A alegria do Pai por cada ovelha encontrada – Homilia diária da liturgia católica — 3ª-feira, 10/12/24
Homilia diária da liturgia católica — 3ª-feira, 10/12/24
O Evangelho de hoje nos apresenta uma das imagens mais belas e reconfortantes da nossa fé: a do Bom Pastor que não mede esforços para buscar uma ovelha perdida. É uma história que toca profundamente, porque revela o coração de Deus – um coração que ama de maneira única, pessoal e incondicional.
Jesus, com sua sabedoria divina, usa uma parábola simples, mas carregada de significado. Ele nos convida a imaginar um pastor que, ao perceber que uma de suas cem ovelhas se perdeu, deixa as noventa e nove para ir atrás daquela que está em perigo. E, quando a encontra, sua alegria é maior por essa única ovelha do que pelas outras que permaneceram no rebanho.
O amor que vai além da lógica humana
À primeira vista, essa atitude do pastor parece ilógica. Deixar noventa e nove para buscar uma pode parecer um risco, uma imprudência. Mas o amor de Deus não se encaixa nos nossos cálculos humanos. Ele não age com base em números ou lógica; Ele age com base no amor.
Cada ovelha tem um valor único para o pastor. Para Ele, nenhuma é descartável, nenhuma é insignificante. E o mesmo acontece conosco. Deus nos ama como se fôssemos a única criatura no mundo. Ele não nos vê como parte de uma multidão, mas nos conhece pelo nome, conhece nossas fraquezas, nossos medos, nossos pecados – e, mesmo assim, nos ama.
A pergunta que o Evangelho nos deixa é: quem é essa ovelha perdida? Às vezes, somos rápidos em pensar que ela é outra pessoa – alguém distante, um pecador notório, alguém “fora do caminho”. Mas, irmãos, sejamos honestos: todos nós, em algum momento, somos a ovelha perdida.
Quantas vezes nos desviamos do rebanho? Quantas vezes deixamos que o pecado, o orgulho ou a indiferença nos afastem de Deus? Quantas vezes nos sentimos sozinhos, perdidos, sem rumo? E é exatamente nesses momentos que o Bom Pastor nos busca. Ele não espera que encontremos o caminho de volta sozinhos; Ele vem ao nosso encontro.
A alegria do encontro
E quando Ele nos encontra, não há repreensão, não há condenação. Há alegria! “Ficará mais feliz com ela, do que com as noventa e nove que não se perderam”, diz Jesus. Isso não significa que Deus ama menos as outras ovelhas, mas que há uma festa especial quando alguém que estava perdido volta ao redil.
Essa alegria de Deus é algo que nos enche de esperança. Ele não se cansa de nos procurar, não desiste de nós, mesmo quando nos afastamos repetidas vezes. E quando permitimos que Ele nos encontre, há festa no céu, porque o Pai não deseja que nenhum de seus pequeninos se perca.
O Evangelho também nos desafia a sermos pastores uns dos outros. Assim como Deus nos busca quando estamos perdidos, somos chamados a buscar aqueles que se afastaram – não com julgamentos, mas com amor.
Quem em nossa vida é uma “ovelha perdida”? Um amigo, um parente, um colega de trabalho? Será que temos a coragem de deixar o conforto das “noventa e nove” para ir ao encontro daquele que está em perigo, daquele que precisa de um gesto de compaixão, de uma palavra de esperança?
O desejo do Pai
Por fim, Jesus nos lembra que o desejo do Pai é que ninguém se perca. Isso nos revela algo fundamental: a salvação é um dom oferecido a todos. Deus não desiste de ninguém. Ele nos chama constantemente, nos busca incessantemente, porque somos preciosos aos Seus olhos.
Que essa verdade transforme a maneira como vivemos e nos inspire a confiar no amor de Deus, mesmo nos momentos em que nos sentimos mais distantes. Que ela nos mova a sermos instrumentos desse amor para aqueles que ainda não experimentaram a alegria de serem encontrados pelo Bom Pastor.
Hoje, ao refletirmos sobre essa parábola, deixemos ecoar em nossos corações a certeza de que, não importa o quanto nos percamos, o Bom Pastor sempre estará à nossa procura. E quando nos deixarmos encontrar, seremos acolhidos com um abraço que nos lembra: somos amados, somos desejados, somos do Pai. Amém.