Homilia diária da liturgia católica — 5ª-feira, 13/02/25

Homilia diária 5ª feira Editor

Acolhei docilmente a Palavra semeada em vós, meus irmãos; ela pode salvar vossas vidas! Homilia diária da liturgia católica — 5ª-feira, 13/02/25

Homilia diária da liturgia católica — 5ª-feira, 13/02/25

Queridos irmãos, hoje nos deparamos com uma cena surpreendente e cheia de emoção: Jesus viaja até a região de Tiro e Sidônia, entra numa casa querendo discrição, mas a fama dEle já corre pelos ventos. Uma mulher estrangeira, aflita pela situação da filha, suplica sua ajuda! Imaginemos o desespero dela, correndo pelos cantos, sem achar resposta. Quem nunca passou por uma angústia dessas?

Pois bem, quando essa mãe encontra Jesus, ela cai aos pés dEle e pede que liberte sua filha. Mas a resposta de Jesus nos abala: “Não está certo tirar o pão dos filhos e jogá-lo aos cachorrinhos.” Nossa! Parece duro demais, não é? Entretanto, há algo misterioso e belo na história. Ela não se ofende ou desiste. Ela insiste. Ela rebate com humildade e ousadia ao mesmo tempo. E o que acontece? Jesus, comovido pela perseverança, diz: “Por causa do que acabas de dizer, podes voltar para casa; o demônio já saiu de tua filha.” Que mudança radical!

Esse gesto ilumina o quanto a fé verdadeira pode romper muros. A mulher é pagã, não faz parte do povo de Israel. Porém, ela se aproxima do Mestre com toda a confiança, mesmo que a lógica dos costumes lhe negasse acesso. Ela não levanta a voz, não xinga, apenas se entrega a uma certeza: Ele é capaz de salvá-la. Por isso, Jesus acolhe essa fé firme e, ao acolhê-la, rompe barreiras de preconceito e de distância.

Em nossa rotina, quantas vezes nos sentimos “fora do alcance” da graça, como cachorrinhos à margem da mesa, olhando os pedaços que caem? Mas esta passagem nos garante: até mesmo as migalhas do amor de Deus são poderosas, capazes de mudar histórias inteiras. E a verdade é que o próprio Jesus não deseja nos dar migalhas; Ele quer nos oferecer o pão completo de sua presença.

Essa cena também toca na questão do silêncio de Deus. Às vezes parece que Ele não responde imediatamente, ou que as portas estão fechadas. Mas, como essa mãe, podemos nos achegar com perseverança. Podemos argumentar com fé, sem orgulho. Podemos gritar com o coração, esperando que Ele realize o impossível. Não se trata de mendigar migalhas, mas de confiar numa abundância infinita.

Lembremos de levar essa coragem ao nosso dia a dia. Nos problemas de família, nas brigas, nas incertezas profissionais ou nos dilemas interiores, sejamos como essa mulher que não esmorece. Se temos vontade de desistir, voltemo-nos a Ele novamente. Insistamos, sem medo! Quem confia no Senhor não acaba de mãos vazias.

Por fim, Jesus nos mostra que não há barreiras étnicas, sociais ou culturais que impeçam a misericórdia divina de tocar quem crê. Ele derruba as fronteiras que nós, humanos, ergueríamos. Convida-nos a olhar cada pessoa com a mesma compaixão. Desse modo, aprendamos com a mulher siro-fenícia: uma fé profunda e persistente abre passagem até onde parecia impossível entrar.

Meu irmão, minha irmã, se algo em sua vida parece sem saída, lembre-se desta cena. Lembre-se de que, mesmo as migalhas de Jesus, podem bastar para a cura. E saiba que Ele deseja dar bem mais que sobras: quer encher nossa vida de plenitude. Que esse Evangelho nos encoraje a buscar a misericórdia do Senhor e a nunca duvidar de seu poder. Amém! E que os corações se abram à verdade que liberta.