O mistério de Elias e de João Batista no plano de Deus – Homilia diária da liturgia católica — Sábado, 14/12/24
Homilia diária da liturgia católica — Sábado, 14/12/24
Meus queridos irmãos e irmãs, no evangelho de hoje, somos confrontados com uma revelação profunda de Jesus sobre o plano divino, um plano que se desenrola com simplicidade e, ao mesmo tempo, com mistério. Ao descer do monte, os discípulos, ainda maravilhados com a experiência da transfiguração, perguntam a Jesus: “Por que os mestres da Lei dizem que Elias deve vir primeiro?”. Esta pergunta nos leva a uma reflexão sobre a identidade de João Batista e o papel da profecia no cumprimento das promessas de Deus.
A profecia de Malaquias dizia: “Eis que vos enviarei o profeta Elias, antes que venha o grande e terrível dia do Senhor” (Ml 4,5). Para os judeus, Elias era mais do que um profeta; era um símbolo de esperança, de restauração e de reconciliação. Eles esperavam que ele viesse literalmente para preparar o caminho do Messias, restaurando a ordem e trazendo o povo de volta para Deus.
Jesus, no entanto, traz uma nova perspectiva. Ele revela que Elias já veio, mas não foi reconhecido. Os discípulos então entendem que Ele está falando de João Batista. E aqui está a chave: João Batista é o “Elias” que veio, não na forma literal, mas no espírito e na missão.
João Batista: o Elias do Novo Testamento
João Batista cumpriu o papel de Elias ao preparar os corações para a chegada de Jesus. Ele chamou à conversão, denunciou o pecado, e anunciou a proximidade do Reino de Deus. No entanto, como Jesus ressalta, João não foi reconhecido. Ele foi rejeitado, preso e, por fim, morto. A ironia trágica é que o povo, que aguardava ansiosamente por Elias, não enxergou o Elias que já estava entre eles.
E não é assim muitas vezes conosco? Deus age em nossa vida, envia sinais, pessoas, oportunidades, mas nossos olhos permanecem fechados. Estamos esperando algo grandioso e esquecemos que Deus age na simplicidade, naquilo que muitas vezes passa despercebido.
Ao falar do destino de João Batista, Jesus antecipa o Seu próprio. Assim como João foi rejeitado, maltratado e morto, o mesmo acontecerá com o Filho do Homem. O que isso nos ensina? Que a fidelidade ao plano de Deus muitas vezes implica perseguição e sofrimento. Mas Jesus também nos mostra que esse sofrimento não é o fim; é o caminho para a glória.
João Batista viveu sua missão com coragem, mesmo sabendo que seu chamado o levaria à morte. E Jesus, o Cordeiro de Deus, segue o mesmo caminho, abraçando a cruz por amor a nós. Esse paralelo nos desafia a refletir: estamos dispostos a carregar a nossa cruz e a seguir Jesus, mesmo quando isso nos custa?
Reconhecendo a presença de Deus hoje
Irmãos e irmãs, o evangelho de hoje nos chama à vigilância. Elias veio e não foi reconhecido. João Batista foi enviado e foi rejeitado. E Jesus, o próprio Deus entre nós, também enfrentou o desprezo. Será que nós estamos atentos à presença de Deus em nossa vida hoje? Ou será que estamos esperando algo espetacular, enquanto Ele nos fala na simplicidade?
Deus se revela nas pequenas coisas: no rosto de quem sofre, na palavra de encorajamento de um amigo, no silêncio da oração. Cabe a nós abrir os olhos e reconhecer a Sua presença.
Preparando o caminho
Assim como João Batista preparou o caminho para Jesus, somos chamados a preparar o caminho para Sua vinda em nossos corações e no mundo. Isso significa conversão, humildade e disposição para seguir os passos do Mestre, mesmo quando o caminho é difícil.
Que possamos aprender com João Batista a sermos fiéis, mesmo diante da rejeição. Que possamos abrir nossos olhos para reconhecer o Cristo em nosso meio. E que, ao ouvir as palavras de Jesus, nosso coração se encha de esperança: Deus é fiel às Suas promessas, e Seu Reino já está entre nós. Amém!