Homilia diária da liturgia católica — 5ª-feira, 23/01/25

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Como estamos reconhecendo Jesus em nossa vida? Estamos vendo n’Ele apenas um milagreiro? Homilia diária da liturgia católica — 5ª-feira, 23/01/25

Homilia

Queridos irmãos e irmãs, o Evangelho de hoje nos apresenta uma cena marcante da vida pública de Jesus. Ele está à beira do mar, cercado por multidões vindas de diversas regiões, pessoas atraídas pelo que ouviram sobre Suas curas e milagres. No meio de tanta gente, algo extraordinário acontece: os espíritos maus, ao vê-Lo, caem a Seus pés e gritam: “Tu és o Filho de Deus!”

No entanto, a resposta de Jesus é surpreendente. Ele os repreende severamente, ordenando que não digam quem Ele é. Essa atitude de Jesus nos leva a refletir sobre a profundidade do mistério de Sua identidade e missão. Por que Jesus silenciou aqueles que declaravam uma verdade tão evidente? Vamos explorar o que essa passagem nos revela sobre Cristo e o chamado que ela nos faz hoje.

Os espíritos maus reconhecem a identidade de Jesus imediatamente. Eles sabem quem Ele é: o Filho de Deus, aquele que veio ao mundo para vencer o mal e restaurar a comunhão entre Deus e a humanidade. Essa declaração, dita com medo e desespero, não é uma confissão de fé, mas uma tentativa de desviar o foco. O mal, mesmo diante da verdade, age para semear confusão e desviar a atenção do verdadeiro significado da missão de Jesus.

Jesus, porém, não aceita esse tipo de testemunho. Ele silencia os espíritos porque a revelação de Sua identidade não pode vir de vozes que não estão em comunhão com o plano de Deus. Ele quer que Sua missão seja compreendida à luz do amor, da misericórdia e da cruz, e não como um espetáculo de poder.

Essa atitude de Jesus nos lembra que o reconhecimento de Sua identidade não pode ser algo superficial ou apenas verbal. Ele não quer que as pessoas o sigam por causa de Suas curas ou milagres, mas por entenderem que Ele é o Salvador, o Filho de Deus que veio para oferecer Sua vida por nós.

Por isso, Jesus silencia os espíritos maus. Sua identidade não será plenamente compreendida até o momento de Sua paixão, morte e ressurreição. É na cruz que Ele se revela de forma definitiva como o Messias, não um rei terreno, mas o servo sofredor que redime o mundo.

Essa passagem também nos convida a refletir sobre como reconhecemos Jesus em nossa vida. Muitas vezes, podemos proclamar que Ele é o Filho de Deus com nossas palavras, mas será que essa proclamação se reflete em nossas atitudes? Jesus não busca apenas declarações; Ele quer corações transformados, vidas comprometidas com o Evangelho.

O silêncio que Jesus impõe aos espíritos maus também nos ensina que o testemunho de quem Ele é deve vir de nós, Seus discípulos. Somos chamados a ser as vozes que proclamam a verdade de Cristo, não com gritos ou alardes, mas com a coerência de uma vida vivida no amor, na justiça e na misericórdia.

Hoje, irmãos, somos desafiados a perguntar: como estamos reconhecendo Jesus em nossa vida? Estamos vendo n’Ele apenas um milagreiro, alguém a quem recorremos nos momentos de necessidade, ou O reconhecemos como o Filho de Deus, o Salvador que nos chama a segui-Lo na cruz e na ressurreição?

E mais: estamos proclamando quem Ele é com nossas ações? Ou, como os espíritos maus, reconhecemos a verdade com palavras, mas não com um coração que verdadeiramente se entrega a Ele?

Queridos irmãos e irmãs, que possamos ouvir esse chamado do Evangelho de hoje. Que o nosso testemunho de quem é Jesus seja verdadeiro, profundo e transformador. E que, em nossas palavras e ações, possamos proclamar, não apenas com a boca, mas com a vida: “Tu és o Filho de Deus!”