Hoje, somos convidados a refletir: como estamos esperando em Deus? Estamos buscando crescer em sabedoria e graça, como Jesus? Homilia diária da liturgia católica — 2ª-feira, 30/12/24
Homilia — 2ª-feira, 30/12/24
Prezados irmãos, o Evangelho de hoje nos apresenta uma figura tão discreta quanto luminosa: Ana, a profetisa. Uma mulher de oração, uma alma perseverante, que nos ensina sobre fidelidade, esperança e o poder transformador de esperar em Deus. É uma passagem curta, mas, como uma chama que ilumina uma sala escura, ela nos revela lições profundas para nossa vida de fé.
Vamos imaginar Ana. Uma mulher de idade avançada, viúva por décadas, que não escolheu a amargura ou a solidão. Ao invés disso, ela fez do Templo sua casa e da oração sua missão. Dia e noite, ela estava ali, servindo a Deus com jejuns e orações. Que exemplo, não é? Enquanto o mundo poderia vê-la como alguém esquecido ou sem relevância, Deus a via como uma profetisa, uma voz que anunciaria a libertação de Jerusalém.
E o que a sustentava? A esperança. Ana sabia que o Messias viria. Mesmo com o passar dos anos, com o silêncio que parecia interminável, ela nunca desistiu. Sua vida é um testemunho de que, quando esperamos em Deus, o tempo não nos consome, mas nos transforma. Ah, irmãos, como precisamos dessa perseverança hoje! Quantas vezes deixamos a impaciência roubar a nossa paz? Ana nos ensina a esperar, não com braços cruzados, mas com mãos levantadas em oração.
O encontro
Então, naquele momento, tudo muda. Ana, que por tanto tempo olhou para o céu em súplica, agora olha para o menino e o reconhece. Ela não vê apenas um bebê nos braços de Maria e José; ela vê o Salvador, a esperança de Israel, a resposta às suas orações.
Imaginem a cena. Ana, com sua fragilidade física, mas uma alma vibrante, começa a louvar a Deus. Ela não contém a alegria, a emoção de ver com seus próprios olhos aquele que foi prometido. E, como uma mensageira incansável, ela fala do menino a todos que esperavam a libertação de Jerusalém. É como se sua voz, que por anos havia sussurrado orações no silêncio do Templo, agora explodisse em júbilo para anunciar que o Messias havia chegado.
Ana nos ensina algo essencial: a vida dedicada a Deus nunca é em vão. Mesmo que o mundo não veja, mesmo que pareça pequena aos olhos humanos, cada oração, cada momento de fidelidade, tem um peso eterno. Ana não foi esquecida por Deus. No tempo certo, ela foi recompensada com o maior presente: ver o Salvador face a face.
E mais, sua alegria não era apenas para si mesma. Ela compartilhou com todos. Irmãos, aqui está outro ensinamento: nossa experiência com Deus não pode ficar guardada. Como Ana, somos chamados a ser profetas, a levar a boa-nova aos que estão à nossa volta, a apontar para Jesus, que é a verdadeira libertação.
A Graça crescente
Por fim, o Evangelho nos leva de volta à família de Jesus, que, depois de cumprir as obrigações da Lei, retorna para Nazaré. Ali, o menino crescia, tornava-se forte, cheio de sabedoria, e a graça de Deus estava com Ele. Vejam, até o Filho de Deus passou pelo processo humano de crescimento. Ele não saltou etapas; cresceu em sabedoria, em força e em graça.
Isso nos lembra que a santidade não é algo instantâneo. É um caminho, uma jornada que começa na infância e se desenvolve ao longo da vida. Assim como Jesus crescia, também somos chamados a crescer. Cada dia é uma oportunidade de nos fortalecermos na fé, de buscarmos sabedoria e de vivermos na graça de Deus.
Estimados irmãos, o exemplo de Ana e do menino Jesus nos desafia a viver uma fé perseverante e uma vida em crescimento constante. Ana nos ensina que a espera em Deus nunca é inútil, e Jesus nos mostra que crescer na graça é um processo que requer paciência e entrega.
Hoje, somos convidados a refletir: como estamos esperando em Deus? Estamos buscando crescer em sabedoria e graça, como Jesus? E, como Ana, estamos compartilhando com os outros a esperança que temos em Cristo?
Que possamos, como Ana, ser perseverantes na oração, cheios de esperança, e fiéis no testemunho. E que, como Jesus, possamos crescer todos os dias na força, na sabedoria e na graça de Deus. Amém!