação não é restrita a um grupo específico. Deus convida todos para o seu Reino. Não importa a origem, raça ou condição social; o que importa é a abertura do coração ao amor e à justiça de Deus.
Aqui, o Senhor nos desafia a quebrar as barreiras que dividem e excluem. No Reino de Deus, os últimos podem se tornar os primeiros e os primeiros, os últimos. Isso nos lembra que não devemos nos orgulhar da posição que ocupamos hoje. A verdadeira grandeza é viver de forma humilde e aberta à transformação, sempre buscando a vontade de Deus.
Conclusão: A Escolha Está Diante de Nós
Queridos irmãos e irmãs, a porta estreita está aberta agora, mas exige que tomemos decisões concretas. Como estamos vivendo nossa fé? Estamos cultivando uma vida de justiça e amor, ou apenas cumprindo rituais externos? A verdadeira salvação não é automática; é fruto de uma caminhada diária com Cristo, marcada pelo amor, serviço e renúncia.
Hoje é o dia de atravessar essa porta. Não adiemos a decisão. Deus nos chama a entrar pela porta estreita e a viver o Evangelho com coragem. Lembremos que, ao final, não haverá meio-termo. Estaremos dentro ou fora do Reino, de acordo com a nossa resposta ao chamado de Deus.
Que possamos, com confiança e humildade, aceitar o convite de Jesus e caminhar firmes em direção ao Reino. Ele nos espera com braços abertos, prontos para nos acolher em sua mesa eterna. Amém.