Homilia diária da liturgia católica — Sábado, 28/12/24

Este Evangelho nos lembra que o Deus que vem a nós em Jesus não é indiferente ao nosso sofrimento – Homilia diária da liturgia católica — Sábado, 28/12/24

Homilia

Queridos irmãos e irmãs, o Evangelho que acabamos de ouvir nos conduz a um dos momentos mais dramáticos da história da Sagrada Família. Após a visita dos magos, que reconheceram em Jesus o Salvador, surge a sombra da perseguição e do sofrimento. O pequeno menino, frágil e indefeso, se torna alvo do ódio e da violência de Herodes, o rei que, temendo perder seu poder, transforma sua inveja em crueldade. Este relato nos convida a refletir sobre o cuidado providencial de Deus, o sacrifício de José e Maria, e o mistério do sofrimento inocente.

Logo após a partida dos magos, o anjo do Senhor aparece em sonho a José, alertando-o: “Levanta-te, pega o menino e sua mãe e foge para o Egito!”. Notem, irmãos, como Deus age com precisão e cuidado. Ele não elimina imediatamente a ameaça de Herodes, mas orienta José a proteger Jesus e Maria por meio da fuga. Aqui, vemos a delicadeza de Deus, que respeita a liberdade humana, mesmo diante do mal, mas nunca abandona os Seus. Ele guia, protege e sustenta.

José, mais uma vez, dá testemunho de sua fé e prontidão. Ele não questiona, não hesita, não adia. No meio da noite, levanta-se, pega o menino e sua mãe, e parte para o Egito. Este ato de obediência imediata é um exemplo de confiança total em Deus. José não sabe todos os detalhes do plano divino, mas confia plenamente naquele que o chama.

O Egito: refúgio e profecia cumprida


A fuga para o Egito não é apenas uma necessidade prática; ela carrega um significado profundo. O Egito, que foi lugar de escravidão para o povo de Israel, agora se torna refúgio para o Salvador do mundo. E, como o evangelista nos lembra, esta jornada cumpre a profecia: “Do Egito chamei o meu Filho.”

Aqui, vemos como Deus escreve a história com perfeição. Jesus refaz os passos do povo de Israel, que saiu do Egito na grande libertação do Êxodo. Ele é o novo Moisés, que não apenas liberta um povo, mas traz salvação a toda a humanidade.

O massacre dos inocentes


Enquanto a Sagrada Família encontra refúgio no Egito, Belém se transforma em um cenário de tragédia. Herodes, percebendo que foi enganado pelos magos, ordena a morte de todos os meninos de dois anos para baixo. É uma cena de dor e horror: “Ouviu-se um grito em Ramá, choro e grande lamento; é Raquel que chora seus filhos.”

Este massacre, conhecido como a matança dos inocentes, nos confronta com o mistério do sofrimento, especialmente o sofrimento dos inocentes. Por que Deus permite isso? Por que tantas vidas preciosas foram ceifadas por causa do medo e da ganância de um homem? Não há respostas fáceis. Mas este episódio nos aponta para a cruz, onde o próprio Filho de Deus carregará o peso de todo o sofrimento humano. Jesus, que foi perseguido desde o início de Sua vida, torna-se o Salvador que assume a dor de todos os inocentes.

A Sagrada Família nos ensina que seguir a Deus muitas vezes significa enfrentar dificuldades, incertezas e perigos. José e Maria não tiveram uma vida fácil, mas confiaram em Deus a cada passo. Eles nos mostram que a verdadeira santidade não está na ausência de problemas, mas na capacidade de enfrentar os desafios com fé, coragem e obediência.

Emanuel que sofre conosco


Queridos irmãos e irmãs, este Evangelho nos lembra que o Deus que vem a nós em Jesus não é indiferente ao nosso sofrimento. Ele sabe o que é ser perseguido, rejeitado e ameaçado. Ele compartilha nossa dor e nos oferece esperança.

Hoje, somos chamados a olhar para a Sagrada Família como modelo. Que possamos confiar em Deus como José, mesmo quando não entendemos tudo. Que possamos proteger e valorizar a vida como Maria, que cuidou de Jesus com amor incondicional. E que possamos encontrar consolo no Emanuel, o Deus conosco, que transforma nosso sofrimento em caminho de salvação. Amém!