Homilia diária da liturgia católica — 3ª-feira, 21/01/25

Homilia diária 3ª feira

Que possamos redescobrir o verdadeiro sentido do dia do Senhor, fazendo dele um tempo de encontro com Deus – Homilia diária da liturgia católica — 3ª-feira, 21/01/25

Homilia

Queridos irmãos e irmãs, o Evangelho de hoje nos apresenta um momento de confronto entre Jesus e os fariseus, um episódio que revela a essência da lei de Deus e nos convida a refletir sobre o verdadeiro sentido da fé. Os discípulos de Jesus, com fome, arrancam espigas de trigo para comer enquanto caminham em um sábado. Esse simples gesto é suficiente para que os fariseus questionem Jesus: “Por que eles fazem o que não é permitido no sábado?”

A resposta de Jesus não apenas esclarece o mal-entendido, mas vai muito além: “O sábado foi feito para o homem, e não o homem para o sábado.” Essas palavras são um convite a redescobrir a finalidade da lei divina e a viver a fé como um caminho de liberdade, não como um fardo.

Na tradição judaica, o sábado era o dia sagrado de descanso, um sinal do pacto entre Deus e Seu povo, uma celebração do repouso de Deus após a criação. Era um dia de alegria, gratidão e comunhão com o Criador. Mas, com o tempo, as interpretações humanas transformaram esse dia em uma carga pesada, cheio de proibições que obscureciam seu verdadeiro propósito.

Os fariseus, ao criticar os discípulos de Jesus, estavam presos a essa visão limitada. Eles viam o sábado como um conjunto de regras rígidas, em vez de um dom de Deus para o bem do ser humano. Jesus, porém, devolve ao sábado seu sentido original: um dia feito para o homem, para sua dignidade, para sua relação com Deus e com o próximo.

Para ilustrar isso, Jesus cita o exemplo de Davi. Em um momento de necessidade, Davi e seus companheiros comeram os pães consagrados, que, segundo a lei, só poderiam ser consumidos pelos sacerdotes. Esse exemplo nos ensina que a lei de Deus não é um fim em si mesma, mas existe para promover a vida, para atender às necessidades humanas, especialmente em situações de fragilidade.

Jesus não rejeita a lei, mas nos lembra que o amor e a misericórdia estão acima dela. A lei deve servir ao homem, e não o homem ser escravizado por ela. E aqui está uma grande lição para nós. Quantas vezes corremos o risco de transformar nossa vivência da fé em um conjunto de regras, esquecendo-nos do amor, que é o coração do Evangelho?

“O sábado foi feito para o homem, e não o homem para o sábado.” Essa frase de Jesus nos convida a refletir sobre a nossa prática religiosa. Estamos vivendo a fé como um caminho de liberdade, alegria e serviço? Ou nos prendemos a formalidades que nos afastam do amor de Deus e do próximo?

O sábado, para nós cristãos, encontra seu cumprimento no dia do Senhor, o domingo. É o dia da ressurreição, da celebração da vida nova em Cristo. Mas como temos vivido esse dia? É um dia de comunhão com Deus, de descanso, de cuidado com a família e com os mais necessitados? Ou o transformamos em mais um dia de trabalho ou de distrações que nos afastam do essencial?

Jesus nos ensina que a verdadeira observância do dia do Senhor não está apenas em rituais, mas em reconhecer que é um dia feito para restaurar a nossa dignidade, para nos reabastecer espiritualmente e para nos aproximar de Deus e dos outros.

Por fim, Jesus afirma: “O Filho do Homem é senhor também do sábado.” Essa declaração revela a autoridade de Jesus sobre a lei. Ele não veio abolir a lei, mas dar-lhe pleno sentido. Ele é o Senhor do tempo, da criação, da nossa vida. Ao reconhecermos Jesus como Senhor, percebemos que todas as nossas práticas religiosas devem apontar para Ele, que é a plenitude da lei e da graça.

Queridos irmãos e irmãs, o Evangelho de hoje nos convida a viver a nossa fé com liberdade e amor. Que possamos redescobrir o verdadeiro sentido do dia do Senhor, fazendo dele um tempo de encontro com Deus, de descanso restaurador e de serviço ao próximo. E que, em tudo o que fizermos, lembremos que o amor é o cumprimento perfeito da lei.