Hoje, o Evangelho nos faz pensar: quantas desculpas temos dado? Quantas vezes deixamos Deus esperando? – Homilia diária — Evangelho de hoje — 3ª-feira, 05/11/24
Homilia diária — Evangelho de hoje — 3ª-feira, 05/11/24
Queridos irmãos e irmãs, hoje o Evangelho nos traz uma parábola provocante, onde Jesus nos fala de um banquete e de convidados que, surpreendentemente, recusam o convite. É uma história simples, mas cheia de significados. Por trás desse banquete, dessa festa tão bem preparada, está o próprio Reino de Deus, um convite à vida verdadeira, à comunhão com o Pai. E, como vemos, nem todos estão dispostos a aceitar.
Tudo começa com uma declaração empolgada: “Feliz aquele que come o pão no Reino de Deus!” Esse homem à mesa de Jesus faz uma afirmação que parece tão segura, tão convicta. Mas Jesus, em sua resposta, nos mostra que essa felicidade no Reino não é uma garantia automática, porque depende da nossa decisão, da nossa abertura ao convite que Deus nos faz. E aí, então, ele conta a parábola.
Um homem prepara um grande banquete. E ele não quer fazer isso sozinho; ele quer partilhar a alegria, quer ver a mesa cheia de amigos, de alegria e de vida. Então, manda chamar os convidados, e o convite é claro: “Vinde, pois tudo está pronto.” É como se dissesse: Venham! Vocês não precisam trazer nada, apenas a si mesmos. Mas, para nossa surpresa, um a um, os convidados começam a recusar.
O primeiro diz: “Comprei um campo e preciso ir vê-lo.” Ora, irmãos, será que o campo não poderia esperar? Que urgência é essa que impede alguém de participar de uma festa tão especial? O campo representa nossos bens, as nossas posses, as coisas que, muitas vezes, colocamos à frente de Deus. E, no fundo, é um aviso para todos nós: cuidado para que as preocupações com o que temos não nos façam esquecer do que somos chamados a viver.
O segundo diz: “Comprei cinco juntas de bois e vou experimentá-las.” Aqui, temos o trabalho, as responsabilidades, os compromissos que assumimos e que, embora importantes, podem nos distrair do essencial. Quantas vezes nos ocupamos tanto com o trabalho, com os compromissos do dia a dia, que deixamos o convite de Deus de lado? Não é que o trabalho seja algo ruim, mas será que ele merece ocupar o primeiro lugar?
E o terceiro responde: “Acabo de me casar e, por isso, não posso ir.” Mais uma vez, uma desculpa que coloca os laços e os afetos em primeiro lugar. Novamente, nada de errado em valorizar o casamento, a família. Mas Jesus nos lembra que nem mesmo os laços mais profundos devem nos afastar de Deus, pois é nele que encontramos o verdadeiro amor que sustenta todos os outros.
A parábola continua, e o dono da casa, ao saber das desculpas, fica indignado. Ele queria partilhar alegria e receber aqueles que chamou, mas eles recusaram. E então, toma uma decisão surpreendente: “Sai depressa pelas praças e ruas da cidade. Traze para cá os pobres, os aleijados, os cegos e os coxos.” O banquete que foi preparado para alguns agora é oferecido a todos, especialmente aos que, aos olhos do mundo, nada têm a oferecer. E o empregado ainda responde que há mais lugar. Então, o dono ordena que vá aos caminhos, aos atalhos e traga todos para que sua casa fique cheia.
Essa abertura do convite é uma mensagem de esperança, meus irmãos. Deus não nos escolhe pelos méritos, pelas posses, pelo status. Ele chama aqueles que se abrem, que aceitam o convite sem desculpas, que vêm de coração humilde. Os pobres, os doentes, os esquecidos, aqueles que o mundo ignora — esses são chamados a ocupar os lugares de honra no banquete de Deus.
Mas a parábola termina com uma frase dura: “Nenhum daqueles que foram convidados provará do meu banquete.” Aqui, Jesus nos alerta que, se deixarmos o convite de Deus para amanhã, corremos o risco de não ter mais a chance de entrar no banquete. Ele nos chama agora, porque a vida verdadeira começa quando aceitamos estar em comunhão com Ele.
Hoje, o Evangelho nos faz pensar: quantas desculpas temos dado? Quantas vezes deixamos Deus esperando? Que não sejamos como aqueles que perderam o banquete por estarem distraídos com outras coisas. Que possamos ouvir o chamado do Senhor e responder com alegria, deixando de lado tudo aquilo que nos afasta de Sua presença. Porque, no final, o que vale é estar no banquete da vida eterna, com Deus. Amém.