Ele nos chamou pelo nome no nosso batismo e continua a nos chamar, cada dia, a estar com Ele. Homilia diária da liturgia católica — 6ª-feira, 24/01/25

Homilia

Queridos irmãos e irmãs, o Evangelho de hoje nos apresenta um momento especial no ministério de Jesus: a escolha dos Doze apóstolos. Ele sobe ao monte, um lugar que simboliza o encontro com Deus, e chama aqueles que Ele quis. Esse gesto não é apenas um evento histórico, mas uma mensagem cheia de significado para nós, pois revela a iniciativa divina no chamado e o propósito de nossa vida como discípulos de Cristo.

Essas palavras nos mostram que a escolha de Jesus é totalmente livre. Ele não escolhe os mais capacitados, os mais influentes ou os mais sábios segundo os critérios humanos. Ele chama quem Ele quer. Entre os Doze estão pescadores, um cobrador de impostos, homens simples e até Judas Iscariotes, que depois O trairia.

Essa escolha nos lembra que a vocação é sempre um dom de Deus, uma graça imerecida. Não somos escolhidos por nossos méritos, mas pelo amor e pelo plano de Deus. Isso nos dá esperança, pois significa que todos nós, independentemente de nossas limitações, somos chamados por Cristo a fazer parte de Sua missão.

Antes de enviar os apóstolos a pregar ou a expulsar demônios, Jesus os chama para estarem com Ele. Esse detalhe é essencial. O discipulado começa com a proximidade, com a intimidade com Cristo. Antes de fazer, somos chamados a ser: ser amigos de Jesus, estar na Sua presença, aprender com Ele.

Esse chamado à comunhão com Cristo é o fundamento de nossa missão. Não podemos levar Cristo aos outros se não estivermos com Ele, se não nos alimentarmos de Sua palavra, de Sua presença na oração e na Eucaristia. Como os Doze, somos chamados, antes de tudo, a estar com o Senhor.

O Evangelho também nos revela que, depois de estarem com Ele, os apóstolos são enviados. A missão de pregar e expulsar demônios é um prolongamento da comunhão com Cristo. Eles não agem por si mesmos, mas em nome de Jesus, com a autoridade que Ele lhes dá. Isso nos ensina que nossa missão no mundo só terá fruto se for enraizada na comunhão com o Senhor.

Queridos irmãos e irmãs, esse Evangelho nos desafia a refletir sobre o nosso próprio chamado. Assim como os apóstolos, Jesus nos escolheu. Ele nos chamou pelo nome no nosso batismo e continua a nos chamar, cada dia, a estar com Ele e a levar Sua mensagem ao mundo.

Estamos respondendo a esse chamado? Estamos reservando tempo para estar com Cristo, para ouvir Sua palavra, para crescer na amizade com Ele? Ou estamos tão ocupados com as atividades do dia a dia que esquecemos o essencial?

E mais: estamos vivendo nossa missão no mundo? Como os apóstolos, somos enviados a pregar o Evangelho, não necessariamente com palavras, mas com nosso testemunho de vida, com nossas atitudes de amor, justiça e misericórdia. Estamos sendo sinais vivos de Cristo para os outros?

O chamado de Jesus não é algo distante. Ele continua chamando hoje. E Ele chama a todos, sem exceção. Cada um de nós tem uma missão única no plano de Deus. Não importa quem somos ou o que fizemos; o que importa é que Cristo nos chama porque nos ama e quer que façamos parte de Sua obra.

Que possamos ouvir o chamado de Jesus com o coração aberto, responder com generosidade, estar com Ele em todos os momentos e levar Sua luz ao mundo. Porque, afinal, como o Evangelho nos lembra, fomos chamados “para que ficássemos com Ele.”