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Homilia diária da liturgia católica — 2ª-feira, 24/02/25
Homilia — 2ª-feira, 24/02/25
O Evangelho de hoje nos apresenta um encontro poderoso entre Jesus, seus discípulos e um pai desesperado. Vemos aqui uma cena de desespero e confusão. Um menino possesso por um espírito mudo e surdo, sofrendo ataques violentos. Os discípulos tentam expulsá-lo, mas falham. A multidão se aglomera, os mestres da Lei discutem, e a tensão paira no ar.
Quando Jesus chega, tudo muda. A multidão corre para saudá-lo, e Ele, com sua autoridade, pergunta o que está acontecendo. O pai do menino se adianta, expondo sua angústia e sua fé vacilante: “Se podes fazer alguma coisa, tem piedade de nós e ajuda-nos”. E a resposta de Jesus nos confronta até hoje: “Se podes!? Tudo é possível para quem tem fé”.
O pai grita: “Eu tenho fé, mas ajuda a minha falta de fé!”. Aqui está um dos momentos mais humanos das Escrituras. Quem de nós nunca se sentiu assim? Queremos crer, mas também duvidamos. Confiamos, mas temos medo. E Jesus não rejeita essa fé imperfeita. Pelo contrário, é justamente essa fé humilde, que reconhece sua própria fraqueza, que move o coração de Deus.
Jesus ordena ao espírito impuro que saia do menino. O demônio resiste, causa um último tumulto e sai. O menino cai como morto, e o povo pensa que ele morreu. Mas aqui vemos a mão de Cristo, que levanta e restaura a vida. Não é apenas uma cura física, é uma imagem da redenção. Jesus não apenas liberta, Ele restaura completamente.
Os discípulos, intrigados, perguntam: “Por que nós não conseguimos expulsá-lo?”. E Jesus responde com uma lição essencial: “Essa espécie de demônios não pode ser expulsa de nenhum modo, a não ser pela oração”. Aqui, Ele nos ensina que certos desafios espirituais só podem ser vencidos através de uma relação profunda com Deus. Oração não é apenas pedir coisas a Deus, mas estar em Sua presença, abrir nosso coração e deixar que Ele nos transforme.
Vivemos em um mundo onde, muitas vezes, queremos soluções rápidas para os problemas. Mas algumas batalhas exigem persistência, entrega e oração. Quantas vezes tentamos resolver as coisas com nossa própria força, sem antes dobrarmos os joelhos?
E ainda, esse Evangelho nos alerta para a realidade espiritual. O mal existe, e nós precisamos estar preparados. Não com medo, mas com a armadura da oração e da fé. Não podemos lutar sozinhos, mas com Cristo ao nosso lado, somos invencíveis.
Hoje, somos convidados a refletir: temos confiado realmente em Jesus ou ainda carregamos uma fé hesitante? Quando as dificuldades chegam, buscamos soluções humanas ou recorremos à oração e à confiança em Deus?
Que possamos fazer nossa a oração do pai desse menino: “Eu tenho fé, mas ajuda a minha falta de fé!”. E que, na oração, encontremos a força para vencer as batalhas da vida. Amém.